capítulo 52- Reconciliação

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''Sabe por que eu te quero? Eu não sabia que estava perdido até que você me encontrou. Não sabia que estava sozinho até a primeira noite em que passei na minha cama sem você. Você é a única coisa certa na minha vida. Você é o que eu sempre esperei.''

POV. Justin Bieber

Existem algumas coisas em nossas vidas que podemos enxergar o lado bom e o lado ruim da situação. É terrível quando conseguimos enxergar o lado ruim, apesar de que eu acredito que seja ainda pior quando não conseguimos.

Toda situação há dois lados, mesmo que a gente saiba que ambos existem e não conseguimos reconhecer, mas acredite: existe.

Eu entrei cedo na faculdade de Medicina, me formei ainda mais cedo do que outros homens da minha idade. Com 20 anos eu passava madrugadas com a cara no livros, enquanto outros homens passavam noites em boates bebendo todas e pegando todas também. Mas eu consegui estágio no maior e melhor hospital de Nova York pelas minhas notas, e junto disso eu tive a oportunidade de conhecer a Tasha. Conhecendo a Tasha, nos apaixonamos. Todo casal passa por crises, mesmo quando brigávamos e eu dizia que não ia mais atrás dela, eu ia porque a amava. Mesmo tendo milhares de lados ruins, houveram mais lados bons nisso tudo. Nos casamos e tivemos a Mandy. Não era a hora, éramos novos demais mas, não reclamo, ela é a princesa da minha vida. Nossa vida continuou como de todos os casais: tendo crises alguns dias da semana mas a noite acabamos em uma cama fazendo amor.

Então, Tasha me trouxe outra felicidade: a noticia que estava esperando mais um bebê. Mandy ainda era pequena, mas, me recordo de quando contamos pra ela e mesmo sem ela entender, ela ficou completamente feliz e deslumbrada de saber que ela também já havia ficado na barriga de Tasha.

Mas, mesmo que o mundo não seja um mar de rosas, eu preferia que a vida, o destino, Deus ou o que seja tivesse feito qualquer coisa, menos ter autorizado aquele acidente. Um acidente onde trouxe a morte da minha falecida e do bebê que ela esperava, me deixando nesse mundo com o dever de cuidar de Mandy.

Não que cuidar dela fosse uma obrigação, longe disso, ela é tudo na minha vida, mas durante um ou dois anos eu olhava pra aquela garotinha de cabelos loiros e olhos idênticos a Tasha e eu só conseguia lembrar que se não fosse a discussão daquela noite, se eu tivesse prestado mais atenção no volante nada disso teria acontecido. Mandy me lembrava todos os dias que eu havia matado a minha mulher e o meu filho, mesmo sem dizer nada, apenas me olhando com lágrimas nos olhos ela me recordava todos os segundos sobre a noite do acidente e junto disso, alimentar a culpa que eu guardava dentro de mim.

Mas como eu disse, há coisas ruins nas nossas vidas sim, mas há coisas boas. Katharine Moore pode ser considerado a melhor coisa que aconteceu desde quando eu perdi Tasha.

Era um dia tão normal de trabalho, eu me recordo de poucos detalhes da hora que eu acordei, deixei Mandy no colégio e fui para o hospital até porque a minha rotina raramente saia daquilo, mas me lembro de ter chamado pelo nome de Kath naquele corredor de hospital com diversos pacientes a espera e ter visto aquela menina se levantar um tanto quanto abalada e em seguida, entrarmos na minha sala. Me lembro da sensação de olhar cada detalhe do seu exame e ver que uma garota tão nova, que tinha uma vida brilhante pela frente estava com câncer cerebral e que podia morrer a qualquer instante, mas pior do que isso: ela não sabia. E pior do que ela não saber era que eu estava encarregado de lhe dar essa notícia.

Mas os olhos claros e o cabelo loiros de Kath só me fizeram lembrar em como ela parecia com Mandy. Em como elas eram parecidas mesmo com a diferença de idade e houve tantas outras coisas que eu notei nela que por alguns segundos eu perdi a coragem, pela primeira vez em anos trabalhando na área da Medicina eu perdi a coragem de dar uma notícia como aquela.

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora