Eu mesma já fiz nossa reserva

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Os dias no RJ, cidade maravilhosa, seguiram tranquilos. Muito do mesmo. As manhãs eram recheadas de muito amor, os treinos eram cansativos e exaustivos, mas era maravilhoso saber que uma teria a outra ali. O vestiário do CT do Flamengo nunca mais foi o mesmo para Biles... As sessões de fisioterapia eram um bálsamo e uma sempre cuidava da outra, até mesmo em casa. Amo massagens, principalmente quando elas evoluem rápido para outra coisa.

A semana acabou passando rápido e o coração da estadunidense foi ficando mais calmo. Aproveitaram muito o tempo que tinham juntas para serem um casal. Foram a praia de novo e Rebeca teve uma crise de riso enquanto lavava o olho da namorada, que mais parecia uma criança no mar.

Amor, mas eu quase consegui ficar em pé na prancha! — Biles choramingou.

— Sim, mas eu não namoro com uma surfista, vem, me obedece! — Rebeca falou. Nossa, maldita hora que ela viu essas pranchas para alugar e decidiu que seria ótimo vir se aventurar aqui.

Novamente, nenhuma comida ou bebida parecia ser o suficiente para a pequena americana, que já era mais carioca que muitos cariocas. Rebeca passava mal de rir vendo ela provar coisas novas, o especial de hoje foi o salsichão com farofa amarela, óbvio que a pimenta Gota ficou fora de cogitação.

— Amor... Hum... É delicioso. — Ela falava e há cada palavra, uma nuvem de farofa ia caindo da boca. Como de costume, era comer e ir para o mar, é o ciclo sem fim! Alguns minutos depois, ambas já estavam na água.

— Simone, estou falando sério, vem já pra cá! — Rebeca chamou. — Você é uma oferenda preciosa demais para ir morar com Iemanjá agora, vem! — Ela chamou e as duas ficaram ali. As vezes Biles ia para as costas da brasileira e quando o contrário foi acontecer, ambas quase morreram afogadas no seco.

Há cada dia que se passava e a cada conversa que tinha com a namorada, ficava mais evidente de que tudo aquilo só poderia ser o amor na forma mais pura. Foi se dando conta do tanto que amava, inclusive nas pequenas coisas. Amava o cheiro, o jeito em que os pés se encontravam a noite, a forma como era abraçada e de como se sentia em casa ali, o senso de humor completamente quebrado, as implicâncias que terminavam em beijos, exceto quando Biles escondia o óculos de grau da amada, as declarações, o cuidado, a comida, os fins de noite onde uma só queria ficar perto da outra com os cachorros.

Na sexta, deixaram as malas prontas e já estava combinado, do treino, iriam pegar a estrada para Angra do Reis. Simone estava animada apenas pelo que a namorada falou e pelas fotos que viu. Que lugar maravilhoso!

— Flávia, posso falar com você. — Biles chamou a menor assim que fez uma pausa.

— Ah, oi, Bailinha... Pode falar! — A ginasta brasileira falou e seguia dando piruetas em cima da trave. 

— Acho melhor quando você acabar aí, posso esperar...

— Que nada, mulher! Pode falar, estou ouvindo. — Ela insistiu e Simone se aproximou.

— Então, é o seguinte: estou pensando em pedir a Rebeca em casamento...

— EITA PORRA. — A menor berrou e caiu da trave. Simone seguia sorrindo e acenando, tal qual os Pinguins de Madagascar  — Como assim? QUANDO? É O QUE?

— Shhh, calma! Calma, respire... — Simone pediu. — Só queria saber se você tem alguma indicação de joalheria por aqui, não conheço nada e estou me sentindo um pouco perdida...

XXX

— E ela disse que vai pedir a Rebe em casamento! Mas é segredo nosso, hein? — Flávia falou.

Fora do GinásioOnde histórias criam vida. Descubra agora