XXVIII

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Atordoada Juliette abriu os olhos e diante de si estava Madalena com um aspecto agressivo.

- Acorda sua sem vergonha.

- Por que a senhora me odeia tanto?

- Por que você acha?

- Deve ser por que sou filha de um bandido.

- Não só por isso, mas por que você é uma vadia. Seduziu o meu filho...

- O virgem não era o seu filho...

- O quê quer dizer com isso?

- Eu não devia dizer por que isso é algo íntimo da minha vida, mas já que adora me chamar de vadia saiba que eu sou, mas o meu único macho que tive e tenho é o seu filho. Se eu for uma vadia, sou só dele.

- Eu não acredito que enganou esse idiota com esse papo de virgindade.

- Não é um papo... Eu era virgem e o seu filho identificou isso rapidamente.

- O quê usou para enganar esse tolo?

- Nada. Mas acho que a senhora sabe bem truques de enganar um homem.

- É o quê? - Madalena disse furiosa.

Juliette levantou-se da cama e confrontou Madalena.

- O seu filho é mesmo filho do seu Antônio?

- Mas que absurdo...

- Rodolffo não tem uma característica dele, mas também não parece com a senhora.

- Isso é um abuso sem tamanho...

- Enganou o seu Antônio, não foi?

- Eu vou te esganar menina.

Juliette e Madalena começaram a se empurrar, mas logo a sogra foi derrubada pela nora.

Da roça, ouviram-se gritos e Rodolffo correu com os outros de volta para casa.

- Está pensando que vai me pisar ou me bater? Não... A senhora não vai.

- Bandida! Desgraçada! Vagabunda! - Madalena dizia ainda no chão.

- Me chama de vagabunda, mas isso eu não sou. Agora a senhora não pode dizer o mesmo.

- Cala a boca! Calada sua atrevida!

- Fale a verdade para Rodolffo. Diga a ele que o casal firme como rocha, que o inspira tanto não é tudo isso e que o Rodolffo na verdade não é filho do seu Antônio.

Madalena estava chorando no chão quando Antônio chegou e foi acudi-la. Já Rodolffo segurou firme no braço de Juliette e a levou imediamente para o quarto.

- Estava me machucando. - ela disse assim que ele a soltou.

- O quê aconteceu aqui Juliette? Você bateu na minha mãe?

- Ela que começou...

- Isso é inadmissível.

- Ela me chamou de vadia. Eu nunca fui uma vadia.

- Então não se comporte como tal.

Juliette ficou furiosa com essa última frase e deu um tapa no rosto de Rodolffo.

- Sua mãe é cruel e eu não ia aceitar isso. Defenda a mim e ao seu filho.

- Mimada! Moleca mimada! Isso é uma coisa que odeio na sua personalidade. Ninguém pode dizer que você está errada.

- Eu não estou errada. Eu não fui provocar ninguém. - Juliette disse furiosa.

- Você empurrou minha mãe e derrubou ela no chão.

- E acha que ela não tentou fazer o mesmo comigo? Tentou sim e eu revidei, ninguém me bate.

- Isso não é comportamento de uma mulher, mas de uma moleca sem juízo.

- Você não é filho do seu pai. Essa velha desgraçada mentiu para todos vocês.

Rodolffo se aproximou de Juliette com fúria nos olhos. Algo que ela nunca tinha visto antes.

- Vai me bater? É isso que quer fazer?

- Não. Mas estou muito decepcionado com você e com as suas atitudes.

- Não fico mais aqui... Vou embora hoje.

Rodolffo não disse nada. Saiu do quarto batendo a porta.

...

Antônio logo em seguida, entrou no quarto do filho e encontrou Juliette chorando.

- Pelo o amor de Deus se acalma. Vou conversar com Rodolffo. Que situação.

Juliette estranhava a paciência implacável de Antônio, não sabia de onde ele tirava tanta plenitude.

Isabela também veio no quarto de Juliette e estava triste.

- A mãe não é fácil e infelizmente ela não te aceita.

- Eu vou embora. Rodolffo está muito chateado comigo.

- Mas ele não quer que você vá embora.

...

Antônio encontrou Rodolffo embaixo de uma árvore e ele estava parado, olhando para o nada.

- Volte para casa e impeça sua mulher de ir embora.

- E se eu não quiser?

- Como assim 'não quiser'?

- Ela maltratou a minha mãe. Juliette não tinha esse direito.

- Sua mãe também não tem o direito de judiar da sua mulher grávida. Madalena não aceita a Juliette, mas ela não é nenhuma santa.

- Pai... Juliette fez uma acusação muito grave. Isso não te magoa?

Antônio respirou profundamente e olhou para o horizonte, mas não encarou Rodolffo.

- Juliette é uma moça esperta e observadora.

- O quê? - Rodolffo perguntou confuso.

- Não sou o seu pai biológico filho. - Antônio confessou e Rodolffo sentiu uma angústia tomar seu coração. - Mentimos a vida toda para você.

- Mas pai, o senhor disse...

- Quem conta um conto, aumenta um ponto e eu fantasiei algo que nunca existiu. Sua mãe e eu não casamos apaixonados, na verdade eu sempre gostei dela, mas ela gostou de outro primeiro e esse outro é o seu pai. Eu a assumi grávida, casei, dei a você o meu nome, mas assim como a Isabela você é um filho do meu coração e não do meu sangue.

- Pai... Por que fez isso comigo?

- Por que eu sempre fui seu pai e continuo sendo, mas por causa de nós não pode deixar a sua mulher e o seu filho irem embora. Vá pedir perdão, por que foi injusto com ela.

Rodolffo levantou-se e correu até a casa, mas quando chegou lá seu carro já estava saindo da casa. Seus gritos eram graves e Juliette ainda os ouviu:

- Juliette! Juliette! Juliette! Espera!

Isabela imediatamente entregou as chaves da sua moto e Rodolffo correu atrás do carro, que seguia muito rápido na estrada de barro batido.

...




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