Passamos a manhã nos amando naquele quarto. O quarto pegou fogo de sexo e amor.
Estávamos na varanda, deitados em uma espreguiçadeira larga.
— As crianças vão vir?— Michael me fazia carinho nos cabelos enquanto eu estava com a cabeça em seu peito de acariciando.
— Vão sim. A melhor coisa que a Ana fez foi ter vindo morar perto.— disse. Eu não queria ficar distante das crianças.
— Acredito que sim.— falou.— Temos que descer para almoçar e organizar as coisas com aqueles três pestinhas.— sorriu.— Vão me deixar de cabelos em pé.
— Você fala isso mas é pior que eles.— olhei pro seu rosto.— Apronta mais que eles.
— Isso não é verdade.— gargalhou.— Você inventa cada coisa.
— Tá bom.— levantei.— Vamos nos trocar pra descer.— ofereci minha mão para ele.
Entramos no quarto e vi o celular de Michael vibrar, olhei no visor e vi o nome. "Flor". Quem seria ?
— Amor, seu celular estar tocando.— avisei.
Michael se aproximou para pegar o aparelho, percebi a forma como apertou os lábios e contraiu o maxilar.
— Alô!— falou e se afastou voltando para a varanda.
Eu fiquei curiosa para saber quem era. Algo dentro de mim me deixou em alerta, mas não fui ouvir a conversa. Apenas entrei no closet para me trocar. Alguns minutos depois, Michael entrou também.
— Está linda, baby.— sorrio me olhando da cabeça aos pés.— Dá vontade de ficar aqui lhe contemplando.— ele se aproximou e me abraçou. Pude ouvir o seu coração acelerado, como se tivesse levado um susto.
— Temos que descer.— olhei pra ele com um sorriso.— Algum problema com o telefonema?— eu quis saber.
— Ah... não, era só a nova secretária do Brett.— desviou os olhos dos meus.— Nada demais.
— Tudo bem, vou lhe esperar lá embaixo.— lhe deu um selinho e sair.
Eu não engoli aquela História e a forma como Michael se comportou. Nunca foi de sair para falar no telefone longe de mim, ele não me escondia nada. Mas resolvi não estragar um ótimo dia com aquilo. Era só uma secretária, enfim... Preferir deixar pra lá.Brincamos a tarde toda no parque com as crianças, depois aproveitamos a piscina e guerra de bexiga d'água.
Ana e Pia chegaram em Neverland com Penélope e Serena. Convidei elas para o jantar. Serena estava cada dia mais parecida com o Felipe, eu amava muito a minha sobrinha, ficava imaginando o pai incrível que o Fê seria.
— A mamãe lhe mandou um beijo.— Serena me disse ainda abraçada em mim.
Era como se eu sentisse Felipe ali perto de mim. Como o universo fez questão de juntar tudo e todas as peças.
— Obrigada meu amor, diga pra ela que lhe mandei outro.— meus olhos sem cheiro-se de lágrimas.— Está tão linda e cheirosa. Eu amei o seu gloss.— falei limpando rapidamente as lágrimas que caíram.
— Obrigada tia Mel. Você está bem?— ela ficou preocupada ao me ver emocionada.
— Sim, estou. Eu tive uma crise alérgica.— forcei um sorriso.
— Vai lá atrás dos seus primos!— Pia pediu.— Brinquem muito.Conversando com Pia e Ana, descobrir que Gabriel havia voltado para a cidade, estava totalmente limpo e casado com uma mulher que conheceu durante a reabilitação. Eu evitava até mencionar o nome dele, mas fiquei feliz em saber que ele estava bem.
Antes do jantar, voltamos para o parque para que Serena brincasse um pouco, fazendo os adultos se renderem também. Michael parecia um pouco distante, mas estava feliz se divertindo com todos.
Finalmente fomos jantar, enquanto todos comiam a sobremesa eu resolvi comunicar sobre a minha viagem à Paris.
— Peço licença e a atenção de todos para comunicar algo muito importante para mim.— falei olhando para todos ali sentados à mesa.
—Esta grávida!— Penélope disse alto me fazendo rir e encher todos de esperança. Vi os olhos do meu marido brilharem e aguardar a minha confirmação.
— Nao, eu não estou grávida.— eu disse frustrando todos.— Ficar grávida não está nos meus planos agora. Enfim, eu fui convidada para um workshop em Paris. Uma marca famosa, nada mais nada menos que Aguti Fez uma parceria comigo, lançarei a minha própria marca de maquiagens lá.— todos ali bateram palmas e vibraram com a minha tão sonhada conquista.— Viajo em seis dias e passarei um mês por lá.— olhei pra maicon com um certo receio.
— Como assim, Melissa?— ele me encarou com os olhos de coça.
— É um workshop, amor. Por isso vou precisar passar esse tempo por lá.— falei com calma mas por dentro o meu coração estava acelerado.
— Vamos ficar longe de você, mamãe?— Mitch encarou meus olhos.
— É por pouco tempo Mitch, sem contar que vou dar um jeito de levá-los em alguma semana que eu estiver mais livre.— expliquei.— Vamos poder ir todos juntos passear por Paris, comer chocolates e jantar no alto da Torre Eiffel. O que vocês acham?— encarei as crianças e elas ficaram felizes e convencidas.
— Fico muito feliz por você meu, sempre soube que se encontraria no que realmente ama fazer.— Ana ficou de pé e veio me abraçar.— Você é incrível, saiba que seremos suas fiéis clientes.Quando todos já haviam ido embora e eu tinha colocado as crianças para dormir, fui atrás do meu marido. Rodei a casa toda, perguntei aos funcionários mas não o encontrei.
— Está procurando pelo senhor Jackson, Melissa?— Bill me perguntou ao me ver aparentemente aflita.
— Sim, Bill. Você o viu ?
— Ele está no cinema, pediu para não ser incomodado.— falou com gentileza.— Mas pelo visto, a senhora, quer dizer, você quer ir até lá. O cara não está bem.— falou intrigado.
Droga! Eu odiava as discussões com meu marido. Michael tinha o péssimo hábito de querer estar sempre na razão, pra tudo ele tinha uma explicação cheia de bons argumentos. Graças ao seu nível de QI elevado.
— Amor?— falei quando fechei a porta do seu cinema.
Consegui ver ele sentado em uma das poltronas tomando uísque.
— Eu estava lhe procurando.— falei cautelosa.
— Por isso que fez tudo o que fez hoje, não é Melissa?— seu tom frio soou.— A folga do trabalho, a manhã regada a sexo e amor gostoso, a tarde incrível com as crianças. Tudo bem premeditado. Você como sempre manipulando tudo e todos ao seu favor.— Michael não me olhava nos olhos, estava olhando fixamente para o copo em sua mão.
— Não manipulei nada e nem ninguém.— sentei na poltrona ao seu lado.— Eu realmente aproveitei ao ocasião para comunicar a todos e me despedir, mas eu...
— Conta outra!— disse entre os dentes ficando de pé.— Você acha que eu sou burro? Você tinha que me amansar usando os meus pontos fracos, que você conhece muito bem, para depois me apunhalar pelas costas.
— Que colocação mais ridícula, Michael!— eu ri sem o humor.— Eu só...
— Eu estou mentindo, porra?— Michael gritou como eu nunca tinha visto.— Que necessidade você tem de trabalhar? Você tem tudo Melissa, tudo. Toda essa merda é sua também.— ele abriu os braços.— Mas do nada você tacou o foda-se para mim, para as crianças e todos, em nome da sua ganância por trabalho pra pagar de fodona!— Michael estava muito alterado com os olhos vermelhos de raiva.
— Eu sinto necessidade de ser alguém que não vive na sua sombra, Michael! Eu preciso ter as minhas conquistas também, quero fazer o meu nome.— falei calma segurando o choro.
— Então é isso isso, vá!— gritou ainda mais alto.— Mas quando você sentir as suas necessidades, não me use como um fantoche das suas manipulações baixas.
— Nao foi manipulação!— gritei ficando de pé.— Eu só uni o útil ao agradável. Eu sentia a sua falta, falta do sexo, da gente, falta do que sempre tivemos.
— Será mesmo Melissa? Ou só abriu as pernas pra mim para ter o meu "Tudo bem, amor."— Michael cerrou os dentes e encarou meu rosto. Eu senti vontade de dar um belo tapa na cara dele.
— Se era isso que você queria, conseguiu. Agora vá, vá para Paris ou pro inferno, se você quiser.— Michael jogou o copo no chão com força, fazendo o mesmo se quebrar.
Aquele comportamento me ativou gatilhos negativos do passado, Gabriel vivia fazendo aquilo. Eu apenas saí dali correndo aos prantos. Michael se transformou de uma forma que eu nunca tinha presenciado. O que estava acontecendo com o meu marido ?
Eu fiquei muito magoada, mas não poderia deixar aquilo me tirar o foco.
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Sagrado Amor Profano ( +18)
Fanfiction"A sedução do BDSM está em se entregar ao desconhecido e descobrir novas formas de sentir prazer."