É a minha vez de ficar por cima agora

713 78 25
                                    

Paris, 15 dias antes da estreia nas Olimpíadas

— Pode ficar sossegada que já coloquei o magnésio, vá tranquila! — Jade falou.

O corpo de Rebeca foi, mas a mente da brasileira estava tudo, menos tranquila. Assim como o restante das atletas presentes no local, vira de longe e com as vistas defeituosas o salto de Simone Biles e ouviu melhor o grito de dor que a ginasta americana soltou ao pousar. Será que ela está bem? Tomara que não tenha acontecido nada... que ela fique bem e logo!

Depois do ocorrido, ambas mal se falaram, muito treino, muita imprensa, pouca liberdade e sobretudo, cansaço. A cabeça de Rebeca rodava com várias possibilidades, será que ela não gostou? E se eu fui com muita sede ao pote? Não devia ter feito aquilo, não devia! Mas eu tenho certeza que ela se divertiu... Ela DEFINITIVAMENTE me beijou de volta, várias vezes, também gemeu baixinho quando a apertei na cintura...

— REBECA! — Flávia Saraiva gritou, arrancando Andrade de seu devaneio.

— Oi. — Ela respondeu meio sem jeito e mal tinha se dado conta de que tinha acabado de pousar, de forma perfeita no solo.

— Você vai passar quanto tempo ai, sua doida? — Lorrane perguntou.

— Ah, acho que acabei, estava só... Checando minha resistência no giro...

— Quem não te conhecer que te compre. — Lorrane falou da forma mais sarcástica possível.

Do outro lado do ginásio, a cabeça de Simone Biles estava latejando. Que semana complicada e agora isso! Martelava e martelava a sensação de que o último dia realmente feliz foi o dia em que passou com Rebeca Andrade e algo como uma britadeira fragmentava seus pensamentos em relação ao seu próprio marido. Como pode? Eu traí Jonathan! Você não passa de uma traidora, Simone Biles e sabe o que é pior? Você nem ao menos sente culpa! Mas como iria se sentir culpada se tudo o que fez foi ter sido feliz? Claro que ela não contou a ninguém, não era boba, mas pensava na brasileira e nos beijos que recebeu com muita frequência, principalmente quando deitava a cabeça no travesseiro, que eu tenha sorte de sonhar com ela!

O fisioterapeuta da equipe mantinha as mãos quentes em seu tornozelo e aquilo era mais um lembrete de que ela precisava focar na competição. Não posso cometer mais erros, não posso!

— Você deu sorte, Biles! — O fisioterapeuta falou e parecia imensamente aliviado e seu treinador soltou um suspiro de alívio no banco ao lado.

— Ainda bem. — Foi tudo o que ela conseguiu falar.

— Vou te deixar de molho por algum tempo aqui com as botas pneumáticas...

Assim que os dois saíram da pequena sala, Jordan Chiles entrou e logo separou duas bolsas de gelo para começar a fazer uma compressa no joelho esquerdo e no punho.

— Você me deu um susto do cacete! — Jordan falou e em seguida, depositou um beijo na testa da amiga.

— Meu coração foi no pé, literalmente! — Biles falou e acabou sorrindo, mas duas batidas na porta a fizeram parar.

— Oi, oi...

— PODE ENTRAR. — Jordan berrou e Biles riu da falta de decoro da amiga.

— Sou eu, só vim saber como você está... — Biles ouviu e então seu coração fez um duplo perfeito.

— Ora, não fique aí na porta! Pode entrar, Rebeca! — Jordan falou e a brasileira então colocou metade do corpo para dentro e num segundo, estava de pé na frente das duas atletas dos Estados Unidos. — Quer um gelinho? — perguntou em seguida.

Fora do GinásioOnde histórias criam vida. Descubra agora