Reunir toda a família para um jantar não é uma tarefa difícil, porque sempre combinamos isso com antecedência. O problema é arrumar lugar pra todo mundo e conseguir sair vivo de um ambiente onde 10 crianças super animadas falando ao mesmo tempo. Pela cara de Florence, a esposa de Kyle, ela está prestes a dar a luz ali mesmo ou talvez só esteja tendo um derrame. Ela está com as mãos envolvidas na barriga enorme de quase 8 meses, enquanto encarava aquelas crianças com uma expressão assustada.
—Nessas horas você repensa bastante a ideia de quatro filhos, não é? —Emma indagou, soltando uma risada quando a careta de Florence se intensificou, antes de ela apontar na direção de Kyle com uma expressão indignada.
—A culpa é do seu irmão. Ele consegue ser bem persuasivo quando quer muito alguma coisa. —Florence exclamou, envolvendo a mão na barriga de novo, antes de puxar o ar com força e ir se sentar no sofá. —Não é como se eu pudesse voltar atrás de qualquer forma.
—E a gente nem voltaria atrás se pudesse. —Kyle afirmou, como se precisasse deixar claro aquilo ali, enquanto deixava um beijo na cabeça de Eliose, sua filha mais nova.
Ela era a cara de Florence, assim como Blake e Nancy, com os mesmos cabelos loiros ondulados. Os dois pareciam ter combinado, porque as tiveram em uma escadinha perfeita de 6, 4 e 2 anos. Mas agora eles esperavam um menino e eu já sentia pena do coitado quando ele fosse mais velho e precisasse lidar com as três.
—Zack mandou mensagem avisando que eles já pegaram as pizzas e estão vindo. —Peter entrou na sala naquele instante, guardando o celular no bolso da calça. Zack tinha saído com nossos pais para comprar pizzas, já que era quase impossível cozinhar pra todos aquelas pessoas, sem transformar a cozinha em um campo de guerra. —Do que vocês estão falando?
—Filhos. —Collin murmurou, erguendo o óculos de grau com o dedo indicador, enquanto franzia a testa ao prestar atenção nos sussurros de Michael e Josh, provavelmente tentando descobrir qual o teor do assunto dos gêmeos, já que eles pareciam muito entretidos. —São tantas crianças que eu nunca sei pra onde olhar.
Aquilo fez todo mundo rir, porque não era mentira. Quando eles decidiam aprontar alguma coisa, era difícil controlar 10 crianças ao mesmo tempo, principalmente quando eles resolviam começar a chorar. Todos ao mesmo tempo. As vezes era meio assustador, pra falar a verdade.
—Tio Caleb. —Olhei pra baixo quando alguém puxou minha calça, me chamando com uma vozinha insegura. Encontrei Enzo me encarando, com uma expressão séria demais para alguém de 11 anos. —Estamos em menor número.
—Em menor número? —Soltei, sem entender o que ele queria dizer.
—É, em menor número. Você é o único que pode nos salvar. —Enzo afirmou, com muita certeza, me fazendo soltar uma risada e me inclinar pra ficar da altura dele.
—Do que você está falando, cara? O tio não está entendendo.
—Meninas. Tem mais meninas. —Exclamou, como se eu estivesse o deixando frustrado. —Tem 5 de nós e 6 delas. Não é justo. Precisamos ser o maior número.
—Esperai, por que vocês precisam ser o maior número? —Emma indagou, fazendo o filho se encolher do meu lado, já que Bia, Florence e Anne olharam pra ele no mesmo instante, com as sobrancelhas erguidas.
—O vovô disse que precisamos ser em maior número pra protege-las. Como a tia Hazel e a tia Hannah vão virar freiras, só o tio Caleb pra resolver a situação. —Esclareceu, olhando pra mim de novo, como se esperasse que eu lhe desse alguma informação sobre aquilo. Mas eu estava mudo, assim como o restante da sala, até Anne explodir em uma gargalhada ao lado de Bia, que estava negando com a cabeça sem parar.
—Quem disse que eu vou virar freira? —Hannah indagou, fazendo Enzo comprimir os lábios e balançar a cabeça negativamente. —Te dou uma barra de chocolate pela informação.
—Foi o vovô. —Enzo deu de ombros, antes de correr até onde as duas irmãs estavam pra contar que havia ganhado chocolate.
—É você quem fica colocando isso na cabeça dele. —Hannah me deu um tapa no braço, me arrancando uma risada, porque aquilo não tinha passado pela minha cabeça, apesar de eu concordar com o meu pai.
—Pelo menos uma pretendente o Caleb já tem. Pena que ela não quer saber dele. —Hazel murmurou, fazendo todo mundo olhar pra mim, enquanto eu olhava pra ela.
—De quem vocês estão falando? —Anne indagou, olhando pro Peter como se ele tivesse esquecido de contar alguma coisa pra ela. Mas meu irmão deu de ombros, sem entender do que estávamos falando. Da história, ele sabia o mesmo que Zack.
—Eu não faço ideia. —Afirmei, o que fez Hazel tirar os olhos do celular e olhar pra mim, se encolhendo como se tivesse falado algo que não deveria. —Foi o Adam, não foi? Vocês dois tem mania de ficar fofocando como duas velhas aposentadas.
—Como assim você não faz ideia e depois pergunta pra ela se foi o Adam? —Hannah cruzou os braços na frente do peito, erguendo o queixo em resignação. —E por que eu sou sempre a última a saber de tudo?
—Não tem nada pra saber. —Rebati, lançando a Hazel um olhar afiado, enquanto ela me lançava um sorriso de desculpas. Mas eu ia esganar Adam com minhas próprias mãos assim que voltasse, porque ninguém deveria saber de nada. Já bastava Zack falando sobre ela. —E vamos parar de falar de filhos. Eu ainda estou na faculdade.
—Mas eu quero saber, mesmo que não seja nada. —Florence murmurou, parecendo muito frustrada. —Estou quase parindo aqui. Não podem deixar uma grávida morrer de curiosidade.
Comprimi meus lábios e neguei com a cabeça, me encolhendo contra a parede. Por sorte, fui salvo pelos meus pais e por Zack, que chegaram trazendo pilhas de caixas de pizza. Mas eu sabia que até o final da noite todo mundo estaria sabendo sobre a existência de Elisa, de uma forma que eu não teria como evitar.
Pelo menos de uma coisa eu tinha certeza. Minha família iria adora-la se a conhecesse. Eles costumavam gostar de qualquer um que tirasse com a cara de algum Carson. Por incrível que pareça, eu tinha a sensação que ela iria gostar de todos eles também, menos de mim, de qualquer forma.
Continua...
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Todos os lances da conquista / Vol. 1
RomantizmCaleb Carson é o rebatedor do time de beisebol da universidade e a promessa do esporte para a próxima temporada. Mas mesmo que o beisebol seja sua paixão e todos lhe digam para segui-lo, seu maior sonho é voltar para Aspen e trabalhar no escritório...