XXIX

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Rodolffo colocou a velocidade máxima na moto e fechou o carro, obrigando Juliette a parar.

- Sai da frente, se não eu passo por cima de você! - ela gritou com a voz embargada.

- Espera. Por favor... Me escuta.

Juliette desceu do carro e encarou Rodolffo.

- Não quero te escutar. Você não me ama.

- Juliette...

- Não vou longe com o seu carro, deixo com o Vicente.

- Não quero saber de carro. Eu errei em ter defendido a minha mãe.

- É a sua mãe... Eu também defenderia a minha... Mas você disse que eu me comportei como uma vadia. É... Minha mãe sempre me disse que quando um homem tem tudo de uma mulher ele muda.

- Me perdoe, por favor?

- Quebra uma xícara e peça perdão a ela, então espere ela voltar a ser uma xícara inteira novamente.

- Eu não sou alguém perfeito e acreditar fielmente na minha mãe foi um erro terrível.

- Madalena quis me derrubar, sabe para quê? Certamente para que eu perdesse esse bebê, mas agora ela está livre de conviver com ele.

- Juliette... Não diz isso.

- Não precisa se preocupar eu sei me virar. Eu sempre me virei.

- Não é simples assim.

- É simples sim. A sua chance de me pedir para ficar ficou naquele quarto e você ficou em silêncio.

- Seu pai está solto.

- Sim, mas ele não vai me matar, então cuide-se.

Rodolffo tentou abraçar Juliette e ela deu socos no peito dele.

- Estou com vontade de matar você. - ela disse com raiva e chorando, antes de se entregar ao abraço.

- Se for embora eu vou morrer, meu amor me perdoa por favor.

Juliette sabia que não conseguiria viver sem Rodolffo e que iria sofrer absurdamente, mas decidiu se livrar do seu abraço e abriu a porta do carro.

- Você estava certa. Meu pai confirmou tudo. - ela o olhou uma vez mais. - Juliette não vai...

- Eu vou. Hoje eu preciso ir. Mas estou indo para o seu apartamento.

- Então deixa eu ir junto...

- Não! Hoje não. Amanhã também não. Preciso de um tempo.

- Eu vou atrás de você onde estiver.

- Mas não sei quando vou poder te receber.

Juliette entrou no carro e deu a partida. Rodolffo viu o veículo sumir na poeira e logo voltou para a casa dos pais.

Recolheu suas coisas e decidiu que voltaria imediatamente para a capital carioca.

- Demoro a voltar... Isso se eu voltar...

- Não diga isso irmão.

- Talvez a Juliette não me deixe mais fazer parte da vida dela e vocês sabem o quê isso significa? A senhora sabe mãe? - ele disse angustiado. - O meu filho não vai reconhecer a minha voz quando nascer.

Ele conseguiu uma condução ainda naquela manhã para a capital e quando chegou no seu prédio, foi avisado.

- A Juliette deixou isso aqui para o senhor. - avisou o porteiro.

Era um pequeno manuscrito.

"Eu sei que você virá, mas por favor não insista em se aproximar agora. Preciso estar só e não vou mudar de ideia tão cedo. Pelo bebê que espero não venha aqui."

Ele leu e amassou o papel.

- Eu sou muito burro, sabia?

- Ninguém é perfeito afinal. - foi a resposta que ouviu. - O carro do senhor está na garagem, a senhora deixou também as chaves.

Juliette não queria contato, até mesmo o telefone estava desligado e o interfone do apartamento nunca era atendido.

...

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