Sonho.

543 38 6
                                    

Depois que meu tio passou por aquela porta, eu ainda me mantive lá por um bom tempo a encarando. Naquele momento eu não havia sentido, não havia pensando em nada que não fosse os meus momentos com ele. Desde o primeiro que eu recordava, até o último e mais recente. Só me dei conta que estava parada lá a um bom tempo, quando minhas pernas começaram a doer e fraquejaram.
Aquela noite havia sido uma das piores da minha vida, mesmo tentando eu não havia conseguido dormir, antes de me deitar eu desliguei meu celular e retirei a bateria, eu sabia que apenas desligá-lo seria o suficiente, mas não parecia. Eu queria evitar a qualquer custo receber alguma ligação de Meeth, pois tive medo de que meu tio tivesse brigado com ele e por isso ele brigasse comigo, então a melhor opção para mim e que mais me acalmava... embora fosse a mais covarde era essa, fugir para não ouvir novas palavras que me entristeceriam. Demorou, mas de alguma forma eu havia conseguido dormir porém, infelizmente acordei mais cedo do que desejava, às cinco e meia. Como já não mais conseguia dormir e não queria encontrar meu tio tão cedo, decidi ir tomar banho mesmo com o frio inacreditavelmente horrível que estava fazendo.

Foi como Meeth havia dito, quando fui tomar banho ao tirar minha roupa me lembrei dele e depois da conversa com meu tio e isso me entristeceu, mas eu havia decidido não chorar, porque meus olhos estavam inchados e com toda a certeza eu queria que eles voltassem ao seu normal. Depois do banho sequei meu cabelos e passei maquiagem. Me arrumei, vestindo uma calça jeans um sobretudo, botas, touca pretos e por fim coloquei o cachecol que Meeth me dera.

Desci as escada, levei minha mão ao bolso do sobretudo querendo saber que horas eram, mas meu celular não estava lá, soltei um suspiro. As luzes da cozinha estavam acesas. "E se for o tio." Pensei.
Desacelerei meus passos, olhei de forma sorrateira para dentro da cozinha, minha avó estava estava passando café e meu vô estava lendo jornal. Soltei um suspiro e entrei na cozinha.

- Bom dia! - Disse falsamente animada.

- Bom dia minha querida. - Falou meu avô.

- Que raro, Lili... - Comentou minha avó desviando o olhar da chaleira para mim. - Ficou mais regrada enquanto morava com seu tio ?!

- Apenas não consegui dormir muito bem. - Falei me sentando a mesa.

- O que foi ? - Perguntou meu avô. - Estava passando mal ?

- Não. - Falei. - Talvez insônia.

Ontem a noite eu já havia me decidido, visitaria minha mãe sozinha, não queria ir com meu tio e também não queria que ela me menosprezasse na frente de todos.

- Entendo. - Falou minha avó. - Ânimo minha filha, vai dar tudo certo.

- Vai sim. - Falei, embora não concordasse.

- Coma. - Meu avô empurrou a bandeja com pão na minha direção.

Eu ainda não havia percebido, mas estava faminta. Peguei um pão e passei geleia, minha avó colocou um copo cheio de café puro à minha frente, agradeci com um sorriso, tomei um gole do café e olhei para minha avó se sentando à mesa.

- Vó. - Chamei. - Pode me dizer onde fica o hospital ?

- É aquele hospital ao lado da estação norte.

Assenti com a cabeça.

- Pretende ir sozinha ? - Indagou meu avô.

- Sim. - Disse mordendo um pedaço de pão.

- Não! E se você se perder. - Falou minha avó. - Você irá com o Jhony e com seus primos!

- Deixe a menina. - Falou meu avô repreendendo minha avó. - Ela já é crescida, já sabe se virar.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora