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Segunda-feira, 14 de fevereiro


Estava nublado, o céu cinza refletia o humor pesado do dia. Eu caminhava ao lado de Mikey em direção à escola, ambos imersos em nossos próprios pensamentos. O silêncio entre nós era quase sufocante, como se nenhum dos dois soubesse exatamente o que dizer. 

— Você acha que esse plano vai funcionar? — Perguntei, quebrando o silêncio enquanto chutava uma pequena pedra no caminho.

Mikey manteve o olhar fixo à frente, sem desviar a atenção. — Se não funcionar, não temos outra opção. Vamos descobrir quem está por trás disso, ou tudo vai desmoronar.

Eu sabia que ele estava certo. Não havia mais espaço para erros ou hesitações. Se não pegássemos o traidor agora, tudo pelo que trabalhamos estaria em risco.

— Acha que a Maki vai ficar bem? — Perguntei hesitante, sem conseguir tirar a imagem dela da minha cabeça, tão frágil e distante.

Mikey parou por um momento, virando-se para mim com uma expressão séria, mas de alguma forma tranquilizadora. — Ela é forte. Vai conseguir. E nós vamos garantir que ninguém mais a machuque.

Assenti, tentando encontrar conforto nas palavras dele. O peso dessa responsabilidade estava sobre todos nós, e o tempo estava correndo.

— Kenzinho, eu não quero te pressionar, por que não é da minha conta. Mas o que você sente pela Emma?

Olhei para Mikey, tentando encontrar as palavras certas, mas tudo parecia complicado demais para explicar.

— A Emma? — comecei, tentando ganhar tempo. — Eu... não sei, Mikey. Ela é incrível...

Ele sorriu.

— Tudo bem, já entendi.

Era estranho ter esse tipo de conversa com Mikey, principalmente porque ele sempre parecia tão distante dessas questões. E, ao mesmo tempo, me senti um maldito canalha. Ele falava da Emma, alguém que tem sentimentos genuínos e sinceros por mim, enquanto eu, por outro lado, não conseguia tirar outra pessoa da cabeça.

A culpa pesava sobre meus ombros. Como eu poderia ser justo com a Emma, sendo que meu coração estava dividido?

Mikey continuava andando ao meu lado, mas seu silêncio parecia pesar no ar. Eu me perguntava se ele realmente sabia o que se passava na minha cabeça. Talvez ele fosse mais perceptivo do que eu imaginava, ou talvez estivesse apenas tentando me dar o espaço que eu precisava.

— Kenzinho, você sabe que eu só quero ver vocês felizes, né? — disse ele, quebrando o silêncio com sua voz calma. — Se a Emma é quem faz você feliz, é isso que importa.

Assenti, mas o nó na minha garganta apertou. A verdade é que, por mais que eu quisesse corresponder aos sentimentos da Emma, havia outra pessoa ocupando meus pensamentos, e isso tornava tudo mais complicado. Harumaki.

Ela estava sempre presente na minha mente, mesmo agora, quando eu deveria estar preocupado com outras coisas. Eu não conseguia evitar me perguntar como ela estava na clínica, se estava melhorando, se sentia a nossa falta... Se pensava em mim.

Chegamos na escola, e o ambiente parecia o mesmo de sempre: grupos de alunos conversando, alguns rindo, outros distraídos com seus próprios pensamentos. Mas para mim, tudo parecia um borrão. Meu foco estava em outro lugar, longe dali. A imagem de Harumaki, sozinha na clínica, não saía da minha cabeça.

Na verdade, isso me irritava. Eu só conseguia pensar nela. O dia inteiro. E isso estava começando a mexer comigo.

— Por que a gente tem que vir, hein? — Mikey perguntou, parecendo tão desinteressado quanto eu.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora