Isabela estava triste e logo pensou que ligar para o irmão lhe contando tudo que sabia era a melhor opção, então ligou e no segundo toque um sonoro "alô" a deixou alarmada.
- Isabela, sou eu. É o Vicente. Estou com o celular do Rodolffo.
- Cadê o meu irmão?
- Está tudo bem com você e com seus pais?
- Sim. Cadê o mano?
Vicente disse de forma sutil o quê se passava, mas Isabela ainda ficou muito alarmada.
- Vicente onde você está agora?
- Precisamente estou vestido com um colete a prova de balas e estou no cerco do barracão onde o fumaça mantém a família refém.
- Meu Deus. Vicente... Cuida da Juliette por favor.
- Estou aqui para isso. Tudo vai ficar bem Isabela.
- Se cuida. Não vai tomar um tiro.
- Tem certeza?
- De quê?
- Que não quer que eu tome um tiro?
- Vicente... Isso não é horas para gracinhas.
- Ainda penso em ti todos os dias e sei que não tenho chances, mas pensar não é pecado.
- Pois de agora em diante pense em salvar a minha cunhada. Esqueça todo o resto.
- Ligue para mim mais tarde e te dou notícias.
- Eu não tenho o seu número.
- É o (21) 8782-5333. - ele repetiu novamente e ouviu Isabela teclar no aparelho. Até mais tarde Bela.
A ligação foi desligada e Isabela ficou chorando até que seu pai veio se aproximando dela.
- Por que chora filha?
Ela contou tudo sem demora.
- Vicente está lá no cerco. Mas será que ele vai ajudar a Juliette?
- Creio que sim. Vicente não é mal, mas é um homem sem um propósito na vida. Vai onde o vento leva. Porém ele estima muito o seu irmão, disso não tenho dúvidas.
- Pai acredita que ele fica brincando de me paquerar?
Antônio sorriu e Isabela franziu a testa.
- Não ria pai. O senhor vai ter que conversar seriamente com ele.
- E você já não lhe disse um monte naquela noite que dormiu aqui? Inclusive que não quer ser amiga dele e tudo mais.
- O senhor ouviu a nossa conversa?
- Ouvi tudo Isabela e até confesso que não me choquei com o assunto. Vicente é bem besta para ser sincero. Você pisou nele bonito.
Isabela estava incrédula e não esperava isso do pai.
- Não fiz por mal. Mas eu preciso proteger a minha filha.
Isabela encostou a cabeça na árvore e olhou para o pai.
- O quê passas na sua cabeça?
- O Vicente nem é feio, mas nós temos uma diferença de idade considerável. Ele também não me parece nenhum pouco responsável. Ele é fumante e eu não gosto de cigarros. Ele fez faculdade e eu não fiz.
- Eu não sei o quê te dizer diante disso.
- Ele disse que pensa em mim, mas eu acho que é mentira.
- Tirando todos os pontos negativos, o quê sente?
- Sinto raiva dele. Por que ele veio aqui infernizar a vida da gente e por causa dele a mãe odeia a Juliette.
- Não é a verdade. Sua mãe não odeia a Juliette por causa do Vicente e por causa do tráfico ou do pai dela. Existe uma frustração maior envolvida. Rodolffo sempre foi a pessoa perfeita da sua mãe e esse relacionamento tira a perfeição dele, isso a deixa extremamente revoltada.
- O Rodolffo não deixou de ser bom por causa da Juliette.
- Claro que não. Mas ele quebrou o padrão que sua mãe desenhou para ele. É só isso, ninguém é culpado. A culpada nisso tudo é ela. Eu amo meu filho e também adoro a minha nora, por mim não há nenhum empecilho. E se você quiser namorar o Vicente, também não me oponho desde que ele não brinque contigo.
- Pai, eu acho que namorar não é bem a intenção do Vicente.
- Pois se não é, desaprovo a vinda dele aqui. E olhe que eu mesmo o convidei.
- Pai... O senhor não fez isso...
- Fiz sim. - ele deu um abraço em Isabela. - Também quero ver você feliz.
- Mas o Vicente não me faz feliz.
- Não exatamente. Mas te faz sorrir com aquelas conversas dele e isso é bom, ou não é?
- O senhor nem existe pai. Eu te amo.
- Também amo a ti e ao teu irmão. Vocês são as minhas pessoas no mundo e mesmo que em vocês não tenham o meu sangue, saiba que eu daria até a minha última gota por vocês.
...
Cerco ao Fumaça e seu bando.
- Fique sempre atrás de nós doutor Vicente. - explicava Almeida, um sargento da operação.
- Por que atrás? Eu quero estar a frente como Rodolffo estaria.
- O seu amigo é um a gente treinado e o senhor não. Se quer ficar aqui por favor contenha-se.
Vicente ficou revoltado, mas acabou por aceitar provisoriamente.
O enfrentamento começou a todo vapor e a bala zunia no ar. Vicente conseguiu sair de onde estava e foi caminhando cautelosamente até o barracão.
Os policiais viram a sua movimentação e fizeram sinal para que ele voltasse.
- Volta maluco. - Almeida gritou.
Mas Vicente nem deu ouvidos.
Ora rastejou no chão, outra caiu na mata, mas não desistiu e num momento de distração, acertou a cabeça de um capanga com um pedaço de madeira, conseguindo chegar onde estava Juliette, Dulce e Sophia.
- Vicente! - Juliette assustou. - O quê faz aqui?
- Vim ajudar vocês. Estão cercados, daqui a pouco terão que se render. Vamos sair daqui antes que façam vocês de refém.
- Vicente estamos ouvindo os tiros. Isso é perigoso. O Rodolffo está lá fora, não está?
- Depois falamos do Rodolffo... Agora vamos.
As três iam na frente. Vicente atrás. Eram passos cautelosos e quando estavam dentro da mata ouviram tiros no barracão.
- Mais depressa. - disse Vicente.
Os quatros viviam momentos de tensão. E Vicente olhou para o horizonte e disse:
- Olha no que me meti por tua causa Rodolffo. Ser teu cunhado será o mínimo que irá fazer por mim.
- Como é? - Juliette ouviu o quê Vicente disse e sorriu.
- Nada demais. As vezes falo sozinho.
- Sim, mas eu ouvi.
Vicente ajudou as três saírem do perigo sãs e salvas, as levando diretamente para o sargento Almeida.
- Bom trabalho doutor. O senhor é bem astuto.
Enquanto isso o tiroteio ainda persistia e nesse momento o Cobra era fatalmente atingido com um tiro na cabeça.
...
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Na mira da paixão: impossível escapar
FanfictionDois mundos. Um homem e uma mulher envolvidos em um plano onde o único objetivo é prender bandidos perigosos. Um policial renomado e uma filha do tráfico, o quê pode acontecer?