Casca de Biles

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Rio de Janeiro

Atualmente, a vida não existia fora das paredes dessa casa e a jovem Simone descobriu que é possível sim, viver só de amor, literalmente, e boas refeições. Rebeca estava vivendo o que todo mundo sempre falava "com essa mulher, uma garrafa  d'água e uma cesta básica eu passo o mês tranquila" e era isso. A americana já estava no Rio há três dias, mas nenhum tempo juntas parecia ser o suficiente e acabou que Rebeca ainda não havia tido a oportunidade de apresentar a cidade maravilhosa para a amada, mas hoje essa história vai mudar!

— E aí você só precisa acrescentar a carne desfiada e um fio de azeite e pronto! — Rebeca falou enquanto entregava o último ingrediente a namorada.

— Agora é só esperar uns minutinhos. — Biles falou e quando olhou de lado, Rebeca estava em pé, de costas para ela, terminando de lavar a louça. A atleta dos estados unidos não perdeu tempo, claro que largou um tapão na bunda da namorada, que fingiu indignação.

— Você só me maltrata, Simone Biles! — Ela falou e fez beicinho e Biles retribuiu, em seguida a beijou e as coisas foram crescendo, quase que passaram direto para a sobremesa!

Rebeca não precisou mostrar novamente onde estavam os pratos e talheres e enquanto finalizava o almoço, a namorada organizava a mesa. O dia era um típico domingo no Rio. Já haviam ido passear no condomínio com os cachorros, depois tomaram uma água de coco e estavam finalizando o almoço. Biles estava animada pois iria conhecer Copacabana em algumas horas. O almoço seguiu tranquilo e ela percebeu que tinha arrumado um excelente partido. Ela é uma das melhores ginastas, uma das melhores pessoas, tem a boca mais beijável de todas, o sorriso mais lindo do mundo e passaria sem  problemas pelo Hell's Kitchen, sou sortuda! Biles começou a se animar quando viu a namorada carregando um cooler e acrescentou uma bolsa de gelo, algumas cervejas, água e suco. Partiram para a praia.

— Ok, não temos nada igual a isso por lá. — Simone falou para ninguém em particular, só estava boquiaberta. O lugar era quente e  ventilado ao mesmo tempo. Muita gente. Crianças correndo e jogando bola, mulheres e homens usando pouquíssima roupa, gente jogando vôlei de praia, picolé e comidas completamente aleatórias, muitos sons diversos, inclusive o que estava em cima da mesa tocando algo chamado Belo, foi o que Lorrane falou. Muitas mesas amarelas e vermelhas com guarda-sóis coloridos, pessoas deitadas na areia, aquela menina esta lendo um livro aqui? Ela atingiu o Nirvana da concentração.

 — Está quase na hora de retocar o protetor! — Rebeca falou.

— Boo, posso comer aquele? — Simone apontou e todas olharam para um carrinho de milho. 

— É a primeira vez dela numa praia? — Lorrane perguntou. 

— E pelo jeito, ela quer viver intensamente, com direito a diarreia e tudo! — Flávia Saraiva falou se arrumando na cadeira.

— Pode. — Rebeca respondeu. — Mas não deixe ele colocar muita manteiga de garrafa!

— Mas eu amo manteiga. — Ela falou ajeitando o bucket hat.

— Mas se você comer muito dessa, vai terminar a noite vazando. — Flávia falou num bom carioquês e todas riram, exceto Simone.

— O que ela disse? — Biles perguntou.

— Nada de mais, mas não pegue muita manteiga, certo? — Rebeca aconselhou e achou mais seguro ir junto, saiu rebocando a namorada para comprar o milho.

 Alguns minutos depois, o celular de Rebeca começou a tocar e ela o pegou e levantou da mesa para atender, Biles sentiu o clima das brasileiras ali presente mudar, está acontecendo alguma coisa que eu não sei?

Fora do GinásioOnde histórias criam vida. Descubra agora