Na mira da paixão: impossível escapar

XLV

Vicente foi rápido o suficiente para resgatar Madalena. Ela tentou contra a própria vida e estava suspensa por uma corda.

Foi Vicente que lhe fez uma massagem cardíaca e ela voltou a respirar.

- Minha princesa calma... Vai abrindo o meu carro. Sua mãe precisa de um atendimento médico urgente.

Isabela e ele saíram da casa as pressas, com Madalena no colo. Apenas no caminho encontraram Antônio que também foi com eles.

...

Dois dias depois...

Início da noite no alpendre da casa de Antônio.

Juntos ao patriarca estão Rodolffo, Juliette, Isabela e Vicente.

- Eu quero contar para vocês a minha verdadeira história com a Madalena.

- Conte pai. Nós gostamos de ouvir e assim a Bianca já vai acostumando com as histórias do avô.

Antônio respirou profundamente e olhou para os filhos. Isabela estava junto de Vicente que lhe fazia carinhos no cabelo. Rodolffo estava acariciando a barriga de Juliette e ela lhe sorria.

- Eu tinha exatos 19 anos. Madalena e eu já nos conhecíamos desde a infância e eu sempre a achei uma bonita menina. Com a chegada da juventude ela ficou muito mais atraente e em toda confraternização que íamos eu a encontrava, mas nunca tinha tido coragem de me aproximar. Mas eis que numa festa de padroeiro, aqui mesmo do município, eu lhe chamei para dançar uma parte. Madalena me olhou e nada falou, mas fez um gesto de que aceitava dançar comigo. Dançamos duas músicas completas e eu estava bem feliz. Mas na terceira música ela se sentiu mal. Eu vi tristeza nos olhos dela.

Rodolffo já estava emocionado e Antônio percebeu.

- Eu a ajudei e ficamos a conversar. Uma conversa tranquila, mas lá para as tantas falei que gostaria de lhe ver mais vezes e se ela quisesse poderia falar com seu pai. Mas Madalena foi bem sincera comigo: Não posso. Seu olhar era triste e perdido, então ela começou a chorar e eu não entendi o por quê. Até que ela me fez uma confissão: Eu estou perdida. A minha vida já não tem mais sentido nenhum.  Lhe perguntei o quê lhe causava aquilo e ela me falou: Eu estou grávida e o pai do meu filho não me quer.

Isabela já enxugava as lágrimas e Rodolffo estava cabisbaixo.

- Aquela revelação fez meu coração entristecer inicialmente. Afinal, na minha época virgindade era algo muito importante, mas no instante seguinte eu esqueci de tudo aquilo e queria ajudar a Madalena. "Como pode me ajudar?" Essa foi a pergunta dela. Eu estava convicto, gostava de Madalena, então me ofereci para casar com ela e assumir o seu filho. Aos 19 anos eu fiz uma escolha definitiva, falei primeiro com meu pai, de seguida fomos os dois falar  com os pais dela. Eu não tinha muito a oferecer, mas para Madalena pareceu suficiente. Casamos antes da barriga aparecer e quando ela despontou contei a todos que namorávamos escondido. Assumi a Madalena e durante toda a gravidez dela fomos bons amigos, ela não me dava qualquer liberdade e eu entendi que a necessitava de um tempo. Com o nascimento de Rodolffo eu senti o quê é amor de verdade.

Ele segurou na mão do filho.

- Cuidei do meu menino e sempre fiz questão de ser presente na vida dele. A partir disso, Madalena e eu fomos nos entregando como casal. Não era a primeira vez dela, mas era a minha e juntos fomos fazendo dá certo. Nós éramos muito felizes, mas queríamos outro filho. Tentamos que essa criança vinhesse, ela sempre dizia que iria me dá um filho, mas depois descobri que sou estéril. Rodolffo já era um rapazinho quando Isabela surgiu na nossa vida e eu não hesitei. Olhei para Madalena e disse: é a nossa filha. Adotamos e a amamos muito. Sempre fomos tão unidos e agora por uma coisa tão sem sentido, Madalena se revolta contra todos.

- Seu Antônio, eu causei tudo isso. - disse Juliette.

- Não filha... Ninguém causou isso. Madalena só não conseguiu se conformar com um mundo diferente do dela. Mas nós conversamos e ela está disposta a mudar. Acho que ver a morte de perto lhe deu uma lição. Fiquem despreocupados que eu estou de olho nela.

- Pai, o senhor é incrível. - Isabela lhe deu um beijo no rosto.

- Você também é belinha. Agora eu vou para o quarto e vigiar a Madalena, o médico proibiu que ela esteja só. Boa noite.

Seu Antônio saiu e de seguida Juliette convidou Isabela para entrar.

- Quero um cobertor quentinho cunhada. Vem me mostrar onde consigo um.

Isabela entendeu que Rodolffo queria ficar a sós com Vicente e olhou para o namorado.

- Eu não demoro. - ele disse beijando a mão dela.

Rodolffo o olhava com olhos um pouco furiosos e esperou a irmã sair para começar a lhe falar.

...

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