II

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Rodolffo saiu do escritório do Tenente Machado e foi logo para a sala do seu supervisor, o também Tenente Ferreira.

- Eu preciso de mais informações sobre essa chefe do Vidigal. Por favor, isso é importante.

- Vamos começar vendo imagens dela. Aqui está o seu alvo Ribeiro.

- Não é possível. Isso é ridículo.

- Por quê? O quê há de ridículo?

- Essa garota não tem perfil para comandar uma equipe, uma quadrilha... Isso não entra na minha cabeça.

- Se ela fosse um garoto, mesma idade e mesmo porte físico, teria ou não?

- Se fosse homem sim, mas mulher não.

- Está vendo... Está subestimando o seu alvo por que é machista... Cuidado ela é tão perigosa quanto qualquer homem que você vê por aí. Ela tem um exército de marginais ao seu favor e sabe o nosso colega da nona divisão que morreu em missão? Foi essa pequena que matou.

- O Alves? É sério?

- Sério. O Alves entrou no Vidigal e tentou se passar dentro da família dela.

- Como assim?

- O Alves teve um romance com a irmã dela e o objetivo era pegar toda a família, mas como não deu certo, a moça acabou sendo morta por um dos nossos e a história não acaba aí... A garota foi baleada e estava grávida do Alves.

- E a criança morreu também?

- Dizem que não, mas ninguém prova o contrário. Também ninguém sabe onde vive a Chefe com a sua mãe. Mas um ano depois do ocorrido o Alves foi achado daquele jeito que nós sabemos.

- Ela mandou fazer. Com certeza.

- Precisa ser firme com ela, qualquer vacilo seu, a Chefe percebe. Tem que ser convincente.

- Odeio falar com gírias. Tudo nessa missão me causa raiva. No dia certo vocês tem que invadir aquela favela e pegar todos de uma vez só.

- Não tenha pressa. Sua recompensa será alta e valerá a pena.

- Eu descobri ontem que vou ser pai. A Bruna, minha noiva, está grávida e eu só quero curtir isso com ela. Quanto antes acontecer, melhor será para mim.

- Hum. Entendo. Então ao menos não corre o risco de passar pelo mesmo que o Alves passou.

- Claro que não... Eu tenho a cabeça no lugar. Eu já sou um cara adulto e não um moleque, o Alves ainda não tinha 30 anos.

- No vidigal você tem 25 anos, não esqueça.

- Estou lembrando. Há três meses me preparo para essa missão.

...

Horas mais tarde.

Do outro lado da cidade, Juliette guiava sua moto em alta velocidade e acabou por colidir com um carro gol de cor branca.

- Moça, você está bem? - perguntou o homem, mas ela não respondeu.

Voltou para a moto e tornou a guiá-la em alta velocidade. Quando finalmente chegou a seu local de dormida, a mãe a esperava com um abraço aconchegante.

Juliette chorou muito nos braços da mãe, só ela conhecia as suas fragilidades e só para a mãe ela podia abrir o coração.

- Perdemos o Maicon mãe. O Maicon...

Dona Dulce alisou as costas de Juliette e mais uma vez viu a dor nos olhos da filha.

- Ôh minha filha... Não fique assim.

- Mãe eu não tô bem. Mas fingi não ligar. Isso é péssimo. O Maicon merecia algo melhor. Ele não era tão ruim.

- Gostava dele, não era? Não falo como amigo.

- Eu confiava nele e julguei que podia ter algo a mais entre nós, mas não consigo ter ninguém por causa desse inferno que vivo. Só a senhora e a Sophia sobrevivem a isso por que estão longe daquele lugar.

- Filha... Isso também vai passar e te desejo como mãe que você se liberte disso.

- Eu quero comida de mãe e cheirinho da minha neném.

Juliette foi para o banheiro e logo estava entrando no quarto onde dormia Dulce, Sophia e Juliette.

- Titia... - Sophia correu para os braços de Juliette e deram um abraço apertado.

- Oi princesa de tia. Te amo bebê.

Sophia era filha de Júlia, a irmã falecida de Juliette, e a mesma nasceu de seis meses, num parto de emergência enquanto a mãe já estava falecida. É considerada pela medicina uma bebê milagre.

...

Na mira da paixão: impossível escapar Onde histórias criam vida. Descubra agora