- Eu conto tudo, agora vai me fazer um juramento Isabela. - disse Vicente com a voz um pouco rouca.
- Juramento?
- Você vai me ouvir, mas não vai se afastar de mim. Promete?
- Vicente nós não temos o quê nos afastar. Já moramos muito longe um do outro.
- Não é da distância física que eu estou falando. Ouvir sua voz é bom. Eu quero te ligar de novo e conversar como estamos fazendo agora.
- Acha que eu posso não querer mais falar contigo por causa disso?
- Acho. E logo agora que eu estou quase de mala pronta para ir te visitar.
- Vicente... Não.
- Não iria me ligar se não quisesse saber de mim. Isabela eu penso em você e meus pensamentos...
- Não me conte... Por favor.
- Promete?
- Prometo.
Vicente fez uma pausa e começou.
- Eu tinha terminado recentemente a faculdade de direito e seu irmão já estava na polícia. Eu tinha conseguido passar no exame de ordem e como as vacas eram magras naquela época uma turma de amigos se reuniu num barzinho, era um rolê tranquilo, todos nós éramos caras bem de boa e seu irmão estava lá com a gente. Mas naquela noite eu me encantei por uma mulher e mal sabia eu que ali era o princípio da minha ruína.
- Ruína?
- Sim. Ela não era uma mulher comum, era uma dama da noite.
Isabela ouviu a informação com tristeza do outro lado.
- Eu fiz o impossível por ela. Para estar a altura dela eu fiz dívidas, me viciei em jogos de cartas, bebidas e drogas.
- Drogas Vicente?
- Sim. Eu me deixava levar por tudo que ela dizia que era bom. Mas a cada novo encontro nosso, eu abria uma cratera maior em dívidas. Ela não ficava comigo de graça. E eu arcava com os vícios dela e todo o resto.
- Desculpa Vicente, mas isso é muito baixo.
- Eu já não tinha forças de trabalhar. E fui pegando dinheiro emprestado. As coisas ficaram sérias e comecei a ser ameaçado de morte. - Vicente começou a chorar. - Eu estava no fundo do poço e até pedi ajuda a minha família, mas ninguém me deu a mão além do Rodolffo.
Isabela se emocionou também.
- O meu irmão te ajudou a sair desse mundo?
- O seu irmão pagou as minhas dívidas e não eram poucas. Ele também me internou numa clínica de reabilitação. Se hoje eu vivo, devo isso a Rodolffo. Quando eu fiquei melhor foi ele quem abriu o mundo da advogacia para mim. Devo tanto a Rodolffo, porém ele nunca permitiu que eu lhe desse um real. Ainda insiste em me pagar pela defesa de Juliette, mas eu não aceito.
- Meu irmão é mesmo um anjo.
- É... Mas acho que ele não vai concordar muito com o nosso namoro.
- Namoro? Você tá doido. A gente não vai namorar.
- Não vou desistir. Deixa eu te ver.
Isabela respirou profundamente e ele ouviu.
- Não venha me ver.
- Mas eu preciso te ver de novo.
- Vicente é melhor terminamos a nossa conversa aqui.
- Ainda não... Escute. O quê nos impede? É a diferença de idade? Não sou tão velho ao ponto de ser confundido com o seu pai.
- Não fale essas coisas...
- Eu vou aí Isabela. Seu pai me convidou da última vez, será o meu motivo de aparecer aí.
- Eu estou querendo ir visitar o Rodolffo. Vou falar com meus pais e se der tudo certo viajo depois de amanhã.
- Então vamos nos ver?
- Na casa do meu irmão... Eu te dou notícias.
- Isabela não me peça para não ter esperanças.
- Não me imponha nada. Se você considera meu irmão como seu irmão, eu posso ser sua...
- Não me proponha isso. Nem vou usar esse argumento. - ele a interrompeu. - Eu vou te ver e estou contando os dias para isso.
- Vicente... Eu tenho que desligar. Boa noite.
- Boa noite linda. Sonha comigo que vou sonhar contigo.
Isabela desligou a chamada e Vicente ficou escutando o put-put ao fim da ligação.
...
Na casa dos pais de Rodolffo.
- Isabela... - seu Antônio flagrou a filha na sala de casa.
- Pai... O senhor está acordado?
- Não. Vim beber água. O quê faz aí?
- Estava falando ao telefone. - ela estava desconfiada e Antônio chegou próximo dela.
- Com quem?
- Eu quero ir visitar o meu irmão e a Juliette. O senhor deixa?
- Deixo. Mas não estava no telefone com eles. Com quem era?
- Pai não briga comigo.
- Isabela...
- Era com o Vicente.
Seu Antônio não teve uma grande surpresa e agradeceu a Deus pela filha não mentir.
- Por que ele não vem aqui te ver? Não gosto dessa situação de mulher correr atrás de homem.
- A mãe... Ela não entende nada.
- Pois tem que entender. Diga ao Vicente que quero ele aqui. Não vai ao Rio de Janeiro ainda.
- Pai... Não faça assim.
- Traga ele aqui Isabela. Normalize as situações. O quê há de errado?
- As pessoas podem falar...
- Falem. E daí? Já tem 20 anos e eu prefiro que fiquem aqui em casa do que na casa dele.
- Pai não é sobre isso...
- É sobre isso sim. E não venha mentir para mim. Não me oponho, fica tranquila. Eu vou conversar com a sua mãe.
Antônio deixou Isabela sozinha e ela escreveu um SMS para Vicente.
- Não vou poder ir ao Rio de Janeiro. Mas te espero aqui sábado.
Vicente recebeu a mensagem com alegria e respondeu logo:
- Estarei aí. Um beijo.
...
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Na mira da paixão: impossível escapar
FanfictionDois mundos. Um homem e uma mulher envolvidos em um plano onde o único objetivo é prender bandidos perigosos. Um policial renomado e uma filha do tráfico, o quê pode acontecer?