Capítulo 23- Pôr-do-sol

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Cont....

- Qual vai ser o próximo plano? - Perguntei ao Justin enquanto entravamos no carro.

Ele me fitou e riu fraco, pegando a lista das suas mãos.

- Hum, depende. Tem voar de asa delta, viajar acho que ainda não dá... mas ver o por do sol hoje, acho que conseguimos. - Ele falou, me fitando. - O que acha?

- Seria uma boa. - Falei, abrindo um sorriso. - Em cima de um prédio?

- Pode ser. - Ele falou, ligando o automóvel.

Enquanto Justin dirigia, olhei para o local onde ele havia feito a tatuagem e apesar de ter muitas naquela extremidade, eu conseguia perfeitamente ler ''Above all stars'' e toda vez que os meus olhos batiam naquela frase, um sorriso aparecia em meus lábios.

Justin me fitou e franziu a testa.

- O que aconteceu?

- Nada. - Falei, desviando o meu olhar.

Ouvi um riso escapar dos seus lábios.

- Está doendo? - Ele perguntou e eu lhe fitei. - A tatuagem. - Ele disse.

- Ah, não... - Ri fraco. - Vou nem perguntar pra você, você deve estar acostumado.

Ele riu, assentindo.

- Vamos buscar a Mandy e depois irmos almoçar juntos? - Ele sugeriu.

- Sim! - Falei, abrindo um sorriso também.

Durante todo o percurso até o colégio da Mandy que foi um tanto quanto longo já que estávamos distantes, Justin ligou o rádio e tocava Call me maybe da Carly Rae. Fazia muito tempo que eu não escutava aquela música e no mesmo instante, aumentei o som. Justin me fitou com a testa franzida e eu estiquei meus braços, levantando os próprios fora da janela e sentindo o vento bater.

Justin acelerou ainda mais o carro naquelas ruas imensas de Nova York. Fechei os meus olhos e cantarolei alguns trechos da musica baixinho, até sentir a mão de Justin na minha coxa.

O fitei e ele tinha um sorriso tão lindo nos lábios. Involuntariamente, sorri de volta.

Fazia muito tempo que eu não sentia tudo o que eu estava começando a sentir pelo Justin, até porque eu acho que nunca fui de me apaixonar tão encantadamente por algum cara. Geralmente eu era a garotinha ingênua do colégio que se apaixonava pelos caras populares que só sabiam me iludir por uma ou duas semanas, e quando eu criava expectativa o suficiente, ele acabava me deixando pra aquela loira linda de torcida. E eu sofria horrores.

Eu sempre imaginei que ia construir uma família, mas nunca se passou pela minha cabeça que eu iria encontrar um cara que me fizesse bem em um hospital. Que ele fosse um médico que me desse a noticia que eu estava com câncer. Que ele já tivesse uma filha e que até perdeu a sua mulher. E que ele fosse tão fofo e que cuidasse tanto de mim.

E eu não acredito que o Justin cuide assim de mim apenas porque eu estou doente. Eu consigo imaginar muito que ele cuidou também da Tasha, mesmo ela não ter morrido de câncer e não ter tido em nenhum momento esses tipos de doenças. Mas Justin me parece o tipo de cara cavalheiro que dá a vida pela pessoa que ama.

Eu nunca imaginei que iria me envolver com alguém assim. E desse jeito. Com toda essa história.

É, exatamente, devemos esperar o inesperado. A vida nos surpreende.

Mesmo que no meu caso seja por alguns motivos ruins. Eu poderia ser uma pessoa saudável, sem ter validade de morte prevista, não é mesmo? Eu poderia ter sido uma Tasha para o Justin. Mas a parte de que ela partiu.

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora