Depois que falei com Michael, senti um alívio. Ele pareceu compreender bem a minha mentira, eu estava péssima por tudo, estava disposta a contar toda a verdade para ele mas eu não sabia por onde começar.
Aquela situação já estava insustentável para mim, não me sentia bem mentindo para o homem que eu amava e para o homem que me deu uma vida, uma família em um novo sentido. Não era justo com eles.
Durante o almoço, conversava com a Abigail sobre o ocorrido da noite passada.
— Eu fiquei em choque quando ele desceu do carro. Não sabia o que falar ou fazer.— ela me contava.— Inventar aquela mentira maluca foi a primeira coisa que me veio a cabeça.
— Tudo bem, eu acho que que foi convincente para ele.— engoli o suco sentindo um gosto metálico na boca.— Eu quero acabar com isso de uma vez por todas, só não sei por onde começar. São tantas coisas e pessoas envolvidas. Eu não sei como vai ser daqui pra frente, eu o amo muito, eu sinto que nunca amei alguém além dele. Mas penso no Gabi, nas crianças e aí tudo fica mais complicado.
— O rancor que você sentia dele, passou e deu lugar ao amor, o amor que estava aí adormecido por anos.
— Sim, eu culpava pela morte do meu irmão. Sendo que Michael não tinha culpa absolutamente de nada, era uma forma de esconder o que eu realmente sentia. Uma forma de lembrar que eu deveria esquecê-lo e seguir a minha vida.— expliquei sentindo o nó se formar em minha garganta.
— Faz sentido. Você enganava a si mesma.— Abgail enxugava as louças.— Lembro claramente de uma vez que ele surgiu na TV e você desligou rapidamente, como se tivesse uma aversão a ele.— sentou ao meu lado.
— Sim. Tudo estava bem até ele ressurgir na minha vida.
— Será que estava bem mesmo? Eu aposto que não. Sabe senhora Cross, quando o relacionamento vai bem, existe amor e respeito mútuo ele não se abre para dar brecha para uma outra terceira pessoa entrar e acabar com tudo. O amor é egoísta.— me fez refletir. No fim, Abigail tinha razão.
Eu passei por altos e baixos com Gabriel. Nosso casamento não ia tão bem há algum tempo. O sexo não tinha química, não tínhamos uma boa conexão e eu acabei me perdendo no arquétipo da esposinha e mãe. A rotina com as crianças era pesada, eram dois e eu era mãe deles mesmos sem ter desejado ser. Me apaixonei pelo pai delas e sem que eu vou esperar se já estava apaixonada por elas também. Mitch e Maeve ganharam meu coração.
— Você tem razão Gail. Bom... eu vou tomar um banho, hoje tenho exames e terapia.— fiquei de pé.— Preciso entender o que está acontecendo.
— Vai lá.— sorriu gentilmente.Eu segui para minha rotina, estava com a cabeça cheia mas precisava cuidar da minha saúde. Dirigir até a clínica para fazer os exames solicitados pelo clínico geral, eram exames de rotina, depois depois seguir para a terapia com a minha psicóloga.
Decidir ir ao shopping para distrair. Comprei algumas roupas e lanchinho que eu sabia que as crianças gostavam. Quando estava no caixa pagando, vi o SMS chegar no celular que Michael havia me dado. "59" aquele era o nosso código para sabermos se poderíamos nos comunicar ou não. O mesmo código que usávamos no passado. Porque "59"? Foi o número da suíte da nossa primeira vez no BDSM.
Respondi o SMS com o "59" e peguei as compras. Logo o telefone começou a tocar, meu coração acelerou como toda vez que aquele telefone vibrava.
— Oi Mike!
— Olá minha Sweet Child!— falou com a voz arrastada.— Como você está?
— Eu estou bem. E você ?— quis saber enquanto me dirigia para a saída do shopping, indo para o estacionamento.
— Estou ótimo. Aliviado também, nossa, saiu um peso enorme das minhas costas depois de uma longa conversa com um empresário.— falou com a voz seca.— Foi ótimo.
— Oh fico feliz.— sorri.— Vai entrar em novos negócios agora?
— Na realidade eu fui conversar com ele porque descobri que ele tinha o mesmo interesse que eu em uma obra de arte. Veja que ironia.— sorriu.— Você não vai acreditar.
— O que ?— quis saber, eu amava conversar com ele.
— Descobrimos juntos que a obra de arte que queríamos tanto era falsa.— fez um som estranho quando parou de falar.— Ela não valia um único centavo que estávamos dispostos a pagar.— gargalhou amargamente.
— Sério ?— franzi o cenho.— E como descobriram ?
— Eu sou Michael Jackson, posso parecer bobo mas não sou, ou talvez, possa ser por um momento mas não sempre. Então...
Eu senti um calafrio estranho, realmente ele tinha esse poder em suas mãos. Conseguia tudo que queria.
— Ahhh senhor convencido.— brinquei.
— Pois é. O empresário ficou furioso, o pobre coitado também não esperava... o bom é que também ajudei ele a não cair em uma cilada também.
— Você é demais Mike.— eu estava louca para vê-lo.— Quando nos encontrarmos quero conversar algo com você.— eu precisava ser clara, eu precisava daquele momento para esclarecer tudo e abrir o meu coração. Se ele iria entender eu não sei, mas eu estava verdadeiramente disposta a acabar com aquelas mentiras. Eu já perdi esse homem em uma vez e não quero e nem posso perdê-lo de novo nem em sonho.
— Hummmmmm... do que se trata?— amansou a voz.— Fiquei curioso.
— É algo sobre mim. Mas é melhor que seja pessoalmente.
— Tarde demais Sweet Child.— ouvi ele lamentar ironicamente e fiquei confusa.— Eu também liguei pra falar que estou voltando hoje mesmo para Neverland.
Aquilo doeu em meu peito como assim? Voltar pra Neverland do nada? Sem mais e nem menos?
— Assim, do nada?— parei de caminhar.
— Infelizmente. A Sony me meteu em um grande problema e eu preciso voltar com urgência.— bufou do outro lado da linha.— Parece que o mundo está caindo sobre mim. Talvez seja pelos pecados que eu já cometi. Passei anos traindo uma mulher maravilhosa, eu menti, manipulei e me ferrei seriamente. Minha vida está ferrada.
Eu estava ficando desconfortável com aquela conversa com Michael, ele não estava nada bem e eu não estava entendendo aquela conversa ao certo.
— Eu sinto muito.— suspirei tentando esconder o ciúme que senti ao ouvi-lo elogiar a sua ex-mulher mulher.— Mas acredite que tudo ficará bem Michael, você é um homem maravilhoso e merece tudo de melhor desse mundo. A Sony vai se arrepender de ter criado esse problema com vc. Tommy é um louco.
— É, vamos ver. Vou aguardar as cenas dos próximos capítulos. Eu traí, e a traição é um dos piores pecados pois Cristo foi traído e Deus abomina traição.
— Nossa, me sentir numa igreja agora.— gargalhei com o discurso dele sobre pecados e traição.— Você andou bebendo Michael ?
— É, andei. Bom, eu vou indo.
— Mas... e nós? Como faço pra lhe dar a resposta sobre nós?— perguntei.
— Melissa...— soltou o ar com força.— Essa noite eu vou orar por você quando estiver no avião, eu sei que você vai precisar.— ele parecia estar prendendo o choro e aquilo me preocupou ainda mais.
— Do que você está falando ?
— Logo você saberá. Adeus, Melissa!— sim, ele estava chorando.
— Adeus?— estremeci.— Como assim?
— Eu... porra, eu estou apaixonado por você... ainda. Eu sinto que eu te amo.— ele chorava com raiva.— Isso é...
Não conseguir entender aquela conversa e comecei a ficar impacte nervosa.
— Eu também te amo meu amor, eu quero você.— falei.
— Porra!— Ele desligou.
Fiquei intrigada, não estava entendendo mais nada. Foram vários assuntos de uma só vez. Traz sons, Deus, obra de arte falsa... espera, será que Michael estava falando de mim? Eu quem era a tal obra de arte ? Deus, não pode ser.
Encostei no meu carro e tentei ligar para Michael outra vez, mas ao que indica , ele desligou o telefone. Será que Michael descobriu toda a verdade? Sentei no banco do carro e tentei pensar direito antes de tomar qualquer atitude por impulso. Eu precisava voltar pra casa antes de qualquer coisa.
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Sagrado Amor Profano ( +18)
Fiksi Penggemar"A sedução do BDSM está em se entregar ao desconhecido e descobrir novas formas de sentir prazer."