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Sexta-feira, 14 de janeiro


A semana tinha passado depressa, e minha rotina seguia a mesma. Escola em turno integral, e quando eu chegava em casa, passava a madrugada estudando, tirando no máximo uma hora e meia de sono. Às vezes, Baji e Chifuyu me esperavam para me levar para casa, mas aparentemente algo estava acontecendo com a Toman. Eles pareciam agitados desde o dia em que Ken me deixou sozinha no parque. Mas ninguém queria me contar o que era, eles eram protetores o bastante para me manter longe desse tipo de confusão.

Talvez seja isso que esteja mantendo o Ken distante. Ele provavelmente não quer me envolver em problemas. Trocamos mensagens às vezes, mas a frequência diminuiu. Nós dois temos coisas para focar, e, até por mensagem, dá para sentir que algo o incomoda.

Era 15:30, a última aula do dia. O professor já tinha saído da sala, e eu começava a arrumar meus materiais, quando senti duas mãos batendo forte sobre a minha mesa. Esperei que fosse o Baji, como sempre, mas dessa vez, não era.

— O que você pensa que está fazendo? — perguntou uma voz que não reconheci de imediato. Eu a encarei, confusa.

— Como? — Respondi, mantendo a calma. Eu não tinha energia nenhuma para gastar discutindo com alguém.

Na verdade, nunca gostei de discussões e nunca tive paciência para elas.

— Escutei no corredor o diretor conversando com uns homens de terno. Eles querem dar o maior prêmio para você na cerimônia. — O desdém na voz dela ao falar "você" era evidente.

Voltei a arrumar minhas coisas. Precisava ser rápida; tinha coisas para resolver.

— Você não sabe, talvez ele só tenha sugerido. E, aliás, Sato, você é a primeira no ranking, com toda a certeza vai levar um bom prêmio.

Mas, eu a entendia. Ainda não era o bastante. Sempre era mais, se esforce mais, estude mais. Mais, mais e mais. 

— É, mas aquele prêmio específico tem um impacto direto na promoção dos alunos para o próximo nível. — Ela respondeu, ainda com raiva.

— E por qual motivo você acha que eles dariam o prêmio para mim e não para quem está em primeiro lugar? — A encarei sem muita expressão, o que pareceu deixá-la ainda mais irritada.

— Não acredito que você está me perguntando isso. — Sato riu, totalmente debochada. — Você começou o ginásio sendo uma das últimas e vai terminar no top 5. Seu desempenho foi incrível, sua melhoria é gritante.

— Ainda não faz sentido. Você sempre esteve em primeiro lugar, seu desempenho sempre foi ótimo.

— Se você levar o prêmio — ela aproximou seu rosto do meu, fazendo que nossos olhos ficassem pertos — vai motivar os outros alunos a se esforçarem também. E se todos estudarem porque acham que vão receber recompensas, o nível sobe. — Ela se afastou, agora me olhando de cima — É uma jogada inteligente. O que importa é a imagem da escola, e você é a história de sucesso perfeita para eles.

E isso fazia sentido, pelo fato da entrevista ter sido comigo e não com quem estava em 1°, então a raiva dela já estava acumulada.

Suspirei, cansada daquela conversa. Levantei ficando na sua frente. 

— Olha, Sato, eu não estou competindo com você. Estou apenas tentando fazer o meu melhor, assim como você faz. Se eles decidirem me dar algum prêmio, foi porque eu mereci, só isso.

Isso pareceu a deixar com mais raiva ainda, eu só vi ela levantar seu braço direito na minha direção. Antes que eu pudesse reagir, o braço dela foi segurado firmemente no ar. Olhei para o lado e vi Baji, com uma expressão séria no rosto, segurando o pulso de Sato.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora