Preparação.

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Lilian.

Desde o momento que ele me deixou em casa e seguiu para falar com a Betty a ansiedade e apreensão não me largaram. A história que eles tiveram foi enorme e muito triste, não o culparia se ele desejasse um final feliz para essa história. Observei Annie começar a arrumar as malas, ela não parecia nada contente por ter que ir embora, mas no fim eles acabaram ficando mais tempo que do que haviam previsto, ela no entanto poderia ficar, o tio sugeriu isso. Mas nunca que ela deixaria Archie sozinho, não só porque ela gostava de ficar grudada nele, mas porque ela sabia que ele precisava.

— Odeio viajar de manhã. — Resmungou ela mal-humorada. — Vai ficar parada aí na porta por quanto tempo, Lilian? Não vai me ajudar?

— Na verdade, eu preciso muito falar com o Archie sobre a viagem. — Menti recuando um passo.

— Eu sei que é mentira, Lili... — Refutou.

— Talvez. — Abri um sorriso.

Sai do campo de visão dela me afastando indo em direção ao quarto do Meeth, que por esses dias estava sendo ocupado por Archie. Empurrei com cautela a porta que estava entreaberta, e vi Archie de costas para mim inclinado sobre a mala ao qual tentava fechar.

— Imaginei que você dentre todas as pessoas, teria uma mala bem organizada.

— E tenho, mas estou levando algumas coisas que Annie comprou por aqui. — Explicou. — Ela disse não haver mais espaço em suas malas.

— E realmente não há.

A mala dele não era muito grande, ele era do tipo simples e organizado. Leva apenas o necessário, eu deveria ter previsto que Annie pediria algo assim para ele, deixei escapar um sorriso. Me aproximei e me sentei na mala, Archie deu de ombros e por fim conseguiu fechar o zíper.

— Quem diria que você, de todas as pessoas seria tão pesada.

— É um qualidade, você tem que admitir.

— Como poderia discordar quando me ajudou com o impossível? — Ele se inclinou para trás estralando a coluna. — Não sei como sua prima pode comprar tanta coisa.

— Pois é, quando se casarem vai ter que aprender a dosar isso.

— Casar? — Ele repetiu quase engasgando.

Não segurei o riso.

— Sim, casar! Vai dizer que não pensa a respeito.

— Lilian, eu tenho 19 anos. É bom pensar no futuro, mas não traçar planos tão adiantados. — Ele se sentou na cama ao meu lado. — Você pensa em se casar?

— É claro que eu pen...

— Lilian! — Chamou Annie em um grito. — Venha me ajudar!

— Quer ir dar uma volta? — Sugeri.

— Seria ótimo.

...

O clima da noite estava agradável, o calor do dia foi substituído por um clima primaveril nem quente nem frio. A brisa noturna levava meus cabelos para trás como uma carícia. Subimos a rua observando o bairro que aprendi a gostar mais do que qualquer outro, as casas cinzas e opacas que pareciam sem vida iluminadas pelas luzes amarelas dos postes, eram o contraste perfeito das árvores de folhas secas de tom intenso amarelado que as ladeavam.

Archie caminhava em passos lentos ao meu lado, eu soube que ela fazia isso por vários motivos. Primeiro, a disparidade em nossas alturas, se ele quisesse poderia facilmente me deixar para trás andando em sua habitual velocidade. Segundo, ele era sempre muito atencioso com qualquer pessoa que não estivesse completamente saudável, ele era de fato um cavalheiro. Terceiro ele não gostava de apressar momentos reflexivos como esse, e nem perder oportunidades de conversas longas e sinceras.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora