16- Exames

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POV. Katharine Moore

Graças ao Justin o meu dia já havia começado um pouco quanto turbulento. Eu estava deitada em uma cama de hospital fazendo milhares de exames enquanto sentia algumas agulhadas na minha veia e um médico que eu não conhecia - mas o Justin parecia conhecer - passava um gel na minha barriga em direção ao seio.

Ele fez isso no meu corpo todo pra descobrir se havia outro vestígio de câncer além da minha cabeça, mas até então eu não sabia de nada já que o resultado sairia na parte da tarde do dia seguinte.

Assim que eu terminei todos os exames, sai da sala um pouco atordoada por ter ficado deitada por horas. Justin me esperava no corredor e era até engraçado vê-lo naquele hospital sem o seu famoso jaleco.

- Obrigado Piter. - Justin disse ao médico que me acompanhou nos exames.

- Magina, Justin. - Eles deram um aperto de mão. - Amanhã você trabalha?

- Sim.

- Ótimo, então eu mesmo te entrego os exames da senhorita Katharine, pode ser?

- Claro! - Justin disse, abrindo um pequeno sorriso.

Agradeci ao Piter e sai do hospital junto com o Justin, em direção ao automóvel.

Justin destravou as portas e entramos no próprio, fechando a porta. Em silencio, ele ligou o carro e saiu do estacionamento em direção as ruas de Nova York.

- Vamos almoçar em algum lugar? - Ele perguntou tendo o seu olhar preso no transito.

- Pode ser, estou com fome. - Falei, relaxando o meu corpo no banco do carro.

Justin assentiu.

O caminho todo fomos em silencio. Eu não sei porque, é até engraçado, mas eu estava realmente com medo do resultado dos exames. Eu não tive mais sintomas tão fortes dos que eu já previa ter, a chance de ter aumentado mais cânceres pelo meu corpo eram pequenas já que Piter conseguiu fazer mamografia, radiografia e todos os exames onde mostrava e ele não encontrou nada, não por enquanto. O resultado sairia amanhã, mas enquanto eu não tivesse certeza da minha saúde, eu sentia que o meu nervosismo iria me deixar um tanto quanto irritada.

É, pra quem negava fazer qualquer tratamento e estava preparada pra morte, agora, nessa altura do campeonato eu estava um tanto quanto mudada.

E eu não entendia o porque dessa mudança radical e repentina.

Justin estacionou na frente de um restaurante e desligou o carro, mas, nem se quer se moveu a mão pra abrir a porta. Eu fiquei intacta no mesmo lugar olhando pra ele que tinha seu olhar preso ao volante.

- Justin? - Sussurrei.

Ele demorou alguns segundos pra me fitar, mas quando ele virou o seu rosto em direção ao meu, ele tinha um semblante triste.

Eu tinha quase certeza que ele também estava sentindo o mesmo medo que o meu.

Ele não disse nada, mas eu acho que também não precisava. Os suspiros pesado, o clima silencioso e o nosso olhar tristonho diziam muitas coisas, mais do que as palavras.

Estiquei o meu braço e levei até a sua nuca, passando a minha unha carinhosamente naquele local. Justin abaixou o olhar, em seguida, voltando a me olhar, e em um impulso ele me abraçou forte.

Eu senti vontade de chorar. Muita vontade. Pela primeira vez eu estava com medo de deixa-lo. Era certo mesmo continuar ao lado dele depois de saber que ele perdeu uma mulher que tanto amava e que a chance de eu também partir e ele me perder era grande? Céus, se o Justin sofresse por minha causa, o mínimo que seja, eu nunca me perdoaria, mesmo morta, eu nunca jamais me perdoaria.

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora