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Segunda-feira, 10 de janeiro


Enquanto caminhava lentamente em direção à escola, o cansaço pesava sobre mim como uma nuvem escura. Cada passo parecia um esforço monumental, e meus olhos mal conseguiam se manter abertos. Bocejei, tentando espantar a exaustão, mas a falta de sono das últimas noites estava cobrando seu preço.

Ao me aproximar dos portões da escola, avistei de relance alguns rostos familiares, mas não tinha energia para acenar ou sorrir. Meus pés simplesmente me levaram para dentro, seguindo a rotina, mas com uma sensação de vazio que eu não conseguia afastar.

Entrei na sala de aula e me sentei no meu lugar habitual, largando a mochila ao lado da mesa. O som abafado dos outros alunos conversando parecia distante, como se eu estivesse presa em uma bolha, isolada de tudo ao meu redor.

Não demorou muito para o professor entrar na sala desejando um "Feliz Ano Novo" e dando início à aula. Ele comentou sobre os vestibulares para o colegial, o que fez meu coração disparar e minha perna começar a balançar de forma inquieta. Eu conseguiria? Não, eu não conseguiria.

A aula terminou, e eu estava anotando tudo o que teria que estudar quando voltasse para casa. De repente, senti um estrondo na minha mesa, duas mãos batendo com força. Quando levantei a cabeça, dei de cara com um olhar feroz, como um lobo mostrando suas presas.

— Estávamos te esperando na entrada da escola, você nos olhou e passou reto. Quem você acha que nós somos, hein? — Baji falou com raiva na voz.

— Não sei se já mencionei antes, mas no mundo animal você seria um lobo. — Sorri, ainda o olhando.

— Me responda, idiota.

— Desculpe, Baji. Posso ter olhado para vocês, mas minha mente estava em outro lugar.

Ele pareceu se acalmar um pouco.

— Você está bem? — Chifuyu parou ao lado de Baji, com um semblante preocupado.

— Sim, apenas uma noite mal dormida. — Menti, na realidade eu nem lembrava qual foi a ultima vez que eu tinha dormido direito .

Baji estreitou os olhos, desconfiado, mas não insistiu. Chifuyu, no entanto, me olhou por mais alguns segundos, como se estivesse tentando ler a verdade nos meus olhos, mas finalmente suspirou.

— Certo.

Sabia que eles se preocupavam, mas não queria sobrecarregá-los com os meus problemas. Além disso, o peso do cansaço parecia aumentar a cada segundo, e eu mal conseguia manter meus pensamentos em ordem.

Puxei assuntos aleatórios animadamente, antes do próximo professor entrar na sala.

— Vamos, Baji. — Chifuyu disse, puxando o amigo pelo braço.

— Não se esqueça que você nos deve uma, Harumaki. — Baji resmungou, mas o tom da sua voz era mais suave agora.


O corredor da escola estava movimentado, com alunos conversando animadamente sobre os planos para o fim de semana, mas um pequeno grupo estava reunido, olhando para a parede. Fiquei curiosa para descobrir o que tinha lá. Tentei passar cuidadosamente por todas as pessoas. Quando finalmente consegui ver, percebi que era um mural. Havia informações sobre os clubes, os próximos concursos, e um cartaz chamava a atenção: "Do 157° lugar para o 5° em apenas seis meses, como isso aconteceu?" E lá estava a minha foto.

Eu já podia imaginar a gargalhada alta de Baji no meu ouvido ou um "vou mandar isso para o grupo" saindo de sua boca.

Fingi que não vi e desloquei o olhar para a outra parte do mural, onde estava escrito: "Faltam 96 dias para os vestibulares para ingressar no colegial." Enquanto olhava para o mural, perdida em pensamentos sobre o pouco tempo que restava para os vestibulares, lembrei que precisava falar imediatamente com o diretor. Suspirei, tentando afastar a sensação de ansiedade que parecia apertar meu peito. O peso dos próximos meses estava se acumulando.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora