Ira.

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Notas iniciais: Gostaria de pedir muitíssimos perdão para você pela minha demora de praticamente um mês sem postar.

Mi perdoí pessoas ;-;


Minha avó e meu avô decidiram que me deixariam entrar antes para falar com a minha mãe e após dez minutos eles fariam o mesmo. A enfermeira me deu um avental com mangas que desciam até meu pé e uma touca para os cabelos para que eu vestisse antes de entrar no quarto da minha mãe.

Eu estava nervosa, não sabia explicar exatamente "porque." Sabe aquela sensação que você fez algo de errado e precisa se explicar ? Era isso que eu estava sentindo. Abri a porta do quarto e após a fechei.

Acho que até esse momento eu ainda não havia se dado conta de que minha mãe estava realmente doente. De todas as vezes que eu a vi eu nunca tive a imagem de que ela era uma mulher vulnerável, diferente de agora.

Ela fechou o livro que estava lendo se certificando de que o marca página estivesse bem colocado, a mesma olhou para mim e abriu um sorriso. O sorriso dela me surpreendeu muito, me surpreendeu mais do que descobrir que ela tinha câncer. Minha mãe nunca sorria para mim, sua expressão sempre era a mesma, severa. Olhei para trás para ver se ninguém mais havia entrado ali, mas era só eu.

- Onde estão seus modos ? - Falou ela ainda com um sorriso nos lábios. - Depois de tanto tempo sem ver sua mãe, ao menos um "oi" você deveria ser capaz de dizer.

Era realmente estranho vê-la sorrir.

- Oi. - Disse desconfiada.

- Venha aqui Lilian. - Falou ela dando leve batidas na cama ao seu lado.

Foi inevitável não franzir a testa, apontei para a cama.

- Aí ? - Indaguei.

- Se apresse.- Falou ela. - você não me ouviu ?!

Me aproximei, ela foi um pouco para o lado dando espaço para que eu se sentasse em sua cama.

- Tem certeza ? - Perguntei. - Tem uma cadeira aqui do lado.

- Não se preocupe com isso.

Me sentei ao lado dela. Aquela situação era estranha, eu não sabia o que deveria dizer. Olhei para a porta.

- Lilian. - Chamou ela.

Olhei para minha mãe e ela levou as mãos a touca em minha cabeça.

- Eles disseram que eu não deveria tirar a touca. - Contei. - Pode ter sujeiras lá de fora em meu cabelo.

- Não me lembro de ter lhe perguntado algo. - Ela disse terminando de tirar a touca de meus cabelos. - Quero ver seus cabelos e me certificar de que não fez nada imprudente com eles enquanto estava com seu tio.

Me mantive em silêncio. Eu realmente deveria tê-los contardo! Talvez raspado de um lado ou embaixo... quem sabe.

- Que bom! - Ela disse sorrindo.

Senti os dedos dela adentrarem meus cabelos, aquilo estranhamente parecia um carinho.

- Que você não cortou. - Concluiu ela.

Não importava a maneira como eu olhasse, ela não parecia minha mãe! Não só por ela estar sendo toda gentil, mas aparência dela estava toda mudada.
Minha mãe sempre teve orgulho de seus longos cabelos dourados, pouca coisa mais escuros que os meus, mas isso os fazia muito mais belos que os meus. Os cabelos dela sempre foram longos, lisos e com leves ondulações nas pontas, porém geralmente ficavam presos em um coque, pois quase sempre estava vestida a caráter de bailarina.
Mas agora, não havia nada. Nem sequer um fio para lembrar aqueles cabelos enormes de antes, a cabeça dela estava toda raspada e até mesmo os cílios que antes eram longos e muitos agora estavam quase todos extintos. Talvez a sobrancelha dela também já estivesse ido embora, porque ela havia feito com lápis o contorno da mesma.

Dyed Storm - Dois amores impossíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora