Agora, pode beijar a noiva!

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Rebeca tinha acabado de sair do banho quando recebeu uma mensagem da noiva e seu coração acelerou na mesma hora. A ideia de casar no Brasil foi ótima: Em casa, a família de Rebeca era inteira daqui e muita gente não entraria num avião nem por reza forte, o Rio era lindo, mas chamar todo mundo para cá... Foi uma sugestão exaustiva demais. Tanto ela quanto Simone passavam o dia se revezando para conseguir dar atenção ao grupo e a todas as atividades que todo mundo queria fazer. Era praia de manhã, passeio de bondinho a tarde, show de pagode a noite... As noivas mal tiveram tempo para ficarem juntas e alguém havia dito que era tradição as noivas dormirem em quartos separados, "para esquentar o clima." Mas elas nunca precisaram de nenhuma maluquice dessas para esquentar nada. Agora, faltavam menos de um dia para a cerimônia e Biles avisou que estava indo buscar Rebeca para um passeio.

XXX

A brasileira começou a sorrir assim que as portas do elevador se abriram e ela percebeu que não estavam descendo e sim, subindo! Estavam no terraço do Copacabana Palace. A noite estava mais fria que o normal e Simone já tinha se adiantado com a cesta de piquenique e uma manta, a brasileira se prontificou em trancar o terraço com a chave que estava presa na porta.

— Eles não tinham mais croissants, pedi apenas frutas e chocolate derretido! — Biles falou sorrindo depois de estender uma pequena toalha no chão.

— Que delícia! Você lembra da nossa primeira vez? — Rebeca perguntou sorrindo enquanto se deitava com a cabeça no peito da menor. Mais uma vez, eram elas, o céu, a lua e o barulho mar. Rebeca lembrava das fortes sensações vividas naquela noite em Paris, é difícil esquecer de Simone Biles gemendo meu nome.

— Mas é claro que eu lembro! Aquela noite foi maravilhosa do início ao fim! Lembro de estar muito nervosa no carro, do frio na barriga, do medo de uma morena me dar um toco... — Você está bem? — Biles perguntou após a euforia da lembrança.

— Eu estou sim e você? — A brasileira respondeu se virando para encarar e menor.

— Estou um pouco assustada. — Biles respondeu depois de alguns segundos.

— Assustada? Como assim? — Rebeca perguntou com a gentileza de quem pergunta algo a uma criança.

— Amanhã esse horário, estaremos casadas! — Biles falou e o sorriso que ela deu fez Rebeca vibrar por dentro. — Sei que os últimos dias foram intensos demais e eu duvidei de muitas coisas, mas nenhuma delas foi sobre a gente, sabe? Não sei explicar muito bem, mas deixei tudo aqui. — Biles finalizou arrancando um papel dobrado do bolso. — Fiz uma cartinha para você... Mas ei, pelo amor de Deus, nada de ler agora!

— Tudo bem. — Rebeca falou e sentia o coração acelerado. — Leio mais tarde! 

Seguiram deitadas e óbvio que as frutas e o chocolate foram consumidos e a americana começou a pensar que conseguiria viver a eternidade daquele jeito. Rebeca sorria fácil e tinha um certo brilho nos olhos, seguia encarando Simone, que a encarava de volta e uma atmosfera de cumplicidade foi sendo criada; Diferente da primeira vez, naquela noite, não foram guiadas pelo fogo da paixão avassaladora, ambas já se conheciam muito bem e amavam tudo aquilo, mas seguiram desfrutando de beijos lentos, encaradas oportunas e carícias. 

XXX 

— E vocês todas vieram? — Rebeca perguntou sorrindo ao abrir a porta e dar de cara com o time brasileiro de ginástica artística.

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