POV. Katharine Moore
Quando você passa a maior parte do seu tempo sozinha ou com pouca companhia, quando seus amigos, familiares e pessoas que você sente algo muito forte se juntam, sem dúvidas aqueles momentos se tornam marcantes em sua vida. Momentos diferentes, fora da rotina, onde você esquece de qualquer doença, qualquer perigo e a cada gargalhada que ecoa pelo ambiente parece que você transborda saúde e que viverá por mais 90 anos. Eu me sentia assim, um dia diferente onde mamãe, Justin, Emilly, Charles e Mandy estavam ao redor da minha cama desde a hora que eu acordei, e naquele momento o relógio já marcavam 20h, porém, parecia que as conversas nunca tinham fim.
Relembramos de momentos hilários como quando mamãe fez um jantar pra eu conhecer Charles e acabei chamando Justin, que trouxe Mandy. Ou quando Emilly caiu na escadaria da Universidade na frente do menino que ela estava interessada. Quando a gasolina da mamãe acabou no meio de uma avenida enorme e eu tive que empurrar seu carro. Todos momentos engraçados que, mesmo que algumas pessoas não estivessem junto pra compartilhar, riam até doer a barriga. E toda vez que o assunto acabava sobre a minha doença ou algo trágico sobre isso, alguém pulava e contava outra coisa, como se eu estando ali não fosse problema, como se aquilo realmente estava prestes a passar.
Faltavam 10 dias para o ultimo pré-natal antes de Ethan nascer, que estava previsto pra daqui 20 dias. A minha barriga crescia a cada dia mais e eu me sentia enorme, como se estivesse comido duas melancias inteira.
Enquanto mamãe contava sobre mais alguma coisa, pude avistar Peter abrir a porta devagar e Justin virou as costas, olhando pra ele. Peter fez um sinal com a mão e Justin assentiu, se levantando da cadeira que estava na minha frente e sem interromper o que a minha mãe dizia, ele se retirou da sala. Eu engoli a seco quando a porta se fechou e pude sentir uma sensação estranha me atravessar, mamãe franziu a testa e perguntou diretamente pra mim:
- Kath? Querida? Está tudo bem?
Olhei todos ao meu redor e todos aqueles inúmeros pares de olhos me fitavam curiosos pra saber a resposta. Eu sorri forçado, assentindo.
- Está sim. – Respondi por fim, recebendo um sorriso em troca da mamãe que continuou a sua história que naquela altura do campeonato eu nem escutava.
Meus olhos ficou grudado naquela maldita porta até a mesma abrir novamente, depois de longos 15 minutos que pareceu mais uma eternidade. Olhei pra mão de Justin pra ver se ele segurava algum envelope de exame ou qualquer coisa que pudesse acabar com aquele dia, mas as suas mãos estavam vagas. Assim que todos perceberam o meu olhar pra porta, se viraram e viu Justin parado na mesma.
- Er, então... Kath, tem uma pessoa que veio te visitar. – Ele disse, coçando a nuca.
- Me visitar? – Perguntei, arregalando os olhos. – Quem seria?
- Olha... Eu não sei se é bom, não sei se vai te fazer bem... – Justin dizia preocupado, franzindo a testa.
- Quem é? – Minha mãe perguntou.
Justin a fitou e torceu a boca, soltando um suspiro.
- Não há ninguém que possa me fazer mal, Justin. Deixe a pessoa entrar!
Justin olhou pra minha mãe pra ver se ela obtinha alguma resposta ao contrário da minha, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa, eu repeti:
- Deixe-a entrar, amor! – Falei entre os dentes.
Deus, a minha mãe não manda em mim. Eu sei o que é melhor pra mim.
Justin assentiu, dando as costas e abrindo a porta. Ele disse alguma coisa pra pessoa que estava ao lado de fora e em instantes, deu espaço pra que a mesma entrasse. Quando os meus olhos bateram nela, eu senti algo muito forte percorrer todo o meu corpo e a minha garganta se fechou em instantes, a minha visão embaçou imediatamente e eu sabia que estava prestes a chorar.
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Flatline // J.B
FanficPorque a vida pode te tirar todos os planos que voce criou durante anos e te dar uma data prevista da sua partida atraves de uma doenca cerebral, mas eu parei de ver o lado ruim das coisas a partir da hora que eu ignorei cada segundo que se passava...