XXXIV

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Rodolffo ficou fazendo carinho nas costas de Juliette e ela o olhou nos olhos:

- Me perdoa por tudo? Por eu ter revidado a sua mãe... Por ter saído daquele jeito e por ter te dado um castigo de dormir no chão. Rodolffo eu sou mimada, realmente esse é o meu enorme defeito e junto dele vem o egoísmo.

- Ninguém é perfeito. Concorda? Eu errei também e não te defender foi terrível. A minha mãe está errada, o meu pai também e tudo se transformou em algo que eu nunca cogitei.

- Nunca desconfiou?

- Não. E sinceramente, o quê me magoou foi as mentiras que meu pai sempre me contava, ele descreveu a história deles como de um grande amor e sei que se esse amor, se existe, é unilateral.

- Sua mãe não deveria reclamar do homem bom que ela tem. Nós duas temos tanta sorte.

Rodolffo ficou calado por um tempo e Juliette queria ouvir mais dele.

- O quê te fez ficar triste?

- Lembranças que me atormentaram por tanto tempo.

- Não pode partilhar elas comigo?

- Não sei se devo.

- Eu quero ouvir, se quiser se abrir.

- Eu me lembrei de Helena. Ela foi o meu primeiro amor, a minha primeira mulher e fui o primeiro homem dela também. Tanto nos beijos e carícias, quanto no ato sexual. 

- Você e ela... Por que não estão juntos até hoje?

- Por que o destino não quis e hoje eu compreendo perfeitamente. Helena não me valorizava e sempre arrumava um jeito de me humilhar. "Você não pensa grande, sempre pensando mesmice". "Rodolffo, evolua. Casamento não é vida de ninguém." Por fim, terminou me dizendo que não ia ficar comigo só por que eu tinha sido o primeiro homem dela, ela desejava loucamente ser de todos os homens que passasse na sua frente.

- Credo! Que horror. Ela era vazia. E o quê faz da vida hoje?

- Não tenho notícias a muito tempo e certamente deve ter subido na vida, mas isso não me importa mais. Eu sou feliz agora. Nunca imaginei que estaríamos aqui naquela noite que ficamos cara a cara.

- O quê sentiu quando me viu a primeira vez?

- Vou ser bem sincero... Senti atração física por que o tanto que você estava uma gostosa não era para brincadeira.

Juliette sorriu.

- Meu objetivo era esse mesmo. Te conquistar pelos olhos. Ah... Eu estava tentando me equilibrar por que as pernas estavam igual cipó verde, tremendo.

Ele fez um carinho no nariz dela.

- Por chegar perto de mim?

- Sabe paixão platônica? Eu estava assim por você.

Rodolffo a olhou sedutor e Juliette sentiu o corpo arrepiar.

- Vê só... Sempre foi assim e eu tinha prometido para mim mesma que no dia que acontecesse, a minha entrega seria completa.

- Nunca havia sentido isso antes?

- Já tive uma paixonite, mas sentir a vontade que eu senti com você nunca aconteceu.

- Paixões são fugazes... Mas amor não.

- Eu sei... E sei também que se não fosse amor, eu nunca mais olharia na sua cara quando me falou que era policial.

- Eu sei que é amor por que nunca senti o medo tão vivo em mim.

- Medo?

- Eu tenho medo de perder você e isso seria o meu maior castigo, ainda mais agora... - ele tocou a barriga dela e fez carinho. - Tem uma princesa crescendo aqui e eu sou o homem mais feliz da face da terra. Esse anjinho foi enviado por Deus como uma benção para o nosso relacionamento.

- Eu estou tão feliz que fizemos as pazes.

- Sem brigas, sem afastamentos... Eu só quero que a nossa vida seja em paz.

- E será... Se Deus quiser.

- Recebi uma proposta do meu chefe.

Juliette arregalou os olhos surpresa.

- Mas não dei resposta ainda. Na mensagem, ele disse que pode me realocar para trabalhar na delegacia e fazer um trabalho mais voltado aos atendimentos, coleta de depoimento... Assim estaria fora das missões.

- É maravilhoso... Não é?

- Vou ser sincero com ele e falar de nós sem rodeios. Não vou mais esconder a minha mulher e a nossa relação. A minha resposta depende disso.

- Obrigada por enfrentar o mundo por mim. - Juliette disse emocionada e recebeu um abraço aconchegante.

- De todos os amores, o seu foi o mais sincero que eu pude conhecer e farei de tudo para te proteger sempre.

- Eu quero te amar para sempre.

Ela deitou no seu peito e não demorou a dormir. Rodolffo ficou observando seu sono e depois de algum tempo também dormiu.

...

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