Sexta-feira, 17 de dezembro
Mikey era mimado; conseguia tudo o que queria. Então, ele me encarou, disse que gostou de mim e que agora seríamos amigos. Bem, olha só onde estamos agora.
— Mouse, sinto muito. Estão falando com a pessoa errada — suspirei, enquanto alternava meu olhar entre os dois garotos à minha frente.
— Chifuyu vai ficar tão triste, não é, Baji?
— Olha aqui, não comecem — falei, irritada. Era inacreditável o quanto os dois podiam ser insistentes e irritantes. — Primeiro, eu não entendo nada de motocicletas e, segundo, a culpa é inteiramente de vocês por terem deixado para comprar de última hora.
— Você só vai precisar escolher.
— Sou indecisa.
— Acreditamos no seu gosto.
— Vocês o conhecem há mais tempo.
A cada frase, minha irritação crescia. Ao contrário de Baji, que sorria cada vez mais, claramente se divertindo com a situação. Canalha.
— E você conhece todos os gostos dele.
— Então está decidido — Mikey disse, levantando-se do sofá da minha casa. — Harumaki vai comprar amanhã a motocicleta de aniversário do Chifuyu.
— Não está decidido nada.
— Vamos, Baji, temos que encontrar os outros.
— Esperem, vocês não podem simplesmente decidir algo por mim assim.
Os dois começaram a caminhar em direção à porta.
— Estou falando com vocês! Não me ignorem.
— Não se preocupe, o Kenzinho vai com você. Ele passa aqui amanhã às 7:30.
— Tchauzinho, Harumaki — os dois acenaram, sorriram e saíram da minha casa.
Malditos.
Levantei do sofá e fui em direção à porta para trancá-la. Aproveitei e apaguei as luzes, tanto da cozinha quanto da sala. Eu precisava dormir, mas, ao chegar no meu quarto e ver todos aqueles livros em cima da cama, me senti culpada. Não ia dormir, precisava estudar.
Separando os papéis de anotações, encontrei uma foto minha e dos garotos na lanchonete. Sorri, lembrando desse dia; era aniversário do Mitsuya. Passamos o dia inteiro comendo e fazendo bobagens pelas ruas, como pixar as paredes de um prédio abandonado ou sair correndo, gritando "assalto". Eu me sentia tão sortuda, amava tê-los por perto. Pendurei a foto no mural do meu quarto e voltei para a mesa. O relógio branco que estava sobre a mesa marcava 23:30.
— Bem, se eu tiver sorte, estudo até as 04:00, durmo e acordo às 06:30, e me arrumo para encontrar o Ken às 7:30.
Estava atrasada. Era 07:20, e eu ainda preparava meu café da manhã. Na verdade, eu estudei até as 05:00 e dormi até as 06:30. É uma bela rotina, eu diria.
— No soy traficante, pero escucho corridos que juega tomando Tecate — cantava alegremente enquanto mexia os ovos, mas parei assim que escutei a campainha.
Fui em direção à porta e, quando abri, dei de cara com uma figura sonolenta.
— Bom dia, Draco! — sorri e dei espaço para ele entrar.
— Foi mal a demora. Não sou acostumado a acordar cedo em um sábado.
— Está tudo bem, só foram 15 minutos — fechei a porta atrás de mim e caminhei de volta para a cozinha. — Já tomou café da manhã?
— Não.
— Espere um segundo, vou preparar algo para você.
Estava esquentando o arroz e o chá-verde, coloquei o natto e o tofu no prato enquanto ainda cantava.
— She take my dinero, take my dinero.
Levei os pratos com o café até onde o Ken estava, ainda cantando animadamente.
— I'm with her rolling, my heart is broken, my money's stolen.
— Você é péssima — o garoto gargalhou.
— Não me lembro de ter perguntado — sorri e coloquei tudo o que tinha preparado na sua frente na mesa.
— De quem é a música?
— Kiyotaka Furushima.
— Não sei quem é.
— O ator que interpreta o Sero, em Boku no Hero. Descobri que ele é latino.
Me sentei na mesa, de frente para ele, e começamos a comer.
— Obrigado pela comida. — ele falou com a boca cheia de tofu. — Valeu por ser tão atenciosa.
Queria que ele tivesse noção do quanto mexe comigo. Mesmo que ele diga coisas simples, que eu não me importaria tanto se outras pessoas falassem, quando ele me diz, meu coração acelera e eu fico boba. Olha só, Ken Ryuguji, o que você fez comigo.
Estava frio, afinal, era inverno. Gostaria de estar em casa, bem aquecida. Mas, para compensar, eu adorava a companhia do garoto alto ao meu lado. Ele não era muito de falar, pelo menos, não como eu. Então, ele se tornava um bom ouvinte, sempre prestando atenção em tudo o que eu dizia.
— Estou tão ansiosa. Provavelmente vai lançar em fevereiro; seria um presente de aniversário e tanto. Estou com saudades do Kenma, espero que ele apareça.
— Kenma, o personagem por quem você é apaixonada?
— Sim! — olhei para ele, sorrindo — Ele não faz parte do Karasuno, então tenho dúvidas se ele vai aparecer no filme ou não.
— Honestamente, não sei o que você viu nele. Ele é tão sem graça.
Parei imediatamente de andar e arregalei os olhos.
— Como é? — coloquei a mão no peito, em uma pose bem dramática. — Como você pode falar isso dele?
Draken gargalhou. Meu coração acelerou.
— É sério, não faça isso. Temos que ir. Mas eu não menti — voltei a andar ao lado dele, e só percebi que estava o encarando quando ele me encarou de volta. — Não me olhe assim.
— Assim como? — desviei o olhar para a rua. Do outro lado, já podia ver a loja que vendia motocicletas.
— Não sei explicar. Bem, se o filme lançar, eu te faço companhia. Afinal, fevereiro é o seu aniversário, não é?
— É sério? Mesmo? — dei pulinhos de felicidade; isso seria como um sonho.
Ele gargalhou mais uma vez. Eu amo música, mas se a risada dele fosse gravada e colocada no Spotify, com toda a certeza, seria o som que eu escolheria para escutar o resto da vida.
— Você é muito idiota, sabia? Olha só, até que enfim chegamos, Maki.
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Tudo O Que Eu Queria · Ken Ryuguji
FanfictionEm meio ao caos e às aventuras de uma gangue de delinquentes, surge uma história de amor entre um garoto confuso e uma garota emocionalmente estável. No entanto, o caminho do amor deles não é fácil. Uma terceira pessoa entra em cena, tornando tudo a...