Surpresa.

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— Lili. — A voz masculina chamou. — Lilian?

Abri as pálpebras devagar, a luz forte feriu meus olhos, acabei piscando várias vezes tentando focar, mas minha visão estava embaçada por lágrima. Me sentei na cama coçando os olhos para ajudá-los a focar, senti uma mão bagunçar meus cabelos e recuei por instinto. Quando finalmente abri os olhos fiquei surpresa ao reconhecer o homem à minha frente, ele se destaca na paisagem branca da enfermaria, atrás dele vi camas com lençóis brancos, armários com remédios e paredes pintadas da mesma cor.

— É você! — Acusei sem disfarçar o tom surpreso.

— Acho que sim. — Ele olhou para os dois lados como se procurasse outra pessoa, depois de fazer isso olhou para mim com sorriso simpático e brincalhão estampado no rosto. — Meu nome é Meeth.

Eu estava surpresa demais para rir, ele parecia jovem demais para isso, bem, talvez eu não devesse julgar dessa forma, mas bonito demais para isso. Não estou dizendo que professores não podem ser bonitos e jovens, mas os meus nunca eram, talvez ele fosse o primeiro de sua espécie, de uma espécie de professores lindos.

— Hmm... Você é realmente professor ?

— Sim, de matemática.— Contou ainda com aquele tom suave e simpático na voz. — De qualquer forma, você está melhor?

Olhei para baixo me lembrando do chute, levei a mão à barriga de forma inconsciente. Me sentia humilhada, meu orgulho foi ferido, fui derrotada de forma simples e rápida. Cerrei o meu punho que estava sobre o lençol, segurando o tecido com força, aquela parte irracional e primitiva queria vingança, queria acabar com aquela desgraçada, mas no fim só assenti com a cabeça em resposta a pergunta dele, então ele que até então estava sentado em uma cadeira ao meu lado, se colocou em pé.

— Vamos, vou te levar para casa. — Disse ele.

— Ãhn? — Voltei meu olhar para ele, surpresa mais uma vez.

Pensei que poderia ter ouvido errado, claro que uma parte de mim adoraria fantasiar a respeito, mas isso não tinha o menor cabimento, então esperei a resposta dele antes de me revoltar.

— Como disse, vou te levar para casa. — Falou de forma casual, como se estivesse dizendo a coisa mais banal do mundo.

Eu estava tão ridiculamente indignada que precisa mesmo de um tempo para processar toda a situação. Cortei o contato visual olhando para o lado. Ele era bonito, na verdade, bonito é um eufemismo, quer dizer ele era perfeito, sério. O desenho de seu rosto, os olhos castanhos mel, a altura e aquela constelação de sardas abaixo dos olhos, embora isso fosse relevante em qualquer outro momento para mim, não era agora. Como um professor poderia sugerir levar uma aluna que mal conhece para a casa? Que sentido existe nisso? E eu nem comecei a problematização dessa situaçao ainda. Respirei fundo e antes de surtar completamente decidi ser passivo agressiva.

— Como poderia saber onde eu moro?

Foquei minha visão ma porta da sala, ele estava entre mim e a saída, senti minhas mãos começarem a suar, se ele realmente soubesse disso, eu iria começar a pensar que esse "professor" era um stalker louco, afinal me encontrei com ele antes de entrar na escola, além disso como poderia ter essa informação se eu não estava nem há uma semana na cidade e se não soubesse onde eu morava isso só tornava a situação pior, como um professor se oferesse para levar uma menor de idade para a casa dela? E se não fosse nenhuma das opções ele estava me chamando para a casa dele o que tão ruim quanto a primeira opção.

— Vamos. — Ele disse sorrindo enquanto procurava o celular em sua roupa.

Estralei os dedos, eu estava realmente ficando nervosa, poxa eu nem conhecia ele. Meeth pegou o celular e colocou na orelha. Seu olhar estava sobre mim, comecei a olhar para meus dedos e analisar minhas mãos como se fossem a coisa mais interessante do mundo, essa situação era desconfortável.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora