Café.

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Elevei meu olhar, olhando para a pessoa que estava a minha frente. O rapaz de cabelos pretos bem aparados dos lados e com um pequeno topete estava sorrindo me parecendo muito simpático. Senti uma dor aguda na cabeça e levei a mão no local, aquele pesadelo havia sido tão real que me perturbou ao ponto de eu sentir dor de cabeça. O garoto tirou a mão do meu ombro e estendeu a mão para mim, olhei para a mão dele e após para os olhos claros... verdes dele. Segurei a mão dele.

- Desculpa se eu não estou certo. - Falou ele. - Mas você parecia estar tendo um pesadelo. Qual seu nome ?

- Na verdade você estava certo. - Disse pensativa ao me recordar novamente do pesadelo. - Meu nome é Lilian.

Ele soltou da minha mão e se sentou na poltrona que antes estava meu pai. Olhei em volta, o lugar não estava mais vazio. Esse hospital era um hospital particular e essa área tinha somente quatro quartos para pacientes, então além de mim e Archie havia apenas mais uma senhora e um senhor.

- Hmm... - Emitiu ele. - Fico feliz que estava certo, na situação que estamos é muito fácil ter pesadelos, na verdade estamos vivendo um. Mas não podemos desanimar.

- Obrigada por ter me acordado. - Disse voltando minha atenção para ele.

- Por nada. - Ele disse sorrindo.

Peguei meu celular e olhei a hora. Eram duas e quarenta dois, eu havia dormido tanto assim ? Deveria estar mais cansada do que imaginei.

- Você está aqui desde que hora ? - Indagou ele. - Digo, desde que cheguei você está aqui.

- Estou aqui desde às sete. - Falei. - E você ?

- Desde das dez. - Contou ele. - Mas estou sempre por aqui, porém é a primeira vez que a vejo.

Olhei para ele. Ele parecia tão feliz, mas se ele estava sempre aqui significa que alguém importante devia estar realmente em uma situação complicada. Provavelmente problemas no fígado também, já que essa era uma área do hospital que só tratava disso.

- Está vendo aquela senhora ? - Indagou ele.

Assenti com a cabeça e olhei para a senhora que estava tricotando, ela tinha toda a raiz do cabelo branca e resto dos cabelos curtos aparados eram cinzas. Ela aparentava ter por volta dos seus cinquenta.

- O nome dela é Tereza. - Falou ele. - Ela está aqui por causa do seu marido George, ele tem uma cirrose que está quase evoluindo para um câncer. E aquele senhor.

Olhei para o senhor na outra poltrona, ele estava dormindo agarrado em sua bengala. O senhor de poucos cabelos grisalhos usava um óculos com as lentes mais grossa que já vi em minha vida, ele deveria ter uns setenta anos.

- Aquele senhor é o Yuri. - Continuou ele. - A sua esposa Lêna está internada, com câncer.

Olhei para ele, o mesmo estava olhando para mim.

- O que eu quero te dizer Lilian. - Falou ele. - É que conheço todos aqui. Assim como os pacientes que estão internados, mas não te conheço.

- Mas você não espera conhecer todos do hospital ?! - Debochei. - Ou espera ?

Ele riu e olhou para baixo e depois voltou a olhar para mim.

- Não. - Falou ele ainda rindo. - Não tenho a intenção de conhecer todos, apenas queria ser simpático.

- Tudo bem. - Disse. - Me desculpe, só não estou no meu melhor momento.

- Entendo... - Falou ele. - Ninguém está, mas se ficarmos depressivos não irá ajudar em nada; não é mesmo ?

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora