capítulo 73- Merry Christmas!

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“No meio dessa bagunça toda, você é a coisa mais bonita. Não estou pedindo que seja meu pertence, peço algo bem mais complicado. Talvez bem difícil no começo. Peço que fique.”

POV. Katharine Moore

A minha cabeça doía. Eu podia sentir o gosto amargo em meus lábios e no fundo o barulhinho irritante dos aparelhos.

Eu não havia morrido?

Abri os meus olhos com dificuldade, notando que eu estava em um quarto totalmente diferente do que eu costumava ficar. As luzes azuis ardiam os meus olhos, por mais fraca que elas sejam. Eu estava dentro de um tubo e quando fui mexer o meu corpo devagar, senti milhares de fios expostos por cada parte de mim.

O que estava acontecendo?

Virei a minha cabeça para o lado esquerdo, então, tive a visão completa do tubo que era de vidro, o que dava pra eu enxergar tudo o que acontecia ao lado de fora. Os meus olhos começaram a procurar algum ser humano que tivesse naquele quarto, eu não queria imaginar que eu pudesse estar ali sozinha. Virei o meu pescoço pro lado direito e então, encontrei dois homens vestidos de jalecos. Um alivio tomou conta de mim quando reconheci um deles imediatamente: Justin.

Ele conversava atento com Peter, o outro médico que pude reconhecer ao lado de Justin. Eles não haviam notado que eu estava acordada, os olhares de ambos corriam pelos aparelhos que não paravam de apitar, mas, não olhavam pra mim.

Levantei um dos meus braços com dificuldade, olhando a minha mão que estava inchada e cheia de fios. No mesmo instante pude sentir uma dorzinha aguda se dar em todo o meu braço, começando desce a coluna até a minha unha da mão, então, soltei um gemido baixo e voltei a apoiar o braço no tubo que o meu corpo todo estava deitado, olhando pra Justin e vendo que finalmente o seu olhar estava sob eu.

Eu podia enxergar em seu olhar que nada estava bem, mas assim que ele percebeu que eu lhe fitava, um sorriso apareceu em seus lábios. Ele andou até o final do tubo, puxando a parte onde eu estava deitada e me tirando de lá de dentro. Ainda deitada, ele parou o meu corpo ao seu lado e eu pude enxerga-lo ao todo de pé ao meu lado esquerdo.

- Baby. – Ele sussurrou. – Como se sente?

- O que aconteceu? – Perguntei, sentindo a minha voz sair falhada.

- Estamos fazendo alguns exames. – Ele disse. – Você está bem?

- Meu corpo dói um pouco. – Respondi, torcendo a boca.

Justin olhou pra Peter imediatamente e eu tive certeza que ambos fizeram troca de olhares, mas, ele logo voltou a me olhar. Franzi a testa sem entender, Justin logo percebeu e sorriu de lado.

- Está tudo bem. – Ele disse. – Está tudo bem, Kath.

- Mesmo? – Perguntei desconfiada. – O bebê está bem?

- Sim amor, o bebê está ótimo. – Ele disse.

- Só ele? E como eu estou?

- Você... você está bem, baby. – Ele sorriu. – Você confia em mim?

- Sim. – Respondi, relaxando os meus músculos.

Justin sorriu como resposta, esticando o seu braço e passando a ponta dos seus dedos pela minha testa.

- Mais 5 minutinhos e voltaremos para o quarto, ok? – Ele disse e eu assenti.

Então ele empurrou novamente a cama que eu estava deitada pra dentro do tubo, voltando a andar ao lado de Peter. Ele me fitou por alguns segundos, mas depois continuou a conversar com Peter algo que eu não conseguia se quer escutar. Olhei para o teto daquele quarto que tinha pouquíssima iluminação e devagar, comecei a levar minha mão até a minha barriga. Assim que os meus dedos tocaram a mesma, senti o bebê chutar em instantes e um sorriso enorme brotar nos meus lábios.

Sim, tudo estava bem. Ele estava ali, ele estava ali comigo.

Só com a minha mão esquerda, comecei a brincar devagar com os meus dedos sob a barriga, sentindo de vez em quando o bebê chutar. O meu olhar ainda estava no teto daquele quarto que eu notava cada detalhe – que não havia muito -. Eu ainda podia sentir a minha boca com um gosto ruim e o meu corpo com algumas partes doloridas, mas cada vez que meu filho chutava e eu podia sentir seu pezinho quase entrar em contato com as minhas mãos, eu sorria.

Aquela era a melhor sensação de todas.

Minha atenção em todos aqueles detalhes logo acabou quando escutei a voz de Justin, então, ele novamente puxou a minha cama pra fora do tubo. Assim que os nossos olhares se deram de encontro, ele sorriu ao me ver sorrir.

- O que há de tão lindo, amor? – Ele perguntou curioso.

- O bebê está chutando. – Eu disse e ele assentiu, esticando o braço e colocando a mão sob a minha barriga, então, mais uma vez, o bebê chutou. – Ele está animado. – Eu disse e Justin riu, balançando a cabeça positivamente.

- Sim! – Ele disse animado. – Já consigo imaginar ele correndo pela casa.

Eu ri, sentindo Peter se aproximar do meu outro lado.

- Olá Kath. – Ele disse. – Está preparada pra voltar para o quarto?

- Olha... – Mordi minha boca. – Pra ser sincera eu queria ir embora pra casa.

Ele riu fraco, assentindo.

- Eu entendo, mas infelizmente você vai ter que ficar mais um pouco no hospital pra ser observada. – Ele dizia com tanta calma que eu era capaz de entender.

- Tudo bem... – Sussurrei. – Não há nada a se fazer.

Peter continuou me olhando, porém, mais nada se foi dito. Olhei pra Justin que soltou um suspiro pesado e assentiu.

- Amor, tem como você entrelaçar seu braço no meu pescoço? – Ele perguntou. – Vamos te colocar de volta na cama.

- Essa não é a minha cama? – Perguntei, franzindo a testa. Eles riram.

- Não, essa é a cama do equipamento baby. – Ele disse e eu assenti, esticando meus dois braços.

Assim que eu fiz aquilo, a mesma dor que eu havia sentido quando estiquei meu braço dentro do tubo, eu senti mais uma vez. A dor aguda e irritante. Soltei um gemido baixo e Justin se assustou, me olhando de olhos arregalados.

- Está tudo bem? – Ele perguntou e eu assenti, tentando mexer meu pulso.

- Está dolorido. – Falei, soltando um gemido.

Justin esticou seu braço, segurando o meu pulso e com cuidado colocando em volta do seu pescoço. Ele levantou meu tronco e eu deitei a minha cabeça no seu peito, fechando os olhos. Então, ele entrelaçou seu braço em volta do meu corpo e me levantou, me levando até a outra cama.

Assim que eu deitei todo o meu corpo na cama, abri os olhos e tentei me relaxar da melhor maneira. Justin puxou o lençol pra que cobrisse todo o meu corpo e então, Peter abriu a porta do quarto, fechei meus olhos rapidamente sentindo a cama começar a andar com a ajuda de Justin, saindo em direção ao corredor.

- Vamos leva-la para o quarto? – Peter disse enquanto ajudava Justin a puxar a cama.

- Sim, acho que tem gente esperando por ela lá. – Ele disse e eu abri meus olhos, fitando-o.

- Tem? – Perguntei, franzindo a testa.

- Sim amor. – Ele sorriu. – Você sabe que dia que é hoje?

- Não. – Respondi, tentando pensar que dia era. – Que dia é?

Justin riu fraco, parando a cama na frente de uma porta, então, ele abriu a mesma. Peter lhe ajudou a colocar a cama dentro do quarto e assim que eu entrei totalmente, levantei o meu pescoço pra olhar quem me esperava. Lá estava mamãe, Charles e Mandy. Havia uma mesa no centro do quarto com várias comidas e uma toalha vermelha, o cheiro estava maravilhoso. Havia uma arvore de natal pequena exposta no canto do quarto com algumas luzes coloridas, e em seguida, todos do quarto gritaram:

- FELIZ NATAL, KATH!

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora