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Domingo, 26 de dezembro


— Tchau, vovó, volto logo. Se cuida e lembra o vovô de tomar todos os remédios. — Acenei, sorrindo.

— Tchau, querida. Se cuide também. Você parece mais magra que o normal, então se alimente bem. — Ela acenou de volta e me mandou um beijo. Retribui com outro.

Segui o caminho de volta para casa, satisfeita por ter passado o Natal na casa dos meus avós. Foi maravilhoso, apesar de eu ter dormido praticamente o dia inteiro.

Hero too, I am a hero too... — Cantarolava animadamente.

— Haru! — Parei de caminhar e me virei, dando de cara com Tetta Kisaki correndo em minha direção. — Olá.

— Oi. — Sorri, tentando parecer mais simpática do que realmente estava sendo. — Você mora por aqui?

— Não, estava indo para casa. Acabei te vendo e resolvi vir falar com você. Como sou novo no grupo, estou tentando ficar próximo de todos. Odeio deixar um clima ruim.

Achei que só tinha tido uma impressão ruim quando o vi pela primeira vez, mas realmente, havia algo em Tetta Kisaki de que eu não gostava.

— Fico feliz por você estar se esforçando tanto. Eles parecem gostar de você.

— Digo o mesmo de você. Toda vez que estamos juntos, pelo menos uma vez você é mencionada na conversa. — Ele falou, rindo sem graça. — Todo mundo tem uma posição na Toman, e eu diria que você é o coração.

— Ah, não exagera. — Respondi, rindo sem jeito. — Eles só me suportam porque eu trago doces de vez em quando.

Kisaki sorriu, mas havia algo nos olhos dele que me deixava desconfortável. Uma intensidade que eu não conseguia decifrar.

— Bom, acho que isso é mais do que apenas doces. — Ele comentou, com um tom suave.

Continuei caminhando, agora ao lado dele, tentando manter a conversa leve.

— Então, como foi seu Natal? — Perguntei, mudando de assunto.

— Foi tranquilo. Passei com a família, mas confesso que preferia estar com a galera. Acho que estou me acostumando a essa nova rotina.

— É, a Toman pode ser meio... intensa. — Concordei, dando uma risadinha.

— E você? — Ele perguntou, me observando com um olhar atento. 

— Passei com os meus avós. Foi ótimo. — Respondi, tentando parecer casual. — Bom, minha casa é aqui.

No momento em que avistei Ken frente à minha porta, senti meu estômago se apertar. Não esperava vê-lo ali, ainda mais àquela hora. Kisaki seguiu meu olhar e percebeu a presença de Ken.

— Parece que alguém estava esperando por você. — Ele comentou, com um sorriso discreto.

— Kisaki? — Ken cruzou os braços e o encarou 

— Eai, Draken. 

— Vocês estavam juntos?

Kisaki manteve o sorriso, mas havia algo desafiador em seu olhar ao encarar Ken.

— Só estávamos conversando. Acabamos nos encontrando no caminho. — Ele respondeu com um tom despreocupado.

Ken continuou me olhando, e percebi que estava tentando medir a situação. Havia uma tensão no ar que era difícil de ignorar.

— Maki, a gente precisa conversar. — Ele repetiu, sem tirar os olhos de Kisaki.

— Eu já estava de saída. — Kisaki disse, levantando as mãos como quem não quer criar problemas. — Nos vemos por aí, Haru.

Eu apenas assenti, enquanto ele se afastava. A tensão parecia diminuir um pouco, mas ainda estava lá. Ken me olhou com uma expressão séria, e eu sabia que ele não deixaria o assunto passar.

— O que foi isso? — Ele perguntou, apontando com a cabeça na direção em que Kisaki tinha ido.

— Não foi nada, Ken. A gente só estava conversando, de verdade. — Respondi, sentindo a necessidade de me defender.

— Haru? Quem ele pensa que é? — Ele falou quase como um sussurro, mas eu acabei escutando.

Ele suspirou, descruzando os braços e se aproximando de mim.

— Trouxe para você. — Ele tirou um pequeno objeto do bolso e me entregou.

Assim que peguei, comecei a dar pulinhos de alegria, eu sorri e meus olhos começaram a lacrimejar.

— Muito obrigada, Draco. — Fiz uma cara meio chorosa.

Ken me observava com um leve sorriso enquanto eu examinava o objeto em minhas mãos. Era algo pequeno, mas muito significativo para mim. Quer dizer, era o próprio Kenma Kozume em miniatura.

— Eu sabia que você ia gostar. — Ele disse, passando a mão pela nuca, claramente desconcertado pela minha reação.

— Você não precisava, de verdade... — Respondi, ainda emocionada. — Mas, obrigada. 

Ele deu de ombros, tentando parecer despreocupado.

— Queria te ver sorrindo. Achei que isso ajudaria.

Eu ri, ainda segurando o presente com carinho.

— Você sempre sabe como melhorar meu dia. — Falei, olhando para ele com gratidão.

Ele se aproximou mais, colocando uma mão no meu ombro.

— Sempre vou estar aqui para isso.

Ele tirou a mão do meu ombro e colocou na parte de trás da minha cabeça, empurrando de leve, fazendo com que meu rosto ficasse contra seu peito. Envolvi meus braços em volta da sua cintura, enquanto a outra mão dele deslizava até o meio das minhas costas, empurrando suavemente, como se ele quisesse me aproximar ainda mais, apesar de nossos corpos já estarem colados.

Eu estava mergulhando em uma onda de conforto e euforia ao mesmo tempo. Sentir seu toque, o calor do corpo dele, trazia uma sensação de segurança absoluta, como se o mundo inteiro tivesse desaparecido e nada mais importasse além daquele momento.

Meu coração estava disparado, e minhas mãos tremiam levemente. O cheiro de Ken, a suavidade do toque dele, e o som de sua respiração perto do meu ouvido eram hipnotizantes. Eu desejava que aquilo não acabasse. O tempo pareceu desacelerar; talvez aquela proximidade tenha durado no máximo dez segundos, mas para mim, pareceu uma eternidade.

— Eu já fiz o que tinha que fazer. — Falou sorrindo. — Vou indo nessa.

Com um último olhar carinhoso, ele se afastou, e eu permaneci ali, ainda sentindo o calor e o conforto do abraço, enquanto observava Ken se afastar e desaparecer na esquina.

Entrei em casa e logo me deparei com livros e papéis de anotação espalhados por todos os cantos. Fui direto ao meu quarto para colocar minha pequena miniatura do Kenma em cima da mesa de cabeceira. Depois, fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei dois energéticos. Para ser sincera, já não fazia diferença, mas peguei mesmo assim.

Sentei no tapete da sala, coloquei as latas de energético em cima da mesa de centro e abri um dos cadernos. Vi um pequeno post-it escrito "faltam 4 meses" e uma onda de culpa percorreu meu corpo.

— Merda! Falta tão pouco tempo, e eu só preciso estudar... Por que gasto tanto tempo fazendo bobeira?

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora