26.

24 3 0
                                    

Sexta-feira, 11 de fevereiro


Eu não fazia ideia do que fazer. O desespero estava começando a me dominar. Cada passo parecia mais pesado, e as palavras da senhora Nakamura ecoavam na minha cabeça. "Ela precisa de você mais do que imagina."

Eu me sentia impotente. Como eu, que sempre estive ao lado da Harumaki, deixei isso passar? Meus punhos se fecharam, e a ansiedade crescia no meu peito enquanto eu me aproximava da casa do Mikey. Precisava contar a ele tudo que tinha descoberto.

Quando finalmente cheguei em frente à casa dele, dei de cara com Emma que estava parada na porta da casa do Mikey, os ombros caídos e o olhar distante. Ao me ver, ela levantou a cabeça, mas seu sorriso parecia forçado. Algo estava errado com ela também, mas eu não tinha ideia do que.

— Draken... — ela murmurou, tentando parecer forte.

— Emma? O que aconteceu? — Perguntei, preocupado. Me aproximei devagar.

Ela balançou a cabeça, como se quisesse afastar o assunto, mas hesitou antes de responder.

— Só me sinto um pouco deprimida hoje. 

— Você quer conversar sobre isso? — perguntei, tentando ser cuidadoso.

Ela deu um pequeno sorriso, mas seus olhos não acompanhavam.

— Eu... não quero te incomodar. — ela hesitou, cruzando os braços, como se estivesse tentando se proteger.

— Você nunca me incomoda, Emma. — Falei com firmeza, dando mais um passo em sua direção. — Se tem algo te deixando assim, pode me contar.

— Podemos dar uma volta juntos? 

— Claro, vamos. — Respondi, tentando oferecer algum conforto com o meu tom de voz.

Emma começou a andar devagar, e eu a acompanhei em silêncio, dando espaço para ela falar quando estivesse pronta. O silêncio entre nós era pesado.

Depois de alguns minutos, ela finalmente quebrou o silêncio.

— Você espera algo de mim?

Fiquei surpreso com a pergunta dela, parando por um segundo antes de responder.

— Esperar algo de você? — repeti, tentando entender o que ela queria dizer.

Ela olhou para o chão, parecendo hesitar em continuar, como se estivesse lutando contra seus próprios pensamentos.

— Não sei... desde que eu voltei, e saímos junto você me olha como se esperasse que eu fizesse algo.

Franzi a testa, tentando processar o que ela estava dizendo. Eu realmente estava agindo dessa forma?

— Eu... — comecei, mas não sabia bem o que responder.

Ela continuou olhando para o chão, os braços cruzados como uma barreira, como se estivesse tentando se proteger de algo.

— Então por que parece que você está sempre esperando algo? Como se... não sei, quisesse que eu fosse diferente, que eu fizesse ou dissesse alguma coisa.

Fiquei em silêncio por um momento, refletindo sobre suas palavras. Caminhamos até uma pequena praça e nos sentamos.

— Quando a gente anda junto, às vezes, você me olha de um jeito esperançoso, como se estivesse esperando que eu dissesse algo, mesmo sabendo que eu não sou muito de falar. Ou quando você perguntou se eu queria café, mesmo sabendo que eu odeio café. E quando você tenta puxar assuntos sobre séries, me pergunta como se eu realmente assistisse.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora