Melancolia.

645 52 6
                                    



A melhor coisa que eu sabia fazer era dormir, mas por mais que eu tentasse não estava conseguindo. Minha mente estava a mil, quando me deitei pensei sobre quais as possíveis coisas que poderiam ser intituladas de "problema" para o meu tio, depois de tanto pensar e nada dormir, cheguei a seguinte conclusão: Problemas amorosos, no trabalho ou de saúde. Mas a pesar de chegar nessa conclusão não conseguia dizer qual desses problemas poderia ser.

Me mexi desconfortável na cama e virei para o outro lado.

Eu estava melancólica e apreensiva, de pensar em problemas do meu tio, era impossível não pensar nos meu próprios problemas. Eu já havia cansado de correr atrás de Meeth e decidi que não iria mais fazer isso.

- Se você se valorizar. - Disse em um sussurro para a minha consciência. - Os outros lhe valorizaram mais.

No entanto eu achava que eu me valoriza o suficiente, mas não me sentia valorizada.

Tateei a parede até o interruptor e acendi a luz. Sem muita cerimônia me levantei e fui em busca do meu amado livro que desde que ganhará do meu pai eu já havia lido várias vezes e hoje seria mais uma dessas vezes.

Me deitei na cama e observei a capa do livro ''A teoria de tudo'' e me lembrei de quando meu pai havia me presenteado, foi no dia que ele me deu a notícia que viria morar com meu tio. No início eu estive animada e ansiosa para que o dia de eu me mudar chegasse logo mas agora só consegui sentir saudades de casa, saudades do meu pai e dos meus amigo e até mesmo da minha mãe. Abri o livro e iniciei a leitura, porém por mais que eu lesse parecia que não havia lido nada, eu estava me recordando de tantas coisas aleatórias que não conseguia prestar atenção. Lembrei da expressão que meu pai fizera quando me deu o livro, a notícia de que não moraríamos mais juntos, por mais que meu pai assumisse uma expressão de preocupado e talvez até mesmo um pouco triste eu não podia esconder meu sorriso. Mas depois que fui embora não conseguia parar de pensar que meus pais só queriam me afastar ou se livrar de mim por que eu era um incomodo, talvez fosse mesmo. Eu não era um prodígio do ballet como minha mãe queria que eu fosse. 

A sensação de não se sentir amada eu conhecia bem, e a de se sentir indesejada também. Minha mãe não era a melhor a mãe, mas ainda sim me sentia grata por ela ter feito o esforço de me criar.

Quando minha mãe era mais nova ela tinha se apresentado várias vezes no teatro Bolshoi, na época ela estava vivendo sozinha em Moscou exclusivamente pelo ballet, assim que ela chegou aqui ela conheceu meu pai, ele virou seu parceiro de várias apresentações, segundo eles foi a amor a primeira vista, logo os dois casaram ela estava tão feliz sua vida estava ficando cada vez melhor, mas então ela sofreu um acidente. Meus pais nunca me contaram como ou que jeito minha mãe se acidentou, mas ela sempre me culpou por isso e é claro que embora eu não me lembre a culpa seja minha. 

Esse pensamento me fez revirar o olhos ironicamente.

O acidente impossibilitou que minha mãe continuasse com sua estimada carreira e assim para não deixa-la com um gosto mais amargo na boca meu pai deixou de se apresentar também, assim ambos abriram um estúdio de ballet.

Minhas lembranças e minha quase iniciada leitura foram interrompidas com o som da voz do meu tio do outro lado da porta.

- Lili está acordada ? - Indagou ele. - Posso entrar ?

Olhei para porta, esperando que ele entrasse no quarto.

- Claro tio. - Disse, me sentando na cama.

A expressão facial dele era de preocupado talvez confuso, na verdade eu não sei dizer ao certo... apenas parecia que ele tinha algo para dizer que não queria.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora