Insensível.

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Abri a porta de casa olhei em volta as luzes estavam apagadas, parecia que não havia ninguém em casa e isso era estranho. Peguei meu celular e olhei a hora era 20:42, era cedo mas relativamente tarde comparado a hora que eu costumava chegar em casa. 
Tateei a parede ao lado da porta em busca do interruptor, acendi a luz e tranquei a porta. Tirei meus calçados e deixei no declive do piso, vesti as pantufas que estavam ali por perto e subi as escadas.  

- Hoje eu ainda preciso fazer minhas malas. - Murmurei para mim mesma de forma desanimada.

Passei na frente do quarto do meu tio a porta estava aberta e não havia ninguém lá, o mesmo com o quarto de Meeth. Segui para o meu quarto e joguei a bolça no chão, me deitei na cama e fiquei apenas deitada por um tempo tentando colocar meus pensamentos em ordem. Ainda tinha muitas pessoas que eu não havia me despedido (Isah, Drake, Ítalo e companhia), mas provavelmente eu não iria conseguir me despedir, afinal estava indo embora amanhã soltei um longo suspiro. O único que eu tinha certeza que eu ainda iria conseguir me despedir era Meeth. Eu deveria me encontrar com ele agora... antes de chegar em casa eu tinha em mente que ele estaria  aqui me esperando, afinal ele pareceu tão preocupado e aflito na escola. Peguei meu celular e liguei para ele, senti uma leve apreensão e ansiedade eu nunca tinha ligado para ele.

- Lili ? - Disse Meeth do outro da linha.

- Oi. - Respondi. - Onde você está agora ?

- Ainda estou na escola. - Contou ele. 

Ao longe ouvi a porta de casa abrir, eu saí de meu quarto e fui para o corredor e comecei a andar em direção a escada.

- Será que você poderia vir para casa. - Indaguei.

Ele ficou em silêncio e só depois de um tempo percebi o quanto aquela frase havia soado estranha, parecia que eu esposa dele me apavorei e fiquei afobada por um instante e senti minhas bochechas esquentarem.

- Quer dizer... olha eu não quis dizer Nossa casa. - Falei depressa, entonando o "nossa". - É... você pode vir para a minha casa ?

Ouvi ele rir do outro lado da linha. Parei de andar, não importava como eu dizia aquilo soava estranho. Soltei um suspiro ao sentir um fracasso momentâneo por não conseguir terminar uma frase sem que ela pareça estranha.

- Nossa. - Ele disse soando surpreso.- A essa hora da noite está me convidando para ir a sua casa? Sabe o quanto isso soa perigoso Lilian ?

É claro que ele não poderia evitar de fazer piada disso. Eu não consegui evitar rir ele riu também. Mas eu não estava rindo apenas por que era engraçado acho que eu estava rindo mais para disfarçar meu constrangimento.

- Vou tentar de novo. - Disse determinada ainda entre risos.

- Acho melhor não.- Rebateu ele.- Cade vez que você tenta, fica pior.

Revirei os olhos mesmo sabendo que ele não poderia ver.

- Aff.- Emiti. - Dizem que a terceira vez é sempre melhor.

Ele riu novamente, não sei se foi devido ao clima que estava a nossa conversa ou se era por que estávamos maliciando as coisas, mas quando eu disse "terceira vez" não parecia que eu estava me referindo a dizer a frase pela terceira vez e sim que eu estava falando de outra coisa bem diferente.

- Isso é você que está dizendo. - Ele disse rindo. - Do meu ponto de vista depende de como é feit... dito!

"Depende de como é feito ?"  É claro que ele também não poderia perder essa, eu ri balançando a cabeça para ambos lados. Mesmo ele corrigindo a palavra no final não parecia que ele tinha começado a dizer "feito" sem perceber, era bem óbvio que foi proposital.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora