XXXVI

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Vicente mexeu em Rodolffo e ele despertou gemendo.

- Calma cara... Eu vou te ajudar...

- A Ju... Ju...

- Primeiro você precisa se cuidar.

- Levaram elas... - Rodolffo disse com a voz fraca e com lágrimas nos olhos.

- Desgraçados de merda! - Vicente disse com raiva e conseguiu movimentar Rodolffo.

Depois pegou o celular e começou alguns telefonemas. Rodolffo ouviu coisas soltas. "Preciso de uma ambulância." "Minha cliente foi sequestrada pelo bandido do pai, exijo buscas imediatas."

Logo chegou uma equipe de saúde e levou Rodolffo junto com Vicente ao hospital.

...

Enquanto isso, numa estrada deserta, Juliette que estava amarrada e amordaçada ouvia os maiores despautérios de cobra.

- Hum... Então é verdade o bagulho da gravidez. Tu já tá redonda... - ele tentou tocar na barriga de Juliette.

Ela gemia e chorava.

- Por que não eu cara? Esse guri podia bem ser meu.  Ah... mulher ingrata! Sempre fui tudo que pediu e me faz isso.

O carro freou bruscamente.

- Mas agora nós poderemos quem sabe recomeçar. O fumaça vai te levar daqui e a gente pode se acertar. Não vou ficar bolado por esse bebê, eu me amarro em crianças.

Juliette fazia preces mentais e pedia proteção divina para sua bebê. Sua maior preocupação era realmente não colocar a vida da filha em risco.

Desceu do carro aos empurrões de cobra e logo viu sua mãe, como também sua sobrinha. Cobra a liberou das amarras e ela correu ao encontro delas. As três se abraçaram emocionadamente.

- Ôh filha. Já está tão grande a sua barriga.

- É uma menininha mãe. Eu vou ter uma menina fruto do meu amor pelo Rodolffo.

Elas choravam e logo foram chamadas a atenção.

- Viva! Viva! Minha família vive e eu também.

A mãe de Juliette se pôs na frente dela e também escondeu sua neta.

- Mate-me se quiser homem terrível, mas não ouse tocar na minha filha e nem na minha neta.

Fumaça sorriu.

- Homem terrível? Hum... Quando ainda vivíamos sobre o mesmo teto não era isso que você me dizia quando a gente fodia.

- Não diga isso frente a sua filha e a sua neta.

- A sua filha tão estimada não é nenhuma inocente. Olhe o tamanho da barriga dela. Acha que essa criança foi feita com o dedo?

Juliette se pôs frente ao pai.

- Não foi pai... Foi feita com amor por mim e pelo o homem que eu amo. O senhor não tem o direito de fazer o quê está fazendo.

- E aquele desgraçado tem o direito de entrar na minha casa e bagunçar tudo que eu construi com muito esforço? Ah não Juliette... Ele não tem. Por mim ele pode morrer, mas acho que ainda não é suficiente para me vingar daquele infeliz.

- Deixe o Rodolffo em paz.

- Você também vai deixá-lo. Todos nós vamos viajar para longe.

- Como?

- A Columbia é o nosso destino.

Todas ficaram alarmadas.

- Daqui a três horas, um avião nos buscará e a nossa família voltará a ser uma unidade de novo.

Juliette abraçou a mãe e ela lhe disse baixinho:

- Não se agite tanto. Lembre da sua bebê. Precisa ser forte por ela.

Com as mãos sobre a barriga, Juliette disse:

- Mamãe está triste agora, mas tudo vai ficar bem e eu espero que o seu papai também esteja bem.

...

No hospital.

- Qual é o diagnóstico dele? - Vicente perguntou ao médico que cuidava de Rodolffo.

- Ele está estável e não corre risco de vida, porém achei melhor usar uma sedação. Ele fraturou três costelas e também dois dedos da mão direita. Seu amigo estava gemendo e chorando chamando pela mulher e a filha.

Vicente levou as mãos até o cabelo.

- A mulher dele foi sequestrada e ela está grávida. Que situação meu Deus. Eu gostaria de vê-lo.

- Ele está adormecido.

- Mesmo assim, eu preciso estar junto dele.

O médico liberou a entrada de Vicente e ele segurou na mão saudável de Rodolffo que tinha os olhos cerrados.

- Meu irmão... Eu vou buscar as suas meninas. Te juro! A polícia está na cola do Fumaça. Aquele desgraçado. Estou indo com o delegado responsável para o local que provavelmente a Juliette esteja. Fica bem enquanto a gente volta. - Vicente estava emocionado. - Você já fez tanto por mim lá atrás, hoje eu faço por ti e pela sua família. Irmão... Você não tem o mesmo sangue que eu, mas te amo como a um pai e ao um irmão.

Vicente logo deixou Rodolffo e foi se juntar a equipe policial. Nunca em toda a vida tinha participado de nenhuma operação, mas dessa vez deixaria o medo para trás.

Chegando lá lhe foi informado todos os riscos.

- Estou plenamente consciente e eu preciso fazer isso pelo meu irmão.

- Então vamos. - disse o sargento Gomes. - Hoje vamos pegar aquele desgraçado de jeito e temos ordens para no caso de resistência investir fogo.

- Há uma mulher grávida no meio disso tudo. Não esqueça por favor.

- Ela está mesmo com o Ribeiro?

- Sim. Eles são um casal e ela espera uma bebê dele.

- Ribeiro é um grande militar e também um homem honrado. Essa filha do Fumaça deve ser do bem de alguma forma por que se não fosse com certeza eles não estariam juntos.

- Ela é uma vítima de um pai manipulador e cruel.

A operação já acontecia e Gomes junto de dois homens e Vicente eram os últimos a sair para o local.

...

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