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Quinta-feira, 19 de fevereiro


Eu estava no quarto dela, o espaço pequeno e intimista parecia ainda mais apertado agora que nossas emoções estavam à flor da pele. Emma estava tão perto, seu olhar fixo no meu, como se buscasse algo que eu não sabia se era possível oferecer. O beijo começou suavemente, como um sussurro que se transformava em algo mais profundo.

No entanto, enquanto nossos lábios se tocavam, um turbilhão de sentimentos conflitantes se formava dentro de mim. O toque dela era quente e cheio de sentimentos, mas eu não conseguia ignorar o desconforto que se formava no fundo do meu peito. A culpa me envolvia como uma sombra, e eu me perguntava se era certo, se eu estava fazendo a coisa certa.

Meu coração batia acelerado, mas não era apenas por causa da proximidade dela. Era a sensação esmagadora de que, apesar da nossa conexão, algo estava fora de lugar. Emma parou o beijo, se afastou e sorriu. A vontade de proteger e cuidar dela era intensa, mas a culpa por estar na situação em que estávamos também era avassaladora.

Enquanto Emma se aproximava novamente e seus beijos se tornavam mais desesperados, eu sentia como se estivesse navegando em um mar turbulento de sentimentos conflitantes. Cada toque, cada beijo parecia aprofundar a sensação de que, apesar de todos os meus esforços para fazer ela se sentir bem, eu estava contribuindo para uma situação ainda mais complicada. A confusão e a culpa permaneciam como uma nuvem constante, obscurecendo qualquer clareza.

Emma, com a respiração pesada e os olhos brilhando com uma mistura de vulnerabilidade e desejo, interrompeu o beijo e me olhou diretamente.

— Draken... — sua voz estava carregada de uma esperança ansiosa. — Você quer algo a mais? Sabe, para se distrair.

Havia um tom de desespero na pergunta dela, e eu me senti mais uma vez confrontado com o dilema que estava enfrentando. As palavras de Emma estavam cheias de um desejo profundo de escapar do que estava acontecendo, e eu sabia que ela estava tentando encontrar uma maneira de lidar com a situação da melhor forma que podia.

Eu hesitei, as palavras se formando lentamente na minha mente enquanto tentava encontrar uma resposta que não machucasse mais do que já estávamos nos machucando.

— É... Emma, eu... — comecei, mas a culpa e a confusão me impediam de continuar.

O toque do celular cortou o ar, me arrancando daquele momento tenso. Meu coração já estava acelerado, e o som parecia ecoar pela sala de uma maneira que fez o ambiente inteiro ficar ainda mais sufocante. Hesitei por um segundo, olhando para Emma, cujos olhos agora pareciam refletir tanto expectativa quanto um toque de resignação.

— É o Mikey — murmurei, meio que explicando para mim mesmo e para ela. Seu olhar se desviou, e eu senti um peso ainda maior no peito.

Eu sabia que precisava atender, mas ao mesmo tempo, me sentia culpado por deixar Emma assim, pendurada naquele turbilhão de sentimentos que nem eu conseguia compreender direito. Peguei o celular com mãos trêmulas e atendi.

— Mikey — minha voz saiu mais grave do que eu esperava.

— Draken, onde você está? — A voz de Mikey do outro lado da linha era urgente.

— Na sua casa. — respondi.

— Com a Emma? Tudo bem, já estou indo. — Mikey falou, antes de desligar.

Suspirei, o peso daquela situação parecia me esmagar. Era uma bagunça da qual eu não conseguia sair. Mikey estava a caminho, e isso só complicava ainda mais as coisas. Eu sabia que ele confiava em mim, que esperava que eu cuidasse de Emma, mas eu mesmo estava perdido no meio de tudo isso. Emma tinha me chamado até aqui, e quando nos beijamos, a confusão dentro de mim cresceu tanto que eu não soube como reagir. Não consegui afastá-la, não quis magoá-la... mas também sabia que algo estava muito errado.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora