Sagrado Amor Profano ( +18)

Ela me odeia ?

Fiquei atômico e me perguntei várias vezes se aquilo não seria uma miragem perfeita. Não era possível, Melissa de sereia dentro de um aquário. Um aquário! quem diria, não é mesmo? Quem diria que nos encontraríamos depois de cinco anos e dessa forma.
Pedir pra Romero para esperá-la pois gostaria de parabenizar-la pelo incrível trabalho. Não deveria ser nada fácil trabalhar ali dentro por horas. Quem diria? Alegrando crianças dentro de um aquário. Eu estava curioso para saber o que lhe fez mudar tanto.
Provavelmente não conseguir esconder a minha surpresa ao ver as duas crianças que estavam na sala brincando com os meus filhos, correrem para os braços de Melissa a chamando de "mamãe". Ela ainda continuava linda, parecia um deusa. Parecia que o tempo não tinha passado para ela. Tenho que admitir que fiquei mexido, principalmente quando nossas mãos se tocaram depois de tantos anos.
Fingimos bem não nos conhecer, somos bons atores. Melissa não conseguiu disfarçar a sua indiferença com o seu olhar frio, não se assemelhava aqueles olhos que me olhavam com um brilho intenso me pedindo e implorando.
— Obrigada!— ela forçou um sorriso e soltou a minha mão rapidamente.
— Melissa trabalha há anos conosco, tem uma habilidade incrível debaixo d'água, nenhuma das sereias que passam por aqui se compara a ela.— Romero mostrava seu entusiasmo e admiração por Melissa.
— Que exagero!— tocou o ombro do seu chefe.
— Que exagero nada menina.— Tryll o outro homem mais novo, disse. Era um dos gerentes do lugar.— Não faça a modéstia, sabe que é verdade.
— Então Melissa, amanhã é aniversário da minha filha Paris. Vai ser uma honra ter essa sereia no aquário da festa.— fui ao ponto.— Não é Paris?— peguei na mão da minha caçula e puxei ela para perto.
— Sim.— Respondeu envergonhada.
— Olha, eu sinto muito, não posso...— Melissa tentou explicar sem jeito, um pouco nervosa. Mas ela estava sem saída, eu sei bem usar do meu poder quando quero algo e por isso consigo tudo que eu quero.
— Ah Melissa, não se nega um convite desses.— Tryll beliscou seu braço.— Vai desencantar a linda menina?
— Paris ama sereias e o Prince ficou encantado. Por favor, eles ficariam entristecidos se você recusasse. Ah, por favor leve os seus pequenos. Vai ser ótimo, eles vão brincar muito.— sorri olhando em seus olhos azuis.
Melissa ficou encurralada e esse era o meu propósito naquele momento.
— Tudo bem.— cedeu sem saída.— Eu vou.
— Ótimo!— festejei com as crianças e os chefes de Melissa.— Muito obrigado.
— A sua calda só aparece quando você está na água?— Prince perguntou pra Melissa. Todos riram com a inocência dele, ela ajoelhou-se perto do meu filho e pegou em suas mãos.
— Sim, ela só aparece quando estou debaixo d'água. Quando saio, fico com essas pernas.— explicou.— Porque às vezes preciso sair para caminhar um pouco por aí.
— Oh entendi, você é tão bonita!— Prince era um galanteador, não sei de quem puxou.
— Oh obrigada. Você e a sua irmã também são muito bonitos e educados.— fez carinho na bochecha dele.— Até amanhã então.— levantou-se.— Bom, eu vou indo.
— Você poderia me passar o seu contato?— pedi.
— Ah... ficarei melhor se me passasse o endereço. O Romero anota e me manda por e-mail tudo certinho. Não se preocupe, eu sou muito profissional e pontual.— seus olhos me penetraram com uma pitada de rancor.
— Aposto que sim.— passei a língua nos lábios.— Então, te aguardaremos amanhã. Crianças, se despeçam da sereia.— disse para os meus filhos.
Me despedir dos filhos dela e da babá das crianças. Dei autógrafos para as crianças dela também. Eram lindos, apesar de não parecer nada com ela.
Acertei tudo com Romero e lhe paguei um valor a mais. Ter encontrado Melissa não tinha preço, aquele seria o momento perfeito para tirar todas as minhas dúvidas. Melissa e eu tínhamos muito para conversar.

