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Segunda-feira, 17 de janeiro


Eu estava reagindo pior do que esperava. O sono parecia impossível; toda vez que cochilava, os pesadelos vinham, e qualquer barulho lá fora me deixava em estado de alerta. Para piorar, não conseguia me concentrar nos estudos.

Conseguia andar melhor, embora ainda sentisse dor. Percebi que, felizmente, não houve nada grave; apenas hematomas e algumas áreas inchadas. Ele não usou toda a força, talvez tenha sentido pena de mim. Mas, de qualquer forma, eu sou fraca.

Mandei uma mensagem para o Baji dizendo que não estava me sentindo bem e que ele poderia ir direto para a escola. Agora, estava encolhida no sofá, chorando sem parar.

Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu sentia uma mistura de frustração e desespero. Tudo parecia estar desmoronando ao meu redor. Queria ser mais forte, queria conseguir lidar com isso sozinha, mas a verdade era que eu estava à beira do colapso.

O som do meu celular vibrando na mesa de centro me tirou dos meus pensamentos. Limpei as lágrimas rapidamente, mas meu coração disparou ao ver o nome de Ken na tela.

Respirei fundo antes de atender, tentando controlar minha voz trêmula.

— Oi, Ken... — minha voz saiu fraca, denunciando o estado em que eu estava.

— Baji me disse que você não ia para a escola, você não está bem, está? — ele perguntou, sua voz cheia de preocupação.

Fechei os olhos, sentindo mais lágrimas se formarem.

— Não... — admiti.

Houve um silêncio do outro lado da linha, e eu sabia que ele estava pensando no que dizer. Ken sempre foi direto, mas ele sabia quando era necessário ser mais delicado.

— Estou indo aí — ele disse, sua voz foi firme.

— Não precisa... — tentei protestar, mas ele já havia decidido.

— Fica tranquila, já estou a caminho. — E, com isso, ele desligou.

A ideia de Ken me vendo nesse estado me envergonhava, mas ao mesmo tempo, saber que ele estava vindo me dava um pequeno conforto.

Levantei-me do sofá com dificuldade, sentindo o peso da exaustão em cada movimento. Fui até o banheiro para lavar o rosto, tentando, ao menos, parecer um pouco melhor do que realmente estava. Olhei meu reflexo no espelho e vi alguém que mal reconhecia. As olheiras profundas, os olhos inchados de tanto chorar, a expressão cansada...

Suspirei, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam voltar. Não queria que Ken me visse assim, tão frágil. Mas, por mais que eu tentasse, não conseguia afastar o medo, a dor e a sensação ruim.


O som da campainha ecoou pela casa, fazendo meu coração disparar. Ele estava ali. Tomei um último fôlego profundo, tentando me preparar para o que viria a seguir, e fui abrir a porta.

Assim que a abri, Ken estava parado ali, com a expressão de preocupação evidente. Sem dizer uma palavra, ele entrou e me puxou para um abraço apertado. Senti todo o meu controle desmoronar, as lágrimas começaram a cair novamente, e eu me deixei afundar em seus braços, encontrando conforto na força dele.

— Vai ficar tudo bem. — ele sussurrou, sua voz calma e segura, como se estivesse tentando me convencer tanto quanto a si mesmo. — Trouxe seu café favorito.

A menção ao café me pegou de surpresa, e por um momento, consegui esboçar um pequeno sorriso entre as lágrimas. 

Ele me guiou até o sofá, me ajudando a me sentar enquanto colocava o café na mesa à minha frente. Sentei-me ao seu lado, e comecei a chorar mais ainda.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora