Não Sou Mãe e Não Quero Ser

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Narrador

Mark conseguiu ouvir grande parte da conversa, ele detestava Melissa pois tinha quase 100% de certeza de que era Melissa amante de Michael. Ele não queria que o casal se divorciasse, pois ficaria desempregado se aquilo acontecesse. Visando o seu ótimo salário e contrato, começou a ficar bem próximo a Lisa, fazia tudo que ela queria. Era como um cão fiel a ela e a-bajulava como um cãozinho adestrado. Mark sabia que o casamento dos seus chefes acabaria brevemente, por esse motivo preferiu se aliar a Lisa.
— Alguém já lhe disse que é feio ouvir atrás da porta?— Dominic foi pra cima dele.
— Afaste-se de mim com esse perfume barato, ugh! Me arrepio só em sentir.— fez cara de nojo se afastando da dançarina.
— Você sim é podre, seu bajulador de merda.— Dominic encarou.
— Ah vai se foder Dominic.— Mark cruzou os braços e parou em frente a Melissa.— Vai abortar porque? Falta de grana não é, você é rica.— sorriu.— Tem condições de criar 10 filhos além do seu irmãozinho. Então, porque vai ceifar a vida de um inocente?
Melissa chorava silenciosamente, aquelas palavras lhe doeram.
— Você não tem nada haver com a minha vida e as minhas escolhas, Mark.— disse entre os dentes e voltou a arrumar as maquiagens.
— Caí fora Mark!— Dominic gritou.
— Ahhh, saquei.— levou o indicador a boca com um sorriso maléfico.— Provavelmente esse filho é de um homem casado, não é?— gargalhou diabolicamente.— Ele já sabe ?
— Saia daqui porra.— Dominic agarrou no braço de Mark que a empurrou.
Desesperada, Melissa saiu correndo, entrou no seu carro e dirigiu sem rumo aos prantos.

Quando o serviços de Melissa foi solicitado, Michael foi informado que ela havia ido embora, foi aí que a preocupação dele cresceu. Procurou por Dominic mas ela não disse absolutamente nada, apenas que sua amiga não sentia-se bem. Aquele assunto não lhe cabia.
Horas depois, Michael tentou contato com Melissa mas foi em vão. Ele sentia-se mal por não ter como ir atrás dela, estava atolado no trabalho e com a sua mulher em seu pé.

Melissa passou alguns dias sem sair de casa, Estava péssima. Suas empregadas estavam preocupadas e faziam o possível para fazê-la comer, mas pouco conseguiam.
Felipe estava curtindo a vida loucamente com Stella, viviam se drogando e transando em casas de swing, mal parava em casa.
— Trouxe uma sopa de legumes.— Monica entrou no quarto com a bandeja na mão.
— Estou sem fome.— disse sem ânimo deitada na cama.— Mas obrigada!
— Comendo você me agradece.— colocou a bandeja na cama.
— Vou tentar.— sentou-se com cuidado.— Tem notícias do Fê?
— Ele passou aqui mais cedo pra pegar roupas e saiu com aquela desmiolada.— riu.— Aquela menina me cheira a algo ruim.
— Eu sinto a mesma coisa, mas ele está tão cego.— levou a colher a boca.— Já não sei o que fazer, estou com a cabeça a mil por segundo.
— Ele já está cresci Dinha, sabe o que faz.— Monica disse olhando para a menina pálida em sua frente.— Sua parte você faz e muito bem feita, é mais que uma mãe pra ele.
— Tudo que eu não queria, ser mãe e toda a demanda que requer esse título.— bufou limpando a boca.— Não levo jeito.
— Então não seja, não se sobrecarregue com fardos que não são seus, você não tem obrigação de nada. Faz o que pode.
Melissa sentiu que de alguma forma aquelas lhe encorajou a fazer o aborto. Ela não queria ser mãe, não sentia o mínimo desejo sequer. Passou dias pensado em diversas possibilidades mas não chegou a lugar algum, sua única saída era o aborto já que ainda não era um vida, apenas um amontoado de células.
Na manhã seguinte, Melissa já Estava na clínica fazendo check-in, sentia medo mas não remorso ou culpa.
— Está tudo bem senhorita Benvenutti, sinta-se acolhida com compreendida. O corpo e a decisão é sua, só você pode optar e opinar aqui.— A enfermeira lhe entregou a avental.
— Obrigada!— sorriu levemente e caminhou para o centro cirúrgico com a enfermeira.
Alguns exames feitos e então a intervenção começou. O embrião estava com cerca de seis semanas, então a era possível ser um procedimento menos doloroso invasivo.
— Tudo certo.— o médico olhou por cima de seus óculos para a paciente a ali deitada.— Ocorreu tudo bem. Agora vai ficar em observação e alguns cuidados devem ser tomados.— alertou depois de expelir o embrião.— Foram inferidos dois comprimidos de Misoprostol e retirado com aspiração. Você está bem ?
— Estou!— suspirou sentindo-se um pouco tonta por conta da anestesia.— Obrigada.
— Ótimo.— o médico levantou-se.— Podem levá-la para o quarto. Fique bem!— deu um breve sorriso.

No quarto pós cirúrgico, Melissa tomava alguns remédios na veia e soro.
— No início da noite provavelmente você receberá alta.— a enfermeira Rosália disse observando o acesso na mão de Melissa.— Como se sente?
— Bem e aliviada.— fechou os olhos e deitou a cabeça.
— Certo, agora descanse. Qualquer coisa é só telefonar.— sorriu e se retirou do quarto.
Melissa deixou algumas lágrimas caírem, sem dúvidas se algum dia Michael descobrisse aquilo jamais lhe perdoaria, correria o risco de perder seu dominador para sempre. Ela teria que levar aquele segredo pro túmulo.
No fim da tarde, Melissa recebeu alta, passou na farmácia para tomar uma injeção anticoncepcional e comprou os remédios necessários, esses para as cólicas que sentia e água inglesa para ir limpando seu útero.
Quando chegou em casa, preferiu não falar com ninguém, apenas subiu pro quarto, se banhou e deitou na cama. Ligou a TV para se distrair e lá estava as notícias de última hora, Michael se apresentaria em breve na HBO e existia os boatos de que seu casamento enfrentava uma terrível crise. Michael se apresentará em um especial de fim de ano para HBO.

Dias depois...
Melissa sentia-se melhor, as cólicas e o sangramento cessaram mas ainda precisava de mais uma semana de repouso. Ela fazia um bolo quando Felipe entrou na cozinha correndo com a cara assustada.
— Mel, você não vai acreditar!— falou ofegante e assustado.
— O que aconteceu ?— parou de mexer a massa e encarou o irmão.
— O Michael foi internado.— bradou.
— O que ? como assim ?— arregalou os olhos sentindo o chão sumir dos seus pés.
— Está passando na TV. Venha!— puxou a irmã pela mão, correndo para a sala.
Michael estava hospitalizado devido a uma gastroenterite e desidratação. Melissa ficou visivelmente preocupada vendo as imagens de Michael passar na TV. Não sabia o que fazer, não podia visitá-lo e nem fazer absolutamente nada.

Sagrado Amor Profano ( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora