Quarta-feira, 5 de janeiro
Eu estava fugindo de tudo. Da Toman, das garotas daqui, dos meus próprios sentimentos. E, acima de tudo, estava fugindo da Maki. Desde que a Emma voltou e olhei em seus olhos, algo dentro de mim pareceu virar de cabeça para baixo. Eu não conseguia distinguir o que estava sentindo, e a última coisa que queria era arrastar a Maki para essa confusão.
E cada vez que via uma mensagem dela no meu celular, era como se uma culpa me atingisse direto no peito. Mas eu continuava a fazer o mesmo: responder com algo curto, manter distância.
"Estou ocupado agora, depois nos falamos." Quantas vezes eu já tinha dito isso?
— Como eu sou ridículo. — Sussurrei para mim mesmo, fechando os olhos.
Eu afundei o rosto nas mãos, tentando bloquear o turbilhão de pensamentos que me consumia. A verdade é que eu estava me afogando na minha própria incapacidade de lidar com as coisas. Fugir parecia mais fácil.
O silêncio ao meu redor era ensurdecedor. A Toman tinha se tornado mais intensa nos últimos tempos, mas, mesmo quando eu estava com os caras, minha cabeça estava longe, perdida nesses sentimentos confusos que se amontoavam dentro de mim. Eu sempre fui o tipo de cara que resolvia as coisas de frente, sem hesitar, mas agora... agora eu não conseguia nem enfrentar uma garota. E não era qualquer garota, era a Maki.
"Eu sou ridículo." A frase ecoava em minha mente enquanto me forçava a levantar. O celular vibrava na mesa, o peguei.
Maki.
Minha mão vacilou sobre o aparelho, o impulso de responder estava ali, mas as palavras travavam. O que eu podia dizer a ela? A verdade? Que minha cabeça estava uma bagunça? Que eu não sabia lidar com o retorno da Emma e que isso me fazia afastá-la?
"Porra..." Suspirei, me afastando do celular, incapaz de encarar a realidade mais uma vez.
Segundos depois meu celular começou a tocar, dessa vez era Emma. Atendi, talvez pudesse ter acontecido algo sério com Mikey.
Atendi o celular com um nó na garganta, esperando que algo sério tivesse acontecido.
— Alô? — minha voz saiu mais tensa do que eu queria.
— Draken? — Era a voz suave da Emma. — Onde você está? Podemos conversar? Não te vejo desde o dia em que eu voltei.
Ouvir o nome dela fazia meu peito apertar, como se algo estivesse fora de lugar. Não era culpa dela, mas eu não sabia o que era.
— Tudo bem, onde? — perguntei, quase sem pensar.
— Que tal na lanchonete onde a gente costumava se encontrar? — ela sugeriu, a voz leve.
Minha mente girava com a confusão de emoções. Quantas memórias eu tinha com Emma naquele lugar? Momentos de uma vida que parecia ter ficado no passado, mas que agora ressurgia e me prendia de novo.
— Certo. Nos vemos lá. — Concordei, sem saber ao certo se estava tomando a decisão certa.
Desliguei o celular e fiquei encarando o nada por alguns segundos. O que eu ia dizer pra ela? E o que isso significava pra Maki? Eu já estava me afastando dela sem explicações, e agora ia me encontrar com a Emma. Parecia que, quanto mais eu tentava fugir, mais eu me afundava nessa confusão.
Levantei e fui até o banheiro, lavando o rosto como se a água pudesse me ajudar a pensar com clareza. Mas, no fundo, eu sabia que não era tão simples.
Eu estava sentado na lanchonete, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, olhando pela janela enquanto a luz suave do fim de tarde iluminava a rua. O som distante de conversas e o aroma de café fresco no ar não faziam nada para aliviar o peso no meu peito. Eu sabia que Emma chegaria a qualquer momento, e só de pensar no que precisávamos conversar, meu estômago se revirava.
A porta se abriu com um leve tilintar do sino, e meu coração deu um salto involuntário quando a vi entrar. Emma estava quase igual à última vez que a tinha visto, antes de viajar — talvez um pouco mais madura, mas ainda com aquele sorriso suave que eu conhecia tão bem. Seus olhos me encontraram, e por um segundo, parecia que o tempo havia parado.
Ela caminhou até a minha mesa, sentando-se do outro lado com uma expressão serena.
— Obrigada por vir, Draken. — Ela disse com um sorriso tímido, deslizando as mãos sobre a mesa. — Faz muito tempo, né?
Assenti, tentando encontrar as palavras certas. — É, faz sim. — Respondi, minha voz saindo rouca. — Como você tá?
— Bem. — Ela hesitou, olhando pela janela por um momento antes de voltar os olhos para mim. — Eu senti tanto a sua falta. Mal podia esperar para ver seu rosto e seu sorriso de novo.
Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago.
— Emma... — comecei, sem saber como continuar. — Eu também senti sua falta. Quando você foi embora, foi tudo tão de repente.
— Me lembro de quando me declarei para você, um dia antes de ir para os Estados Unidos. Estava tão nervosa. Foi um alívio tão grande você ter dito que sentia o mesmo e que eu não precisava me preocupar, porque você estaria aqui quando eu voltasse. Muito obrigada por ter cumprido a promessa e me esperado, Draken.
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Tudo O Que Eu Queria · Ken Ryuguji
FanficEm meio ao caos e às aventuras de uma gangue de delinquentes, surge uma história de amor entre um garoto confuso e uma garota emocionalmente estável. No entanto, o caminho do amor deles não é fácil. Uma terceira pessoa entra em cena, tornando tudo a...