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Sábado, 21 de fevereiro


A maioria deles já estava inconsciente. Mikey se posicionou na frente de Hanma e Kisaki, que estavam encostados na parede, sangrando e quase perdendo a consciência.

— Nunca mais encoste um dedo nelas e fique longe de todos nós. Se eu te ver novamente, eu mesmo te mato — Mikey ameaçou, sua voz fria e cheia de raiva.

Olhei ao redor. O galpão estava um caos absoluto, coberto de sangue e destruído. Os capangas de Kisaki estavam espalhados pelo chão, em diferentes posições e locais, a maioria sem sinais de movimento. Me perguntei onde Baji tinha levado Kazutora.

Enquanto observava o cenário de destruição ao meu redor, a intensidade da situação começava a esfriar lentamente. O galpão, agora um campo de batalha desolado, parecia refletir o tumulto interno que eu estava sentindo. O sangue e a destruição eram um lembrete sombrio do que havíamos enfrentado.

Mikey se afastou, seus olhos ainda cheios de fúria, mas agora havia um toque de alívio. Ele se dirigiu para o grupo, onde todos estavam começando a se reunir, tratando dos feridos e tentando dar sentido ao que havia acontecido.

— Vamos sair daqui — Mikey disse, sua voz agora mais calma, mas ainda carregada de cansaço.

A sensação de missão cumprida estava começando a se solidificar, mas o peso das revelações e a brutalidade do confronto ainda pairavam no ar. Sabíamos que tínhamos vencido, mas a vitória vinha com um preço alto. Todos nós começamos a sair do galpão, cada um lidando com o que havia acontecido à sua maneira, mas todos com a certeza de que era hora de seguir em frente.

— Não sei se é o momento certo para perguntar, mas quem é esse tal de Kazutora? — Takemichi quebrou o silêncio, sua voz carregada de curiosidade e confusão.

Mikey hesitou por um momento, olhando para o chão enquanto tentava encontrar as palavras certas.

— Kazutora... é um nome do passado que eu preferiria ter mantido enterrado — disse Mikey finalmente, sua voz carregada de um misto de ressentimento e cansaço. — Ele foi um membro da Toman, mas algo aconteceu e ele acabou se distanciando de nós. O que você viu hoje é uma parte do porquê de termos tanta tensão e problemas. Kazutora nunca aceitou bem a perda e a mudança, e isso acabou corrompendo-o.

Mitsuya, que estava ao lado, completou com um tom grave:

— Kazutora tinha um ressentimento profundo por muitos de nós, especialmente pelo Mikey. Ele se envolveu em coisas que nunca deveriam ter acontecido. O que ele fez com a Harumaki é apenas uma pequena amostra do que ele se tornou.

— Ele e o Baji eram próximos? — Takemichi perguntou, a curiosidade evidente em sua voz. — Os dois sumiram.

Eu suspirei, olhando para o chão como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Sim, Kazutora e Baji eram muito próximos no passado. Eles eram quase como irmãos. Mas algo mudou... Kazutora tomou um caminho sombrio e começou a agir de maneira cada vez mais errática e perigosa. Foi quando o relacionamento deles começou a se deteriorar.

— E o Baji? Onde ele está agora? — Takemichi perguntou, claramente preocupado.

— Não tenho certeza. — Mikey respondeu. — Depois da briga, ele levou Kazutora para longe daqui. Deve estar lidando com ele agora, mas não sei onde. Baji precisa de um tempo para processar tudo isso.

— E o que faremos com Kazutora? — Perguntou Takemichi.

— Deixamos isso para o Baji por enquanto. Ele precisa lidar com essa situação a seu modo. — Mikey respondeu. 

Nessa altura, já estávamos um pouco longe do galpão. Vingança não era a solução, mas eu me sentia um pouco mais leve. Não totalmente, porque a Maki ainda não estava comigo e eu também não tinha conversado com a Emma. 

Nos separamos, cada um seguindo para suas respectivas casas para descansar e processar os eventos do dia. O peso das batalhas e das revelações ainda estava fresco, e sabíamos que era importante encontrar um momento de paz antes de enfrentarmos o que viria a seguir.

Enquanto eu dirigia para casa, pensava em Maki, em como encontrá-la em segurança seria o primeiro passo para começar a curar as feridas, tanto as físicas quanto as emocionais. O dia tinha sido longo e extenuante, e eu sabia que o verdadeiro trabalho de reconstrução e compreensão apenas começaria agora.

Ao chegar em casa, tomei um banho rápido, tentando limpar o sangue e a sujeira do galpão, antes de me deitar. O cansaço era profundo, mas a mente continuava ativa, revivendo os eventos e as palavras que haviam sido ditas. Fechei os olhos, esperando que o sono me encontrasse logo, desejando um descanso que me preparasse para enfrentar o que viria a seguir.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora