Meu Mundo Caiu

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Há dias ou melhor, há meses eu procurava por Felipe ou algum sinal de vida dele, mas o mínimo que eu consegui foi um fax avisando que viria jantar comigo aquela noite

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Há dias ou melhor, há meses eu procurava por Felipe ou algum sinal de vida dele, mas o mínimo que eu consegui foi um fax avisando que viria jantar comigo aquela noite. Organizei tudo com uma grande esperança pois aquele seria um ótimo momento para fazermos as pazes mas infelizmente me frustrei. Horas se passaram e ele não apareceu.
Já passava das 2:00h da manhã, tomava um vinho ouvindo um disco de Billie Holliday na vitrola perto de mim, a música "Sugar" me fazia lembrar do meu docinho, disquei o número da sua casa, porém ninguém atendeu, provavelmente todos já estavam recolhidos em seus aposentos. "He's confectionary", cantarolei. "Mas só quando não está com um chicote na mão." Ri comigo mesma.
Amanheci no sofá, levantei com dificuldade fui fazer as minhas higiene, depois do almoço resolvi mandar um fax para casa de Michael, expressando minha saudade em uma simples frase. Ele não respondeu, assim como nos últimos três dias, nenhum telefonema, todas as vezes que liguei ele não estava em casa e os faxs não foram respondidos. Me perguntei se o jantar com Lisa fez ele querer voltar atrás para um relacionamento baunilha.

Pouco mais das 19:30 um fax chegou. Corri para ler.
" Em meus hora estarei aí!"
Saltitei em alegria me despedindo das minhas duas empregadas, assim que elas se foram , corri para a cozinha para preparar um lanche pra gente, sem dúvidas ele me levaria para o quarto de jogos, imagino o quanto deve estar faminto. Não gosta dávamos de fazer as cenas de barriga cheia, já que algumas práticas poderiam me fazer ter ânsia ou vomitar, então deixava tudo pronto para depois das longas sessões.
Depois do banho, cuidei bem do meu corpo e fiz uma maquiagem básica, vestir um vestido estilo camisola preto. Fiz um rabo de cavalo no cabelo e optei por ficar descalça e colocar minha coleira, ele amava. A mesa estava posta. A campainha tocou, com o coração dando fortes palpitadas eu fui abrir a porta. Michael sem aviso prévio entrou rapidamente, fechei a porta e me virei pra ele.
— Eu estava com tanta saudade.— meus olhos brilharam por ver tanta beleza em um ser só.
— Tire a coleira, por favor!— eu levei as mãos ao fecho e abrir, estragado o tom da voz dele e o olhar indiferente.
Assim que me desfiz da coleira, corri para abraçá-lo mas a sua ausência de reciprocidade me fez se afastar e olhar em seus olhos.
— Você está bem ?— perguntei com medo.
Michael levou as mãos aos bolsos de sua calça e abaixou a cabeça, assumindo nitidamente sua raiva.
— Não Melissa, eu não estou nada bem e agradeço a Deus por usar o BDSM de forma branda para prazer porque se eu fosse um cafajeste nojento levaria você até aquele maldito quarto e lhe espancaria até que a raiva que eu estou de você aliviasse. E lhe digo com todas as letras Melissa, levaríamos horas. Provavelmente você sairia daqui em uma ambulância.
Eu não fiquei excitada, eu não tive reação, na verdade o medo estava me invadindo. Aquilo não era uma encenação ou algo assim, aquele não era o Michael que eu conhecia. Mesmo com raiva, ele nunca falou comigo daquele jeito.
— Mas...— engolir seco.— O que aconteceu ? Eu...
Michael levantou a cabeça com uma expressão mista de ódio e dor.
— Porque você matou um filho meu?— ele quase gritou impaciente.
E meu mundo caiu, eu não sabia o que dizer, não sabia o que fazer , me senti tonta e me sentei no sofá.
— Quem lhe contou isso ?
— Não importa porra! O que importa é a pergunta que eu lhe fiz.— gritou me encarando. Seus olhos estavam levemente avermelhados.
— Eu não sabia o que fazer.— me encolhi no sofá.— Eu não queria ser mãe e também sabia que um bebê interromperia a nossa relação, você mesmo já tinha me dito isso.
Michael gargalhou sarcasticamente e se aproximou de mim encolhida no sofá. Ele preço estar três vezes maior.
— Aquele era outro tempo. Eu jamais, jamais, permitiria que você matasse um filho meu.— vi lágrimas se formarem em seus olhos.
— Mas e o seu casamento ? E o escândalo que seria na mídia ? Antes de qualquer coisa eu pensei em você Michael.
— Não, você não pensou em mim. Se você tivesse me contado, teríamos dado um jeito, que se dane a mídia, era o meu maior sonho, era o meu filho.— deixou o choro lavar seu rosto manchando sua maquiagem.— Você decidiu isso sozinha, você não pensou em mim.— suspirou.
— Você não tomou a injeção anticoncepcional?
— Eu acabei esquecendo.— comecei e chorar e me sentir culpado pela dor dele.— Quando me dei conta, já era tarde demais.
— Com que direito Melissa? Com que direito você ceifa a vida de um filho meu ? Isso é um pecado terrível.— notei o repúdio nele.
— O direito sob o meu corpo, sob as minhas regras e sob a vontade de ser mãe que eu não tenho.— gritei me defendendo.— A decisão era minha.
— Já estava dentro de você. Se não queria, fácil, me entregava ele. Eu... Deus, eu... — sua voz falhou e ele caiu de joelhos diante de mim. Eu sentir muita pena dele. Vê-lo daquele jeito destruiu meu coração.
— Eu não quero que acabe. Eu não quero que nossa relação e tudo que temos...
— O que ? O que diabos passa pela sua cabeça em achar que eu realmente continuaria com a assassina do meu filho ou filha?— ele me fuzilou com os olhos.— É sério ?
— Michael, eu...— tentei tocar seu rosto em desespero mas ele desviou e ficou de pé.
— Você é uma egoísta de merda, Melissa. Você só pensou em você mesma, a verdade é que você só pensou em seu belo corpo, na vida boa que eu lhe ofereço, nos presentes caros... toda essa merda.— abriu os braços.— Eu pagaria a cirurgia que você quisesse pra voltar a ter o corpo que deseja, eu... sua filha da puta!— gritou enfiando a mão no bolso da calça e retirou uma caixinha de lá.— Eu estava pronto para pedi-la em casamento.— ele jogou a caixinha nas minhas coxas.
Eu chorava carregada de uma culpa e arrependimento terrível.
— Michael... — levantei.— Podemos concertar as coisas, por favor, eu lhe dou quantos filhos você quiser.— agarrei ele, lhe apertando em meu corpo.
— Se afaste de mim, Melissa.— ele gritou mas eu não lhe obedeci.— Não me faça fazer uma merda com você, saia.— se afastou de mim.— De você eu só quero distância.
— Não!— gritei chorando, me jogando aos seus pés.— Você não pode me deixar Michael, não pode. Eu sou sua, eu amo você. Por Deus!— eu me humilhava parecendo uma cadela em seus pés implorando atenção do seu dono.
— Eu deveria ter ouvido a Lisa, você é realmente uma vadia oportunista, você entrou na minha vida pra fazer estragos.— ele disse. Eu olhei pra cima e vi seu rosto cheio de ódio.— Sabe Melissa, no fim das contas eu pude ter a certeza que você é igualzinha a sua mãe.
Aquela confissão doeu pra caramba, eu larguei de suas pernas e deixei meu corpo cair ao chão.
— Pra mim, esse foi um livramento. Penso e vou ser pai em breve, imagina confiar um filho meu a uma assassina que matou o próprio filho? Você é um monstro Melissa, assim como a sua mãe. Vai morrer seca e sozinha.— Michael jogou um envelope preto perto de mim.— Esqueça que eu existo.— ele se foi.

Naquele envelope continha todas as provas que ele precisava para acreditar que realmente eu fiz um aborto de um filho dele. Também existia a quebra do nosso contrato. Todos os documentos que desvinculava nós dois e a nossa relação.
Eu fiquei caída naquele chão frio chorando, o chão só não era tão frio quanto os seus olhos me olhando com repulsa e acusações. Nada me doeu mais que a suas palavras e o seu olhar.
Agora eu estava ali, sozinha, sofrendo e não sabia que rumo a minha vida tomaria dali adiante.

Passando-se quase um mês, eu tentei me erguer, a única pessoa que eu tinha era Nick , mas ela logo entraria em turnê com o meu grande amor e isso impossibilitaria a suas visitas reconfortantes. Eu dispensei as duas empregadas, pois não tinha mais necessidade de ter elas e eu mesma poderia cuidar de tudo como sempre fiz antes na vida no Brasil, sem contar que preciso reduzir os gastos agora que não tenho um trabalho e alguém para sustentar a minha vida de luxo. Eu fui obrigada a economizar o máximo.
Eu estava terminando de lavar as louças quando a campanha tocou. Enxuguei as mãos e fui atender à porta, quando abri os meus olhos tomou um certo brilho causado pela esperança que se construiu em meu coração.

Sagrado Amor Profano ( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora