XLIII

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- Isabela... - ele viu ela fechar a porta cautelosamente e logo foi caminhando na sua direção.

Frente um ao outro eles se olharam e de seguida Vicente sorriu e Isabela baixou o olhar.

- Não faça assim. Vou pensar que não sou bem-vindo.

Isabela o olhou novamente e dessa vez o olhar não desviou do de Vicente.

- Esses seus olhos são tão lindos. Você é tão especial Isabela.

Com movimentos lentos, Vicente segurou uma das mãos de Isabela e com a outra ele fez um carinho na sua bochecha.

- Vicente... - Isabela disse baixo.

- Diga... Pode falar o quê quiser.

- Obrigada por ter vindo.

- Tinha dúvidas que eu viria? Por mim  já tinha vindo antes, mas julguei que ainda não era o momento.

- Eu preciso voltar para o quarto, a minha mãe pode acordar.

Vicente se aproximou mais de Isabela e lhe deu um beijo na testa.

- Eu estou sonhando com você... E nem preciso dormir para isso.

Isabela foi fechando os olhos e a respiração ficou lenta. Ele sabia exatamente o quê deveria ser feito, mas também estava temeroso. Então ele não ousou lhe beijar na boca, mas lhe beijou na bochecha.

- É melhor que volte antes que sua mãe desperte e insinue coisas que não aconteceram. Amanhã podemos conversar mais um pouco.

- Sim. - Isabela disse num sorriso e saiu em seguida.

Vicente ficou imaginando tantas coisas. Como seria o beijo. A emoção que sentiria. A maciez dos lábios. E o gosto do primeiro beijo com sentimentos tão fortes envolvidos.

- Vamos com calma... Sempre é no tempo dela e nunca no meu. Eu tenho que merecer esse beijo primeiro. - assim ele disse e tentou dormir.

...

No dia seguinte.

Rio de Janeiro. Apartamento de Rodolffo e Juliette.

- O pai disse que o Vicente chegava ontem lá no sítio.

- Rodolffo não estamos falando de crianças.

- Não. Mas o Vicente é um homem vivido e a minha irmã não.

- E o quê isso tem a ver? Eu também não era uma mulher vivida e nem por isso você deixou de ficar comigo.

- Não é isso que eu estou falando Juliette. O Vicente pode deixar a Isabela. Sei lá o quê passa na cabeça daquele maluco.

- Você não confia nele?

- Não se trata de confiança...

- É sobre confiança sim. Você acha que ele não tem caráter.

Rodolffo então confessou a história dolorida que tinha com Vicente e ela só ouviu.

- Ele pode voltar a ser o quê foi um dia. Não acho que ele use drogas ou se envolva com coisas erradas hoje, mas e amanhã?

- Amanhã ele pode estar casado com a sua irmã. Eu achei bonito que no meio do nosso perrengue ele lembrou que vocês poderiam ser cunhados. Foi engraçado.

- É sério?

- É... "Olha no que me meti por tua causa Rodolffo. Ser teu cunhado será o mínimo que irá fazer por mim" - ele disse isso.

Rodolffo sorriu e Juliette também. Ela aproveitou e lhe deu um beijo.

- É uma pena que eu ainda não estou conseguindo fazer movimentos bruscos. Mas quando eu melhorar, vamos fazer um amorzinho gostoso.

Juliette sorriu.

- Não vejo a hora, mas espero que você fique bem meu amor.

- Eu te amo.

- Nós também te amamos.

Rodolffo estava com um braço imóvel, mas com a mão livre fez carinho na barriga de Juliette.

...

Enquanto isso na propriedade de Antônio.

O dia ali começa cedo e logo nas primeiras horas do dia Antônio convidou Vicente para algumas tarefas da lida no campo.

- Isabela por que esse homem está aqui?

- Ele é amigo do pai e do Rodolffo. - foi a sua resposta.

- Mas seu irmão não está aqui e certamente vai demorar muito a vir.

- Mãe... Vai implicar até com o Vicente?

- Eu não acho de bom tom que você e ele habitem a mesma casa pelo fim de semana inteiro.

- Mãe, não comece.

Madalena olhou para Isabela e lhe disse seriamente:

- Certamente está achando bonito o exemplo do seu irmão. Façam o quê quiserem... Mas lembra que no mundo não existem vários Antônios.

- Então não esqueça disso e valoriza o pai por que ele merece. Por amor a ti ele casou com uma mulher grávida de outro e só um grande homem faria isso. Procure outro Antônio e falhe tristemente mãe.

- Pois bem. Se você se entregar e ficar grávida como eu fiquei, saiba que não vamos ficar com dois pacotes.

- Eu tenho certeza que o meu pai nunca me abandonaria, mas a senhora cada dia me entristece mais. Preocupa não, se um dia eu ficar grávida vou cuidar do meu filho, com o pai dele ou sozinha, mas nunca vou abandonar um inocente que saiu de mim.

Isabela estava totalmente afetada com aquele diálogo e saiu de casa chorando. Antônio estava no viveiro e pode ver, Vicente também viu.

- Seu Antônio eu gostaria de...

- Vai... Pode ir.

Vicente foi atrás de Isabela, mas ela não estava com vontade de parar de correr. Eles estavam bastante distante de casa e ele já estava ofegante.

- O quê foi que aconteceu? Você correu tanto...

Isabela nada disse e ainda chorando foi de encontro aos braços de Vicente.

- Calma. Vai ficar tudo bem.

...

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