7- Come Whit me

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Havia passado dois dias que eu não via mais Mandy e Justin. Não tinha mais noticias deles e preciso confessar que eu sentia saudade da Mandy, da sua inocência e delicadeza.

Eu estava deitada na cama às 8 horas da manhã. Digamos que eu havia passado os últimos dias bem melhor, apenas tonturas e sintomas que eu já previa sentir durante a doença.

Duas batidas foram dadas na minha porta e eu pedi que alguém entrasse.

- Querida. - Minha mãe sussurrou. - Eu estou indo trabalhar.

- Ok mãe, devo ir pra faculdade na parte da tarde. - Falei.

Minha mãe deu alguns passos até a minha cama e me fitou.

- Você está bem? - Ela tinha um olhar preocupado.

Foi basicamente assim todos os dias desde quando ela descobriu a doença, mesmo quando nada demais acontece ela vem no meu quarto perguntar se eu estou bem, talvez seja o medo que eu esconda mais algo grave dela.

- Sim. - Respondi com sinceridade.

- Que bom. - Ela sorriu. - Tem visita pra você na sala.

- Pra mim? - Franzi a testa.

- Sim. - Ela me olhou. - Emilly.

No mesmo instante eu senti um enjoo enorme. Era tudo por conta do nervoso.

- Ela não sabe? - Minha mãe perguntou como se eu estivesse acabado de cometer um crime.

Mas não, eu só havia escondido da minha melhor amiga que eu estava com câncer. Prestes a morrer.

- Não. - Respondi, engolindo seco. - Ela não sabe.

A minha mãe soltou um suspiro profundo e me olhou com um jeito de dó. Eu odiava aquilo, mas eu realmente a entendia: eu estava fodida.

Levantei-me da cama e fui até o espelho, prendendo o meu cabelo em um coque. Coloquei um par de chinelos nos pés enquanto a minha mãe olhava cada gesto que eu fazia, logo, se aproximando de mim.

- Vou trabalhar, pense no que você vai fazer; Emilly gosta muito de você.

Assenti e ela beijou a minha testa, saindo do quarto.

Soltei um suspiro pesado e fitei o teto. Eu precisava criar coragem.

Eu nunca sabia como dar essa noticia para as pessoas. Eu tinha sorte - é ridículo pensar nisso, porém - da minha mãe descobrir a doença da boca de um médico porque eu não consigo me imaginar chegando pra ela e falando: ''então mãe, eu estou com câncer'' e ficar fazendo cerimônia parece ser bem pior. Então, como eu daria aquela noticia pra Emilly? Sendo objetiva era mais fácil ou dialogar mais?

Nenhum dos dois seria mais fácil. Nada que se relacionasse a morte é algo fácil.

Sai do quarto e logo avistei Emilly sentada no sofá de casa. Assim que ela notou a minha presença, ela sorriu e se aproximou de mim de braços abertos.

- Sua puta, que saudade. - Ela disse e eu ri fraco.

Seu jeito Emilly meigo de ser.

- Saudade também amiga. - Falei, retribuindo o abraço. - Já tomou café da manhã?

- Não, vim tomar aqui... - Ela me fitou. - Como nos velhos tempos, lembra?

Ri fraco e assenti, concordando.

Fomos até a cozinha e a mesa do café da manhã estava pronta, do mesmo modo que a minha mãe fazia todas as manhãs: cheio de coisas boas.

- Pode começar a me contar as novidades. - Ela disse enquanto se sentava na minha frente.

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora