XLIV

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Isabela foi se acalmando enquanto Vicente a conduzia para um local de sombra.

- Conta o quê aconteceu?

- Minha mãe me disse coisas muito duras, mas eu não quero repetir as palavras dela.

- Então fica aqui quietinha até essa angústia melhorar.

- Não vamos falar de coisas tristes. Me conte uma história feliz.

Vicente abriu as pernas e no meio delas Isabela sentou-se. Ela colocou a cabeça sobre o peito dele e ele lhe soltou os cabelos negros. Seus dedos ficaram entrelaçados ao dela.

- Não há história mais feliz do que esse momento. Escuta os passarinhos. Eles estão cantando para a gente.

- Gosta desse som.

- Sou encantado por ele.

Isabela virou para Vicente e ele a olhou.

- Mas nada me encanta mais que você.

- Nós somos tão diferentes Vicente.

- Nem tanto assim.

- Mas eu tenho vontade de te beijar.

- Gosta de mim ou só quer me beijar? Por que eu gosto de você e sei que estou apaixonado.

- Não quero sofrer. Eu tenho medo.

- Então não devemos beijar.

- Eu gosto de você. - Isabela disse num sussurro.

Foi nesse momento que Vicente percebeu que seria impossível não beijá-la. Ele segurou na sua nuca e uniu os lábios ao dela. Foi um beijo rápido, mas não menos intenso nas emoções.

Em silêncio ele ficou, mas a abraçou e Isabela se sentiu confusa.

- Não vai me dizer nada? - ela perguntou depois de um tempo.

- Eu não mereço você. É... - Vicente estava emocionado. - O Rodolffo está certo. Ele sempre está.

- Vicente...

- Eu teria sofrido menos na vida se tivesse ouvido o seu irmão e ele acha que nós não devemos ter um relacionamento.

Isabela ouvia atentamente as palavras de Vicente.

- No fundo eu sei que ele não confia em mim plenamente. Mas ele tem os motivos dele. Foi o seu primeiro beijo Isabela e eu sou um agraciado por isso, mas não sou digno de você.

- Pois então vai embora e nunca mais volte. - Isabela disse tentando levantar, mas Vicente segurou o seu braço.

- Mas eu te quero tanto... Isabela estou te amando.

Ela segurou o rosto de Vicente e lhe olhou nos olhos.

- Então fica. - partiu dela a iniciativa de um novo beijo e esse foi mais intenso.

...

Enquanto isso na casa de Antônio.

- Chega Madalena. Acabou. - Antônio tirou a aliança do dedo.

Ela chorava muito.

- Já é bastante. Já não suporto mais. Tentei muito que você mudasse. Fiz o possível e o impossível, mas você não quer um acordo. Para mim não há mais solução.

- Não pode fazer isso comigo.

- Você fez isso com a gente. Matou a nossa relação e a nossa família. Por que maltrata a Isabela se ela só lhe faz o bem?

- Por que ela está agindo errado. Acha que eu não sei que esse homem está aqui por causa dela?

- É por causa dela sim. E daí? Deixa os nossos filhos viverem em paz mulher amargurada.

- Você não vai me deixar.

- Vou procurar um lugar para ir. Eu vou te deixar sim.

- Não vai Antônio. Você não vai.

Antônio saiu a cavalo e meio sem paradeiro. Até buscou Vicente e Isabela, mas não os encontrou.

...

Enquanto isso...

- Já está tarde... Precisamos voltar Vicente. O pai deve estar preocupado.

Vicente deu um beijo no ombro de Isabela.

- Acho que nenhuma loucura que fiz na vida se compara a essa... O Rodolffo vai me matar.

Isabela sorriu enquanto abotoava a camisa de Vicente.

- Não vai... Ele não é doido.

- Você está bem?

- Hum rum... Não vão desconfiar... Ou vão. Já não importa isso agora.

- Aaah... Foi lindo. - ele a abraçou e ela se sentiu acolhida.

- Sim. Foi muito melhor do que eu pensava que seria.

Vicente a ajudou a vestir a blusa e certificou que no corpo dela não havia nada que os entregassem.

- Seja o quê Deus quiser. - ela disse assim que ficaram de pé.

- Não vou mentir para o seu pai.

- Mas não pode dizer tudo que vem a cabeça.

- Eu vou pedir a sua mão ainda hoje.

- Vicente...

- Não vou te perder... Não mesmo.

Isabela e Vicente voltaram para casa encontrando ali uma cena jamais imaginada.

- Ai... Meu Deus do céu. - ela gritou apavorada.

...

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