No dia seguinte, comecei a organizar com o pessoal contratado para a festa de aniversário de Paris. Eu estava ansioso para um reencontro com Melissa.
Não tínhamos muitos amigos em Chicago , estava lá apenas a trabalho, breve eu lançaria o meu trabalhoso álbum novo e por isso estava focado, queria que fosse um dos melhores apesar de ter certeza que nada superaria "Thriller".
Convidei poucas pessoas, dei Preferência aos adultos que tinham filhos ou sobrinhos, as crianças já viviam muito cercados por adultos.
Fiquei diante do gigante aquário humano já cheio, o pessoal da montagem fazia os últimos testes para ter certeza da segurança. Lembrei do desespero de Melissa no quarto de jogos anos atrás em Nova Jersey. Ela conseguiu superar ou foi obrigada a superar? Eu me arrependi de ter sido tão duro com ela, mas a mágoa que sentia dela por ter matado um filho meu ainda existia dentro de mim.
Fui avisado da chegada de Melissa, senti meu corpo estremecer de nervoso, mas eu queria vê-la o mais rápido possível. Fui até a sala onde a mesma estava de pé segurando uma bolsa e a sua cauda no braço .
— Boa tarde, senhor Jackson.— vi ada de deboche em sua voz.
— Boa tarde Melissa!— me aproximei e elas estendeu a mão para evitar que eu pudesse querer abraçá-la.— Foi tranquilo chegar até aqui? — apertei sua mão delicadamente.
— Foi.— disse seca.— Eu preciso de um local para vestir o biquíni e a calda.— baixou os olhos cortando o nosso contato visual.
— Tenho um quarto a sua disposição aqui próximo, mas antes gostaria que você visse o aquário para ver se está do seu agrado.— olhei aquela mulher linda da cabeça aos pés.
— Ok.— assistiu.

— Deixe eu ajudar.— peguei a calda pesada do seu braço e fomos até o salão, onde a festa de Paris aconteceria em algumas horas.
— Está ótimo!— analisou bem minuciosamente.— É interessante que puxe mais a cortina para que as crianças não vejam quando eu precisar ir até as superfície respirar.— explicou apontando.
— Vou pedir que façam isso.— sorri.

Levei Melissa até o quarto arrumado especialmente para ela. Pedi que servirem um lanche com todas as coisas que eu sabia que ela gostava de comer e deixei ela bem à vontade.
Passados alguns longos minutos, eu me perguntei como Melissa iria até o aquário com aquela calda em seu corpo. Provavelmente precisaria de ajuda, então decidi ir até lá, mas para minha surpresa, ela já estava saindo do quarto segurando a calda no braço perfeitamente vestida em um roupão rosa.
— Pensei que fosse precisar de ajuda para ir ao aquário.— suspirei.
— Eu só vi a cauda antes de entrar.— disse sem entusiasmo.
— Deve ser bem difícil fazer toda aquela acrobacia com essa calda tão pesada e ainda mais, debaixo d'água.
— Você faz coisas bem mais difíceis, não é?— ironizou caminhando ao meu lado.
— Acho que não.— brinquei.— O que seria mais difícil de fazer o que você faz e na suas condições?
— Não sei, talvez fingir ser alguém que não é.— Melissa apressou os passos indo para o salão e eu fiquei paralisado com a sua frase.
Melissa me odeia, é isso?

A festa foi perfeita, Paris ficou muito feliz com tudo. Todos encantados com a perfeita sereia em meu aquário. Eu estou louco para pescar-la e vou em busca disso.