XXI

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- Rodolffo eu estou esperando um bebê. E como você sabe não trabalho... Se tu não trabalhar, como será nossa vida?

Rodolffo olhou com estranhamento para aquele questionamento de Juliette. Largar a polícia era uma decisão muito bem planejada da parte dele, não era uma ação por impulso.

- Está duvidando da minha capacidade de sustentar a minha família? - ele disse sentindo alguma mágoa.

- Não é isso. Mas eu sempre fui sustentada pelo tráfico. Agora estou literalmente sem um vintém. E se você também não tiver um dinheiro, como vamos sobreviver?

- Juliette não fale assim. Parece que está querendo me dizer que o dinheiro do tráfico te faz falta.

- Eu nunca soube o quê é ter contas para pagar. Então eu não posso dizer que não me fará falta o antigo estilo de vida por que me fará sim.

Isso deixou extremamente contrariado. Rodolffo sempre foi um sujeito honesto e muito batalhador, tudo que possui em bens está totalmente relacionado ao seu trabalho, nunca a atividades ilícitas. Juliette e ele vinham de universos opostos.

- Espero que a vida que eu posso te ofertar te faça feliz por que trabalho muito, tenho sim alguma estabilidade e algum recurso financeiro porém não sou rico. Não adianta eu te dizer que posso te encher de ouro por que eu não posso.

Juliette ficou em silêncio e tomou a iniciativa de um abraço. Rodolffo a envolveu e lhe beijou os cabelos. Ela logo pediu um beijo e eles trocaram um contato apaixonado.

Depois ela acomodou-se com Rodolffo na cama e juntos ficaram de namoro. Juliette queria mais daquele contato, mas ele não queria avançar.

- Tudo entre nós foi rápido e intenso demais, e isso não significa que seja ruim, mas momentos como esses agora também são bons.

- Eu sei que você está cansado...

- Eu estou exausto. Foi árdua demais essa operação e muito arriscada também. Perdemos homens Juliette.

- E eu sei que meu pai não ficará muito tempo preso. Ele nunca fica.

- Esperamos que dessa vez seja diferente.

- Eu pedi a minha mãe que fosse embora e levou minha sobrinha junto. Mas eu também gostaria de fugir...

- Não precisa ter medo. Agora tem a mim.

- Rodolffo você não sabe quem é o meu pai, ou melhor você imagina como ele seja, mas não sabe totalmente a sua natureza. Uma pessoa que forjou a própria morte não vale nada.

- Ele não virá atrás de você.

- Eu sou sangue dele e se ele fugir com certeza vai perseguir a mim e a minha mãe.

- Vou saber do Vicente se posso te levar ao interior do estado.

- Interior?

- Quero te levar para a casa dos meus pais por um tempo. Quero que eles te conheçam e eu posso me recuperar totalmente lá. Eles tem uma chácara linda. Assim contamos a novidade do bebê.

- Será que seus pais vão gostar de mim? No mínimo eles podem reagir mal com a sua saída da polícia e no máximo podem me odiar por isso. - ela disse temerosa.

- Eles são pessoas compreensivas. Te acolherão como filha. Meu pai e minha mãe sempre torceram pela minha felicidade.

Juliette sabia que poderia encontrar muitas pedras no caminho. A jornada ao lado de Rodolffo estava apenas começando e os desafios seriam muitos. E algo no seu coração gritava de medo da família de Rodolffo.

...

Enquanto isso na chácara dos pais de Rodolffo.

- Ôh meu filho seja bem-vindo. - disse Madalena a Vicente.

- É um prazer ter você aqui depois de tanto tempo. - disse Antônio apertando a mão de Vicente.

- Eu tive medo de errar o caminho, mas não poderia deixar de vir. Por amizade a vocês e pelo meu irmão, estou aqui.

Madalena e Antônio estavam sozinhos em casa. Sua filha tinha ido na mercearia mais próxima e então eles ouviam o quê Vicente tinha a dizer.

- Filha do maior traficante do Vidigal. Essa é a mulher que Rodolffo ama.

Antônio respirou profundamente. Madalena já sentiu palpitações.

- Rodolffo nunca mexeu com gente errada. Meu filho é íntegro Vicente.

- Exatamente. Essa mulher não presta e está enganando aquele pobre com uma gravidez.

- Meu Deus do céu. Ela tá grávida? - disse Madalena afobada.

- Diz que tá, mas isso pode ser de qualquer um. Ela é uma bandida. Rodolffo está enfeitiçado.

- Meu filho é um homem sonhador. - disse Antônio com pesar. - Qualquer migalha contenta ele e o seu histórico de relacionamento já diz que não estou mentindo. Mas não temos o quê fazer...

- Temos sim. - saltou Madalena. - Meu filho não fica com essa pilantra. Eu não vou deixar.

- Madalena...- Antônio repreendeu.

- Vocês são pais e sabem o quê fazem.

- Não estamos aqui falando de um adolescente de 15 anos Vicente. Rodolffo tem 35 anos de idade, eu posso lhe dá conselhos, mas mandar nele é impossível.

- A mulher só tem 22 anos, acha isso normal? Quando viu ele namorar alguém tão jovem?

- Nunca vi, mas a idade não importa. O quê me preocupa é o pai dessa mulher. Isso é muito perigoso. Não sei mas espero que ele me ligue para conversar. Muito obrigado Vicente.

Antes que Vicente se fosse, chegou Isabela e ele ficou encantado com a formosura da moça.

- Isabela está muito diferente. Meu Deus como mudou. - confessou a Antônio.

Antônio era um homem sábio e não perdeu a oportunidade.

- Que idade já tem Vicente?

- Eu sou mais novo que Rodolffo uns meses.  Mas faço 35 anos ainda esse ano.

- Isabela tem apenas 20 anos e mesmo com esses 15 anos de diferença se encantou por ela que eu sei, minha filha realmente é belíssima.

- Me desculpa. Eu só quis elogiar, não houve maldade.

- Não pode julgar Rodolffo por gostar de alguém mais nova que ele e nem lhe apontar o dedo com base no histórico familiar da moça por que já se meteu em muitas enrascadas e meu filho te ajudou.

- Seu Antônio...

- Escute... Eu não tenho coragem de desprezar o meu único filho e nem tenho coragem de desprezar a mulher que ele escolheu. Madalena está com muita raiva, mas estou tentando acalmar os ânimos dela. Só me diga, o pai dela realmente está preso?

- Sim. Está. Ela vai responder em liberdade por que com o pai vivo os crimes são todos para ele.

- Tudo bem. Realmente não gostaria de ficar e jantar conosco?

Vicente reavaliou o convite e aceitou. Durante todo o tempo que esteve ali, ficava olhando Isabela que se sentia tímida com seus olhares.

...



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