Extraterrestre

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Período de treinamento - 25 dias antes das Olimpíadas de Paris

— Gostei muito daqui! A varanda, a vista, o cheiro de pão no ar... — Disse Jordan Chiles, uma das atletas da equipe de ginástica dos Estados Unidos e uma das melhores amigas de Simone.

— O Jonathan tem bom gosto para esse tipo de coisa, preciso admitir. — Disse Simone Biles, uma das principais ginastas da atualidade, uma promessa de medalhas.

— E como vocês estão, Biles? — Jordan perguntou enquanto avaliava a amiga e pelo que conhecia, a estrela mais brilhante da competição estava um pouco nebulosa.

— Estamos... — Foi tudo o que ela respondeu. — Ele veio para cá, alugou esse apartamento para termos mais tempo juntos e não precisarmos ficar na Vila Olímpica, mas desde que chegou, tudo o que faz é fora daqui. Enfrentei até o comitê olímpico e ele simplesmente...

Biles sabia que as coisas com seu marido Jonathan Owens não estavam nada bem. O astro do futebol americano já não fazia o coração da atleta dar saltos e o que antes era como uma prova de solo, certeira e decisiva, agora estava mais para uma prova de trave, onde TUDO poderia acontecer e dar errado.

— Ele está se esforçando, pelo menos... Mas preciso lhe dizer, não permaneça se isso não estiver lhe fazendo bem, ok? — Jordan falava e encarava a amiga que assentiu olhando para o chão. — Jonathan é só um homem e você é a FODONA DA SIMONE BILES! — Disse Jordan e o tom de voz da amiga arrancou sorrisos de Biles.

Simone sabia da importância que a amiga tinha em sua vida e era imensamente grata pela existência da outra ginasta. Em Tokyo, quando resolveu parar para se cuidar, a amiga foi uma das maiores incentivadoras e fontes de apoio, agora, não era diferente.

Ao passo que o dia ia acontecendo, diferentes eventos iam se desenrolando simultaneamente. Enquanto Biles vivia uma manhã relativamente tranquila no pequeno apartamento alugado, o time de ginastas do Brasil resolvia ir desbravar a tão comentada cidade de Paris.

— Aqui é lindo e tal, mas na boa, VOCÊS VIRAM O TAMANHO DAQUELE RATO ALI?

— Flávia, pelo amor de Deus, estamos no meio da rua... — Repreendeu Jade Barbosa.

— Ele é quase do seu tamanho, Flavinha. — Disse Lorrane em tom sério, o que fez todas rirem.

— Te dou dois reais se você beber um gole da água do Rio Sena, Flavinha. — disse Júlia Soares.

— E eu te pago o dobro para você não abrir mais a boca hoje, gracinha! — Retrucou a menor.

Vez ou outra o time de atletas era parado na rua por algum admirador e trocavam breves palavras e recebiam muito apoio e incentivo por parte da torcida, todas eram muito tietadas, mas o foco maior era a estrela brasileira Rebeca Andrade. A jovem atleta havia conquistado feitos inéditos na olimpíada passada e era uma promessa de medalhas para sua delegação, mas sempre que seu nome era mencionado, surgiam comparações. O que ora motivava a brasileira e ora, inquietava.

Na cabeça e no coração da brasileira, Simone Biles era tratada e respeitada como uma lenda. Ela sabia que era capaz de coisas excelentes e amava saber que Biles também! Gostava da competição, de ser instigada com respeito e gostava de Biles. A admirava.

— A gente precisa comer alguma coisa, isso sim! Estou varada de fome. — Júlia falou e o grupo concordou. Seguiram caminhando com alegria e entusiasmo pelas belas ruas de Paris.

Num local não tão distante, Simone pensava sobre o fato de a vida na Vila Olímpica, com várias pessoas, ser muito mais tranquila do que a vida dentro de um apartamento num bairro reservado em Paris, quem poderia imaginar que dividir quarto, comer com desconhecidos e ter um banheiro compartilhado seria melhor do que dividir este espaço com o Jonathan!

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