XXXI

63 15 22
                                    

Fazia uma semana desde o último contato que Rodolffo e Juliette tiveram, mas ele sempre a via, mesmo que não se aproximasse.

Os dias estavam cada dia mais duros e dormir no chão não estava sendo nada se comparado a todo o resto que ele sentia.

Depois do café da manhã, ele foi encontrar Vicente que dizia ter novidades.

- Que aconteceu com você?

- Vicente... Por favor.

- Você está todo torto, o quê foi isso?

- As minhas costas estão me matando por isso estou assim.

Vicente olhou bem para Rodolffo e fez a triste pergunta:

- Por acaso você e a Juliette não são mais um casal?

- Estamos vivendo separados, mas é uma questão de tempo até as coisas se ajeitarem.

- Meu amigo... Que defeito tão grande você tem que todas as mulheres te deixam ou te traem?

- É... Eu tenho um defeito muito grande.

- Até a Juliette te deixar parece brincadeira... - Vicente disse ironizando.

- Eu a magoei e estou pagando um alto preço por isso. Mas o quê vim fazer hoje aqui? Você me chamou dizendo ter novidades.

- Amanhã precisa avisar a Juliette que ela será ouvida novamente, e precisa dizer que ela coopere com as autoridades, isso é um grande passo para a liberdade completa dela.

- Cooperar como?

- Exatamente?

- Quero saber o quê querem dela. Juliette está grávida e esses interrogatórios são muito violentos.

- Querem que ela forneça possíveis paradeiros do pai.

- Não... Eu acho melhor não. Você sabe o quê acontece se pegaram ela?

- Rodolffo é uma chance de vê-la livre de toda e qualquer acusação.

- Ela já deveria ser livre.

- Tem processos de associação ao crime organizado e tráfico de drogas contra ela, não é tão simples assim. Ela está livre por que é réu primária e por que o pai afirmou que ela não é culpada.

- Que horas de amanhã?

- Começa às 10 horas. Mas não se preocupe, vou estar com ela a todo instante.

- Vou avisá-la.

Rodolffo saiu do encontro com Vicente e logo retornou ao seu condomínio.

- Juliette saiu hoje? - perguntou ao porteiro.

- Brevemente. Foi fazer umas compras no mercado ao lado e deixou isso aqui para o senhor.

- Ela já voltou? - Disse Rodolffo segurando a chave extra do seu apartamento e também um bilhete:

"Assim que puder, venha me ver. Precisamos conversar.

Rodolffo foi depressa e logo estava de frente a Juliette. Seus lábios deram um lindo sorriso ao vê-la tão bonita em um vestido justo que desenhava sua barriguinha bem redonda.

- Oi meu amor... Como você está?

Juliette estava séria e baixou o olhar, evitando encarar o homem por quem ela tinha muitos sentimentos.

- Estamos bem e eu te chamei aqui hoje por que é importante.

- O quê aconteceu?

- Eu refleti sobre nós e tomei uma decisão. - Rodolffo viu ela retirar o anel que ele havia lhe dado do dedo e caminhar até ele para lhe entregar. - Nós vamos ter sempre um vínculo, mas não somos mais um casal.

- Juliette... E os nossos sentimentos?

- Somos adultos e sabemos que tudo na vida passa. Não devemos mais insistir em ser um casal por que não somos bem sucedidos como um.

- Eu amo você e sei que também sente amor por mim.

- Sim, mas não vai dá certo como eu achei que daria. - Juliette fez uma pausa e olhou para Rodolffo que estava com os olhos cheios de lágrimas. - Não sou mais sua mulher, mas eu quero que participe da vida do nosso filho ou filha. Hoje tenho ultrassonografia e vou descobrir o sexo do bebê, se puder ir comigo.

- É claro que eu posso, mas estou arrasado com a sua decisão.

- Você merece alguém melhor que eu Rodolffo. Uma mulher mais madura, que seja mais independente e instruída.

- Não. Eu quero você. A mulher que eu desejo é só você, mas não vou te obrigar a nada. Tudo permanece igual. Fica nesse apartamento e eu no do lado, eu arco com tudo que precisar...

- Depois que o bebê nascer vou dá o meu jeito de conseguir dinheiro... Não se preocupe.

- Que jeito? - ele a olhou fixamente. - Não cogite voltar ao vidigal, muito menos com meu filho no colo.

- Está vendo por que nunca daríamos certo? Você não respeita a minha origem e me acusa sem eu ter feito nada. A bandida e o PM, que história de amor sem lógica.

- Não é uma bandida.

- Você diz mas não acredita nas suas próprias palavras. Pelo o nosso filho seremos amigos e nada mais.

- Amigo? Não vou ser falso, eu sou louco por você. Ao te ver eu só tenho vontade de te beijar, te cobrir de carinhos e fazer amor... Ôh Juliette, não faz isso com a gente.

- Você disse que eu não podia ser tão intensa, estou aprendendo a me virar sozinha.

Rodolffo caminhou até ela e ficou muito próximo.

- Não quero ser apenas um acompanhante, um amigo, um pai de fim de semana... Eu sei que errei, mas essa sua decisão não é baseada no meu erro.

- Realmente não é... Simplesmente é o melhor para nós dois e esse bebê.

- Amanhã você tem um interrogatório importante e eu quero te dá apoio.

Juliette ficou assustada.

- O quê vão me perguntar?

- Paradeiros do seu pai. Vão te forçar a falar e isso é muito perigoso. Tanto pela agitação no momento do interrogatório quanto no pós. Seu pai tem pessoas infiltradas na polícia, se você falar, ele vai te caçar.

- E se eu não falar?

- Podem te prender.

Juliette ficou com medo e como num gesto instintivo abraçou Rodolffo. Ele envolveu os braços na sua cintura e respirou o seu cheiro.

- Calma... Nada de mal vai acontecer.

Ela se afastou um pouco dele e o surpreendeu com um beijo apaixonado. Ao todo tiveram uma sequência de quatro beijos, mas quando as coisas estavam muito quentes, Juliette o limitou.

- Não se aproveite da minha fragilidade.

- Mas foi você quem me beijou...

- Por que eu estou carente, mas ficamos aqui e a minha decisão não mudou. Nos vemos as 14 horas, pode ser?

- Sim. Eu estarei pronto.

Rodolffo saiu sorridente por que sabia que Juliette estava movida por orgulho e de alguma forma estava se vingando dele, mas era apenas questão de tempo para eles se acertarem totalmente.

...

Na mira da paixão: impossível escapar Onde histórias criam vida. Descubra agora