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Domingo, 13 de fevereiro


Agora são 01h30. Já se passaram quatro horas desde que o senhor Yuto ligou, informando que haviam chegado à clínica e garantindo que, em breve, ela ficaria bem. A mãe do Baji comprou pizzas para nós antes de ir para a clínica.

Estávamos espalhados pela sala, e ninguém dizia uma palavra. Cada um de nós estava preso em seus próprios pensamentos. Baji, sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos, encarava o chão como se tentasse encontrar alguma resposta ali. Takemichi estava ao lado, os olhos vazios e perdidos. Smiley e Angry, que normalmente aliviariam a tensão com alguma piada, estavam completamente quietos.

— Eu devia ter feito algo antes... — murmurou Mitsuya, quebrando o silêncio. Sua voz estava carregada de arrependimento. — Percebi que ela não estava bem, mas... eu não insisti o suficiente.

Chifuyu, que estava sentado em um canto, balançou a cabeça.

— Não é culpa de ninguém. Nós fizemos o que podíamos. Agora, só resta confiar que ela vai melhorar.

Mikey levantou os olhos e nos encarou.

— Haru é forte. Ela vai conseguir superar isso... — Ele disse, mas havia uma incerteza em seu tom que ninguém ousou apontar.

O silêncio voltou a tomar conta da sala. 

O som distante da cidade parecia abafado pela tensão que preenchia a sala. Ninguém sabia o que dizer, como aliviar aquele sentimento de impotência que nos envolvia. A luz fraca da sala iluminava apenas parte dos nossos rostos, deixando as sombras dominarem o restante.

Baji, que normalmente era o mais impulsivo e confiante, agora parecia vulnerável. Ele passou a mão pelos cabelos, soltando um suspiro longo e frustrado.

— Não é justo, sabe? — murmurou, com a voz rouca. — Ela não deveria ter que passar por isso sozinha. 

Takemichi assentiu, mas não respondeu. Ele apertava suas mãos nos joelhos, claramente segurando uma emoção que não conseguia colocar para fora.

— A Haru sempre foi assim... — disse Chifuyu — Sempre tentando carregar o peso do mundo nas costas.

Angry, ao lado dele, balançou a cabeça. — E a gente deixou. Ficamos achando que era só o jeito dela.

Mitsuya suspirou e se levantou lentamente, indo até a janela. Ele ficou olhando para a rua vazia, as luzes dos postes piscando ao longe.

— Ela vai melhorar. — Mikey falou de novo, tentando nos convencer, mas parecia que ele falava mais para si mesmo do que para nós.

A verdade é que ninguém sabia o que esperar. Estávamos todos à mercê do tempo, esperando que o amanhã trouxesse alguma resposta, algum alívio. Mas, por enquanto, a única coisa que podíamos fazer era ficar ali, juntos, dividindo aquele peso, mesmo que silenciosamente.

O tempo parecia passar mais devagar. Cada um de nós estava preso em seus próprios pensamentos, tentando processar o que havia acontecido com Maki e como as coisas haviam chegado a esse ponto. O tique-taque do relógio na parede era a única coisa que rompia o silêncio pesado.

— Acha que ela vai odiar a gente por isso? — Chifuyu perguntou de repente, sua voz baixa, quase como se estivesse com medo de quebrar o silêncio completamente.

Todos viraram o olhar para ele, mas ninguém respondeu de imediato. A pergunta pairava no ar, um medo que todos nós compartilhávamos. Maki havia lutado tanto para manter tudo sob controle, e agora, por mais que soubéssemos que era para o bem dela, tínhamos forçado uma situação que ela provavelmente não queria.

Tudo O Que Eu Queria · Ken RyugujiOnde histórias criam vida. Descubra agora