Dyed Storm - Dois amores impossíveis

Revelações.

Antes de ler esse cap, peço que se lembrem de tudo que a mãe da Lilian já fez para ela. É isso, boa leitura <3

Respirei fundo, pela terceira vez antes de abrir a porta. Entrei no quarto de minha mãe, ela estava segurando o livro com uma mão e com a outra estava com um copo que saia fumaça, deveria ser chá.

- Oi mãe. - Disse me aproximando.

Ela soltou um suspiro e olhou para mim.

- Oi Lilian.

Ela fechou o livro e colocou o copo no criado mudo. Me aproximei e me sentei perto dela.

- Então não deu certo ? - Indagou ela sem demonstrar surpresa alguma, como se já fosse algo esperado... - Você não passou!

- Eu... - Comecei a dizer, mas ela me interrompeu.

- Tudo bem, muitas coisas mesmo com esforço levam tempo para ser adquiridas.- Ela soltou um suspiro novamente e pegou na minha mão. - Eu posso te dar a técnica, mas é impossível de dar a inspiração, a vontade para fazer isso... isso é algo que vem da gente.

Adianta perceber isso depois de me obrigar a treinar anos o ballet ?

Ela colocou sua outra mão em cima da minha e olhou em meu olhos.

- Se em todos esses anos eu não consegui te inspirar ou contagiar, ou te fazer sentir algum amor pelo ballet. Não vai ser agora em meus poucos meses de vida que eu vou conseguir.

Eu estava muito inquieta por ouvir tudo aquilo, é como uma comida que é difícil de mastigar e engolir. Nada daquilo me descia goela abaixo, porém eu sabia que se abrisse minha boca para dizer que não era verdade, que na verdade eu tinha passado eu iria chorar. Isso tudo era tão idiota, como eu conseguia me comover tão facilmente ?! Como ela poderia ter a certeza de que era seus últimos meses ? Não tinha como ela saber, então ela não deveria dizer aquilo tão levianamente!

Minha mãe levou a mão na minha bochecha.

- Sei que eu não fui a melhor mãe. - A voz dela estava soando embargada. - Mas pelo menos me permita fazer algo que eu nunca fiz por você. Algo que eu deveria ter feito várias vezes antes.

Assenti com a cabeça.

Ela guiou meu rosto para seu colo, o cheiro era de talco e amaciante barato, mas era incrivelmente bom. Ela tirou a touca que escondia meus cabelos e começou a acariciá-los.

- Vou te contar uma história. - Anunciou ela.

Ela esperou meu consentimento, mas apenas me mantive quieta.

- Era uma vez uma garotinha que tinha tudo o que queria. Ela nunca teve que se esforçar para nada, conforme crescia se tornava cada vez mais arrogante e mimada. Ela era muito bonita também, por isso podia ter qualquer garoto que quisesse e tinha a atenção de todos os adultos. Embora ela fosse arrogante, ela sabia se comportar de uma forma que não fosse odiada, mas conseguisse tudo o que queria de uma forma sutil. - Ela fez uma pausa e tossiu. - Um dia essa garota foi ao teatro e viu uma apresentação, ela se encantou com tudo aquilo, pois lá, ela viu algo que não tinha. Glória. Então pediu para sua mãe lhe levasse para fazer um teste. O que você acha que aconteceu Lilian?

- Se essa garota era você. - Disse. - Então você passou.

- Não. - Negou ela em meio um riso triste. - A garota foi reprovada. Dessa vez não foi tão fácil obter o que se queria, então ela treinou e tentou novamente e foi reprovada mais uma vez, e isso se sucedeu mais cinco vezes. Finalmente a garota conseguiu o que queria, ela entrou na companhia de ballet, agora ela finalmente teria o que tanto desejou, glória, prestígio e reconhecimento.