Precisei tirar a calcinha

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O roteiro de Las Vegas havia sido planejado com muito amor. Simone queria levar a esposa nos seus lugares favoritos, mas também queria que ela curtisse realmente a experiência. As duas passavam basicamente o dia inteiro fora de casa e retornavam apenas para tomar banho e sair de novo. Fizeram a trilha para conhecer o letreiro de Hollywood, foram tomar café e almoçaram num restaurante brasileiro e mais uma vez, Simone fez questão de dizer que a comida brasileira no Brasil era muito melhor do que a comida brasileira de Las Vegas. Seguiram para um passeio de helicóptero pelo Grand Canyon e o entardecer foi um dos mais bonitos que ambas já viram, mas não tinha como ser diferente com ambas sorrindo e segurando as mãos uma da outra.

— Eu estou exausta! — Rebeca falou assim que chegaram em casa.

— Foi uma maratona, não foi? Precisamos voltar com mais tempo! — Biles falou. — Vou preparar nosso banho relaxante e depois vamos jantar, pode ser?

— Claro! — Rebeca respondeu.

Biles estava passando pelo corredor e decidiu mudar o rumo. Colocou a hidromassagem para encher e se impressionou com a velocidade em que a água subiu, usou os sais de banho, separou as toalhas e foi buscar a esposa no sofá. A maior a puxou e com um movimento rápido, a colocou nos braços e seguiu corredor a dentro.

— Hoje vamos de hidro! — Simone falou e apontou para a porta do banheiro.

Os jatos de água quente e a pressão da água realmente fizeram milagres, há tempos Biles não se sentia tão relaxada com algo que não fosse Rebeca, já que a esposa era mestra em lhe deixar tranquila. Seguiram ali, escovaram os dentes e partiram direto para a cama. Naquela noite, uma só queria o colo da outra e passaram muito tempo apenas ali, no silêncio confortável e trocando beijos lentos e carinhos demorados, acho que o nosso jantar vai ficar para depois.

XXX

— Não tem lógica irmos nisso!

A Cidade do Pecado era repleta de possibilidades, com um céu azul, ventos fortes e cafés maravilhosos... Mas aparentemente, hoje Simone Biles não sairia vitoriosa de suas batalhas. As casadas haviam pulado cedo da cama, essa era a parte menos favorita de Rebeca, que já acordava tendo que desenvolver funções e se vestir e correr, mas era sempre incrível quando saia de casa.

— Mas é um dos meus favoritos daqui, amor! Veja, não é perigoso! Você acha que teria essa fila se fosse? Tem até cinto de segurança! — Simone falou e dessa vez, não sabia se conseguiria convencer a esposa a acompanhá-la. Estavam no Hotel Cassino Stratosphere, há mais de 350 metros de altura e pela primeira vez em muito tempo, Rebeca sentia vontade de chacoalhar a esposa pelos ombros e perguntar se ela era maluca.

— Simone, estamos há mais de trezentos metros de altura e eu não sei de onde você achou que seria uma boa ideia ir num brinquedo que LITERALMENTE arremessará nós duas. Prometi ao seu pai que cuidaria de você e é isso! Não vamos e ponto final! Que espírito de Dora Aventureira é esse que se apossou de você? Não vamos! — A brasileira falou e Biles obedeceu. Não se pode ganhar todas...

— Bom, então vamos aproveitar o cassino, pelo menos! — A americana falou sorrindo, queria que ela mandasse em mim desse jeito mais tarde, poderia até me bater e eu nem ligaria... Em seguida, deu um beijo no ombro da esposa, que já não estava mais tão brava.

Nas primeiras duas horas, os cassinos eram uma excelente atração. As muitas luzes, o barulho das máquinas, o clima de competitividade, tudo parecia mágico, mas depois de apostar dez dólares e perder, Rebeca não via mais sentido naquilo. E eu vim do Rio de Janeiro pra deixar meu dinheiro suado aqui? Sendo que lá existe jogo do bicho, bozó, bafo, dominó, bingo ilegal, máquinas caça-níqueis... Se for pra perder dinheiro com isso, que seja fortalecendo o mercado interno! 

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