VIX

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Antes que o dia nascesse Juliette vestiu-se e tinha que ir embora. Dessa vez Rodolffo teve dificuldade em deixá-la ir.

- Eu volto no mesmo horário hoje... - ela disse quando os lábios se desgrudaram.

- Eu não sou mais um moleque e não deveria ter essas aventuras, mas estou perdendo o juízo por você. - disse enquanto segurava no queixo de Juliette.

- Eu sei que está apaixonado por mim. - ela disse sorridente e Rodolffo sentiu o peso da sua ingenuidade.

Ganhar a sua confiança era tão fácil que ele fez o esforço mínimo, mas isso não lhe deixava contente e nem tão pouco orgulhoso. Juliette era no fundo uma garota sonhadora que buscava nele um salvador e ele era na verdade o seu carrasco.

- Cuidado nesses becos. O inimigo está onde menos se espera.

- Eu sei me cuidar e tu se cuida também Piruca.

- Tá bem Chefe.

Rodolffo a beijou novamente e nesse beijo profundo Juliette saiu dali com o coração a galope. Depois caminhou até a sua moto e perdeu-se na escuridão da madrugada.

Quando se viu sozinho, Rodolffo olhou as horas e sabia que o pai já estava acordado. Resolveu ligar para ele, mesmo que nunca o fizesse quando estava numa missão.

- Pai, sou eu. Sua benção?

- Oi filho. Cê tá bom? Me ligando essa hora... O quê houve?

- O senhor tá onde? A mãe tá perto?

- Estou na cozinha passando café. A mãe tá dormindo e a sua irmã também. Mas você está bem?

- Não tô bem, mas estou vivo.

- Meu Deus do céu. O quê aconteceu filho? Foi um tiro?

- Estou aqui a um pouco mais que três meses e tudo ia bem demais, mas eu fui um moleque e não controlei meus instintos de homem... Me envolvi com uma mulher que eu não deveria.

- Já não bastou a Bruna? Ôh meu Deus você não aprende. É um erro atrás do outro.

- Ela é diferente da Bruna. Eu juro. Mas as coisas entre nós são muito intensas.

- Eu até imagino como seja...

- Não bonito eu dizer isso, mas preciso falar com alguém e não existe ninguém como o senhor pra mim... Me ouça sem me julgar pai.

- Ixe... Vem coisa grande aí.

Rodolffo não falou que Juliette era dona do tráfico, mas falou de todo o resto e seu pai deu o parecer.

- Ela não tem juízo e você também não. Mas isso é normal hoje em dia. Ninguém liga mais para essas coisas.

- Pai, eu ligo e o senhor sabe.

- Eu sei que você liga, mas precisa ter maturidade para não ligar.

- Não tenho. Sinto que preciso estar com ela, não consigo dizer "não" ou fingir que não foi nada.

- Rodolffo esteja preparado para o fim, até por que a diferença de idade fala muito com o tempo.

- Dessa vez eu quero ser abandonado por que não sou sincero com ela, então a deixarei ir...

- Já está apaixonado que eu sei. Ôh meu filho que Deus te dê juízo e paz nessa vida. Meu coração de pai fica muito aflito, mas eu confio em você.

- Agora eu vou desligar. Te amo muito pai.

- O pai também te ama.

Rodolffo levantou logo em seguida e foi começar suas tarefas diárias. No caminho encontrou o cobra que te olhou com ira, mas ele simplesmente ignorou.

...

Enquanto isso no apartamento de Juliette.

- A senhora não deveria ter ligado para o cobra perguntando de mim. Nem deveria ter o número daquele homem.

- Juliette eu exijo que me diga onde esteve e com quem esteve. Você não estava no Vidigal.

- Estava sim mãe. Agora dá a chave da minha moto.

- Diga com quem...

- Eu não estava usando drogas ou matando alguém... Isso é suficiente.

- Filha... Fale agora. Senão eu nunca mais entrego essa chave.

- Eu estava na quitinete do meu homem. Dormi com ele.

Dulce ficou parada olhando para Juliette.

- Quem é? E desde quando isso acontece?

- Desde o baile. E eu estou apaixonada. Não me recrimine.

- Juliette mais e o Cobra?

- Não existe nada, nunca existiu e a senhora sabe que eu era virgem.

- Então quer dizer que...

- Sim. E eu me sinto mais forte depois disso. Ele é maravilhoso. É o homem que eu quero ter para sempre. Juntos somos um e somos indestrutíveis.

Dulce percebeu o quanto a filha estava apaixonada e isso trouxe lembranças de sua outra menina que se perdeu por um amor.

...

Na mira da paixão: impossível escapar Onde histórias criam vida. Descubra agora